Mini Barcelona Tour

25 de julho de 2004

A Catedral:

Construção gótica levantada sobre a planta de um templo romano e uma mesquita, tem 28 capelas em torno da nave central. Destaca-se a capela românica de Santa Llúcia, o coro e a cripta, onde está enterrada Santa Eulália (1339), Patrona da Cidade.




Sagrada Família:
Obra emblemática de Barcelona, projectada por Villar em 1882, mas remodelada e criada por Antonio Gaudí.
Casa Milà (A Pedreira)

Crónicas Barcelonistas 20 – Piratas aéreos

24 de julho de 2004

O ambiente no avião estava bastante calmo, eu e o Nuno pedimos à hospedeira uma almofada para encostar a cabeça na esperança que ela metesse conversa, mas está quieto, era uma carrancuda do caraças, tive mesmo que pegar na almofada e preparar-me para passar pelas brasas até chegarem as sandochas da praxe na hora do lanche da TAP. Estávamos já aconchegados e preparados para mais uma viagem de Lisboa para Barcelona quando entramram ainda mais uns passageiros. Dois deles tinham um ar bastante suspeito e ameaçador e foram sentar-se mesmo na fila à nossa frente. Eu e o Nuno olhamos um para o outro com cara de desconfiados. “Hummm... acho que não deveríamos ter vindo neste voo” - disse o Nuno, - “algo me diz que isto não vai correr nada bem”. Bem mas o que é que haviamos de fazer, sair do avião quando este estava quase a arrancar, lá vontade não faltou. Lá nos tentamos descontrair, mas nunca mais fui capaz de tirar os olhos de tão sinistras figuras. Então lá levantou voo o avião, e as nossas piores suspeitas concretizaram-se, tinha-mos de facto 2 terroristas a bordo, tudo aconteceu num instante, nem deu para ter qualquer reacção, mal o avião levantou as rodas do chão o ataque terrorista começou. O primeiro sinal foi uma enorme berraria que se fez ouvir pelo avião todo. Dois putos de mais ou menos 3 anos que se tinham sentado mesmo á nossa frente começaram a berrar e gesticular freneticamente de uma tal forma que nem as respectivas progenitoras e nem mesmo as hospedeiras conseguiram acalmar os seus ânimos. Nem mesmo uns livritos para pintarem que uma das hospedeira ofereceu os acalmou, Alguns segundo depois já os livros se encontravam a voar pelo avião a fora. De quando em vez emitiam uma olhar ameaçador na minha direcção e eu tremia de cima a baixo. Lá desviava o olhar tentando fazer contas que o que se estava a passar no avião era a coisa mais normal deste mundo, tentando desta forma disfarçar os meus medos mais profundos. Enquanto isto os bancos do avião começavam a ser literalmente demolidos, como se estivesse a ser atacado por 2 Gremlins que tinham estado recentemente em contacto com água. A mães lá iam tentando consertar os estragos mas estava a ser bastante difícil pois os miúdos parece que tinham mais braços que as mães, pareciam uns autênticos polvos. Enquanto recolocavam as coisa no lugar, lá iam fazendo uns sorrisos meio de orgulho, por tamanha energia demostrada dos seus rebentos, meio de vergonha por não estarem a conseguir mante-los debaixo de controlo. Bem mas lá pinta tinham os putos, aquilo foi de facto a viagem mais animada que já tive. Finalmente ao fim de algum tempo lá se foram acalmando pois as energias também não duram sempre, mesmo as pilhas Duracel acabam por se esgotar. Que chatice.... Aquilo até estava a ser divertido e sempre se pode dizer que foi uma viagem bem diferente do habitual, sim eu que me estou sempre a queixar da monotonia destes voos, lá emoção, aventura e efeitos especiais não faltaram.

Crónicas Barcelonistas 19 - Homens Estatua.

20 de julho de 2004

Nas passeatas que tenho feito pelas Ramblas umas das coisas que mais tenho encontrado por aqui são homens e mulheres estatuas. Não, não estou a falar de alantejanos que imigraram para Espanha e que estão a trabalhar por estas bandas, são simplesmente uns malucos que se colocam aqui pelas ruas, principalmente nas Ramblas, normalmente com o corpo completamente pintado a fazer de estátuas. Assim lá vão ganhando uns cobres sem fazer nada, simplesmente estando para ali especados. Há-os para todos gosto, a fazerem de Chekvara, de Fidel Castro, de Egípcio, de Morte, de Anjo, e de algumas figuras que por muito que puxemos pela carola não somos capazes de descobrir. Aquilo é preciso pachorra, estar ali umas porrada de horas parados só se mexendo quando se colocam umas moeditas na caixa que têm colocada à sua frente. Sim a maior parte destes homens estátua quando os turistas colocam a algum “pilim” nas caixas lá fazem uma habilidadezita. Alguns acenam, outros mexem-se freneticamente tentando assustar os transeuntes, outros fazem uma vénia, ou seja cada um puxa pela imaginação para tentar sacar umas massas.
No outro dia estava uma fulana a fazer de Egípcia, parada como... como... como uma estátua, claro. Mas raios partam não havia nenhum turista a querer largar o cacau para a eu ver o que é que esta mulher estátua faria para agradecer as moedas. Assim, e como estava com curiosidade em ver a fulana mexer-se, lá tive que ser eu a largar o guito. O problema é que só tinha 3 moedas no bolso, e todas elas pretas. Duas de 5 cêntimos e uma de 2 cêntimos. Bem mas mesmo assim arrisquei. Levei a mão fechada, com as moedas que tinha, até à caixa onde se colocavam as gratificações e atirei com a força e a convicção de quem está a atirar para a caixa umas 3 moedas de Euro ou mesmo mais. Então a fulana lá agradeceu, coitada mal sabia ela que só lá tinha posto 12 cêntimos, e lá fez una meia dúzia de gestos sensuais. “O quê só isto” - pensei eu. Mas pensando melhor o que eu estava à espera por 12 cêntimos, que ela se despisse? Bem, se eu tivesse a certeza que ela se despia por exemplo com 5 Euros até tinha largado uma notita pois a rapariga até que era geitosa.....
É verdade, lembrei-me agora, como tenho aí em Portugal umas moedas velhinhas de Escudo que já não valem nada, estou a pensar traze-las para aqui para gastar neste homens estátuas. Assim sempre terão alguma utilidade para mim e estes artistas sempre poderão guarda-las como recordação, não acham uma boa ideia?
Já comecei também a pensar meter-me eu neste negócio, sim, mas não pensem que era eu que ia fazer de estátua, isso é que era bom, para isso já basta o tempo que estou, aqui na Nestlé Espanha, especado em frente ao computador a fingir que percebo alguma coisa daquilo. Além disso como diz a minha mãe eu tenho bichos carpinteiros no corpo, mas de 15 minutos no parado no mesmo local davam comigo em doido, principalmente agora com o calor, só se fosse parado a roncar numa praia, ou então a fazer de estátua numa esplanada com uma cervejola na mão e com movimentos
elevatórios do braço e mão de quando em vez. Neste último caso o problema era que o dinheiro que ganhasse dos turistas não chegava para as cervejas. Bem mas voltando à minha ideia do negócio. Era assim: Na madrugada colocava um manequim de plástico, daqueles das montras das lojas, a fazer de homem estátua. Todo pintado e maquilhado a imitar uma figura qualquer mundialmente famosa, por exemplo a Lili Caneças. Não essa não que era difícil arranjar um manequim assim tão feio. Mas poderia ser do Durão Barroso por exemplo, agora que ele é um peixe... perdão uma figura Europeia. Colocava o manequim/estátua numa das ruas mais movimentadas e turísticas de Barcelona e depois ia buscar o dinheiro e o manequim/estátua à noite. Mesmo que não tivesse muitas moedas tb não havia problema, o trabalho também não era muito. Mas perguntam vocês seus descrentes “Mas e os turistas não desconfiariam de ver um homem estátua tanto tempo parado sem se mexer”. Mas vejam bem: 1º - O realismo seria grande porque o Durão Barroso na vida real também não faz nada, como é habito em qualquer político Português. 2º - O facto de estar tão quietinho até poderia impressionar, estou mesmo já a ver os putos a dizerem. “Ena.. mãe aquele ali não se mexe nem um milímetro, aquilo é que é um verdadeiro profissional”. De qualquer maneira se o pessoal começasse a desconfiar que estava muito parado, poderia sempre colocar um gato vivo dentro do manequim, quando o calor começasse a apertar iam ver se o manequim não se mexia, neste caso o único problema era o miar do gato, mas assim em vez do nosso Durão Barroso podia disfarçar o manequim com uma farpela daquelas do espectáculo da Brodhay, do CATS. O manequim teria é que ficar bem preso ao chão para aguentar os abanões do gato.
Bem agora não me estraguem o negocio e não comecem a divulgar esta cena, senão ainda vou ter problemas com a sociedade protectora de animais espanhola antes de poder fazer alguns cobres.

Dialogos - Tugas in Spain

18 de julho de 2004

Exercicio:
Vamos lá a ver se aprenderam bem as palavras que vos ensinei no dicionário Tuga <> Castelhano
Um casal de recém namorados Tugas está de férias em Espanha e resolve ir a um Restaurante, ao sentarem-se à mesa o namorado repara que por acaso ainda não tinham colocado os talheres na mesa e resolve fazer um brilharete frente à namorada:

Tuga (ele) - Los "talheres" por favori.
Empregado - No, aquí es un restaurante no es un taller, para reparar su coche es mejor ir a la tienda que queda mismo aquí al lado que es un taller.
Tuga (ele) - Eu sei que aqui és un restaurante, mas não tiem niem um tallere? Mas que riaio de restaurante é este? - nisto vira-se para a namorada e diz-lhe baixinho - Será que nos mandou simplesmente esperar um coche enquanto lavam os talheres ou coisa assim?
Tuga (ela) - Se calhar – diz ela também baixinho.
Tuga (ele) - O.k., nós espieramos um coche pelos talheres.
Empregado - Como? Están esperando un rato enquanto lo vuestro coche queda pronto en la taller allí del lado?
Tuga (ela) - Aiiii um rato ... onde – grita a namorada colocando-se de pé em cima da cadeira e tombando para o chão o fraco de molho de tomate que estava em cima da mesa.
Empregado - Pronto ahora umbaron a salsa.
Tuga (ele) - Não a minhia namoradia não estia a dançiar salsa, esta com miedo do rato.
Empregado - Sim pero puede esperar um rato sentada, no era preciso partir la botelha de salsa.
Tuga (ele) - O que é que o meu avô, o Sr. Botelho é para aqui chamiado, ele niem dançava salsa, e além disso era muito homem não esteja para ai a chama-lo de Botelha.
Empregado – Pronto, no hay infortunio voy a buscar otra botelha de salsa. – disse o Empregado de forma a tentar acalmar os ânimos.
Tuga (ele) – E ele a dar-lhe hem, o que é que o meu avô tem a vier com a salsa?
Tuga (ela) – Desculpem ter-me assustado, agora fico embaraçada. – Diz entretanto a rapariga depois de ter descido finalmente da cadeira para o chão e após ter verificado que não existia nenhum rato por perto..
Empregado – Está embarazada señoraita? Mis felicidades, e al señor también. Voy a buscar una copa de Cava para conmemorar. Esperen un ratito. – e afastou-se para ir buscar a cava.
Tuga (ele) – Estes Espanhois são doidos – disse o rapaz após o empregado se ter afastado. – Vamos dar mas é dar o cava daqui para fora.

Dicionário <> Tuga - Castelhano (3)

17 de julho de 2004







Castelhano: Taller
Tuga: Oficina mecânica
Confundir uns simples talheres com uma oficina só mesmo nossos ermanos.

Castelhano: Rato
Tuga: Período curto de tempo. “Espere un rato” significa, espere um momento.
- Ainda bem que aprendi esta se não algum dia ainda pensava que o pessoal tinha alguma tara por ratos, sempre à espera deles.
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Castelhano: Coche
Tuga: Carro
- Aqui pelos visto não evoluíram continuam a andar de coche.

Castelhano: Cava
Tuga: Espumante local
- Cava é um espumante local que segundo os modestos catalãos é melhor que Champanhe. Portanto, se vos oferecerem uma Cava não vos estão a convidar para cavar batatas. E até que não é mauzito aquilo da Cava, geladinha marcha que é uma maravilha.

Castelhano: Embarazar
Tuga: Engravidar.
Por exemplo se a Carmen estiver grávida diz-se. “Carmen está embarazada”. Neste caso fica a Carmen embarazada e o namorado que pensava que ela andava a tomar a pílula.

Crónicas Barcelonistas 18 - Reuniões e Salsa

15 de julho de 2004

Raios partam, isto. Agora já nem me dão tempo para navegar na net. O raio dos espanhóis lá começaram a ver que estava na hora de eu começar a bulir e agora não me largam a berguilha. Estão sempre a pedir-me coisas. Mas eu vim aqui para descansar ou para trabalhar.. É verdade vim para trabalhar, que chatice. As reuniões é que são muito chatas, no outro dia numa reunião quase que caia de sono duma cadeira abaixo. De tanto falarem e discutirem um determinado assunto lá arrastaram a reunião de uma forma interminável. Era só pontos e contrapontos e recontrapontos, irra... primeiro que se decidissem sobre um assunto, e eu a ver as horas a passarem. Uma reunião que era para ser de uma meia horazita, tinham eles dito, já ia em 2 horas e tal. Dava vontade de dar um murro na mesa e dizer “Decidam-se que quero ir para a minha aula de Salsa.
Sim é verdade comecei umas aulitas de salsa também aqui na capital da Catalunha. Vocês devem pensar que com tantas aulas, eu já estou um “expert” em Salsa, mas não pensem nisso, tenho é que arranjar com que me entreter por aqui. É que se não arranjo algo que ir fazendo estamos todos lixados. Sim, eu e vocês.
- Eu porque meto-me aqui na loja da Fnac, e é claro que cada vez que lá tem a carteira um ataque de esvaziamento agudo, e infelizmente as facturas da Fnac não dão para apresentar como despesa nem na Nestlé nem no IRS.
- Vocês porque se não me vou entretendo com outras coisa ainda recebem mais crónicas, e vocês também não assim tão maus como isso, já chega uma cróniquita de vez enquanto. Estou mesmo a ver os leitores deste periódico de periodicidade oscilante a dizer uns para os outros – “Mas aquele gajo não arranja nada que fazer, é que já estou farto das crónicas, e o problemas é que temos que dizer que as lemos para o gajo não chatear”. - Sim senhora que ricos amigos que fui arranjar.
Mas voltando às aulas de Salsa aqui de Barcelona. Depois de consultar uma série de escolas, lá optei por uma escola cuja professora me pareceu a mais jeitosa.. Não, não é isso, suas mentes depravadas, pareceu-me que dançava bem, ou seja era jeitosa a dançar. Levam tudo para o mal, um verdadeiro profissional da dança não se deixa influenciar por essas coisas.
Assim lá comecei “las” aulitas. Um curso intensivo de verão. Como era um curso de verão ainda pensei que as fulanas fossem para as aulas de bikini, mas infelizmente não é assim, ora bolas. Primeiro fui fazer um testes para ver as minhas aptidões e verificar qual o nível para o qual deveria entrar. A professora não resistiu ao meu encanto e colocaram-me num nível um pouco mais avançado para os meus parcos conhecimentos da coisa. E a coisa está a ser bastante difícil, nem queiram saber. É cada passo mais complicado que qualquer dia ainda saio disparado pela janela da sala de aulas a tentar fazer algum dos passos. Sim, e o pior é que as aulas são num 1º andar. “Que pena não ser um 9º andar” estão para aí vocês já a pensar. É o que eu digo, ricos amigos.
Cada vez que saio das aulas parece que levei uma tareia. Quando eu me meti nisto da dança era para conhecer outras pessoas (gajas) e não para andar aqui a suar que nem um cão, enfim, o que uma pessoa faz em prol da arte.
No outro dia por causa de mais uma reunião lá perdi eu uma aula, quando cheguei já a aula estava quase a acabar, assim mandaram-me ir no dia seguinte a uma aula de uma outra turma. No dia seguinte, Infelizmente houve uma falta de raparigas que foi uma coisa doida, acho que tinham ido todas no dia anterior ao saber que eu estava lá, mas coitadas devem ter ficado desoladas pelo facto de eu ter faltado.
Como havia falta de elementos femininos na aula o professor teve que fazer os passos de mulher. Ou seja tive que dançar com o professor, eu e os outros rapazes da turma. Nunca pensei que viesse a chegar tão baixo. O que vale é que estas contingências, contratempos e adversidades são todas atenuadas pelo prazer que me dá olhar para o cartão de utente da escola, leiam bem e chorem de inveja, resolveram colocar no cartão o seguinte nome: Luis Da Silva. Digam lá que não tem estilo, ou seja lá estilo tenho eu falta-me é jeito, mas enfim não se pode ter tudo nesta vida.

Dicionário <> Tuga - Castelhano (2)

13 de julho de 2004








Castelhano: Borrar
Tuga: Apagar
- Imaginem uma moça espanhola que cuide de crianças portuguesas na seguinte situação: Um dos miúdos resolve começar a escrever numas das paredes com uma caneta de filtro. Nisto a moça vira-se para o puto e diz - Ninhõ, qiuero essa pariede toda “borrada” imediatamente...

Castelhano: Experto
Tuga: É a pessoa especialista num determinado assunto.
- Esta é engraçada, pois aplicasse muito aí em Portugal, há para ai cada “experto”.... Bem deixem estar que aqui deve ser o mesmo. É que aqui para além de serem “expertos” são espanhóis que ainda é pior...

Castelhano: Vaso
Tuga: Copo
- Este pessoal aquí bebe bem hem. Não se contentam com uma cervejita num copo têm que ser num vazo...

Crónicas Barcelonistas 17 – Splashhh finalmente

8 de julho de 2004

No outro dia lá iniciei eu as minhas idas à piscina aqui em Barcelona. Quando cheguei no primeiro dia as meninas da recepção reconheceram-me da semana anterior, altura em que me fui inscrever. Olharam para mim e disseram em catalão qualquer coisa entre elas quando entrei à porta, o que é que terão dito:
- Olha é aquele borracho Português que esteve aqui na semana passada a inscrever-se.
Ou
- Olha é o Português que têm a mania que fala espanhol.
Depois de pedir “instruciones” às chicas catalãs da recepção sobre os pormenores da utilização da Piscina, lá entrei. Claro que as fulanas disseram que me acompanhavam aos balneários para me explicar tudo bem, mas eu achei melhor não. Coooff coofff, é pá esta maldita tosse continua , tenho de deixar de fumar.
Entrei por um corredor que ficava em frente á recepção e do lado esquerdo lá estavam os balneários, entrei, despi-me e preparei-me para ir em fato de banho colocar no cacifo os meus preciosos valores. Mas de repente reparei numa coisa, os cacifos ficavam no corredor fora dos balneários, mesmo em frente à recepção. Então agora vou em cuecas, perdão em calção de banho para o corredor com toda gente da recepção a ver? Mas este pessoal aqui é “voyeur“ ou quê? Bem o melhor era esperar que algum utente catalão fosse até ao cacifo para eu verificar como é que ele se desenrascava. Mas claro nestas ocasiões nunca as coisas correm como nos queremos, assim tive que esperar ai uns 10 minutos até que alguém fosse aos cacifos. Até parecia que o pessoal que estava no balneário comigo estava à espera de ver como é que eu me ia desenrascava. Estou mesmo a ver os gajos a falarem em catalão para eu não perceber.
- Olha un Tuga maçarico aqui na piscina, vamos lá a ver como é que este se desenrasca com os cacifos, hehehehe.
Para fazer tempo lá fui lendo todos os placares de informação e intrusões de utilização da piscina que estavam afixados nas paredes, tendo inclusive aqueles que só havia em catalão. Bem, ler é uma força de expressão, foi mais olhar para os placares pois aquilo em catalão é um pouco complicado. Então finalmente lá foi um aos cacifos, devem ter pensado “bem este Tuga é ainda mais teimoso que nós”. Atou a toalha à volta da cintura e pronto, já está. Bem, lá fiz o mesmo. Mas assim seria tecnicamente impossível deixar a toalha no cacifo como estava a pensar. Enfim, lá tirei a toalha da mochila e lá fui colocar as coisas no cacifo tentando não olhar para a recepção onde de certeza absoluta estava uma “riesmas” de chicas à espera de me verem aparecer.
Coloquei os 2 Euros necessários para fechar o cacifo e pronto, ai vai ele, preparado para meter água....
Já na piscina e no meio das braçadas fui analisando as instalações à minha volta. Ao lado da piscina principal existia uma piscina mais pequena onde existiam uns jactos de água e uns jacuzis. Durante o período em que estive
a nadar verifiquei que alguns utentes permaneceram sempre no jacuzi, nem uma braçada foram dar. Ora ai está uma boa forma de fazer natação e exercício, para a próxima acho que vou experimentar aquele estilo, é que deve cansar menos que nadar os estilos Crawl, Costas ou Bruços.

Crónicas Barcelonistas 16 – Ai meu querido Santo António

4 de julho de 2004

Tudo começou no Sábado de Santo António. Eu e um grupo de amigos da salsa lá nos encontramos para ver o primeiro Portugal Grécia. Aquilo começou mal, pois perdemos o jogo, e embora a nossa claque tenha estado muito ruidosa e entusiasmada, esse entusiasmo não passou para os jogadores da selecção Portuguesa. Se calhar por estarmos a uns 300 quilómetros do Estádio do Dragon onde decorreu o jogo. Estávamos na EXPO, no bar Havana, onde tínhamos ocupado 2 mesas em frete a uma televisão. Bem não era bem uma televisão, era uma écran gigante composto por 12 televisões normais, género puzzle de peças rectangulares já montadas. Esse facto tornava o visionamento do jogo algo estranho, de vez enquanto perdiamos o contacto com parte das jogadas. Quando os jogadores teimosamente resolviam atravessar o campo passando assim de uma televisão para outra, perdíamos momentaneamente a visão completa da jogada, muitas vezes não sabíamos se eram os jogadores que estavam a jogar mal ou se era culpa daquela maldita televisão.
Mas devia ser da televisão (aos quadradinhos), pois Portugal não joga assim tão mal. Aliás isso veio a comprovar-se em quase todos os jogos seguintes.
Acabado o Jogo e desanimados lá fomos para a noite de santo António, para afogar as mágoas da derrota Tuga. Primeiro fomos para um restaurante jantar uma sardinhada à maneira e buer uma bela duma sangria. Após a paparoca, e depois de termos quase sido corridos à vassourada do restaurante devido ao bom comportamento, lá fomos 11 manfios e manfias pela noite dos santos populares de Lisboa a dentro.
Mas desta noite de Santo António queria falar essencialmente duma ideia que foi surgindo durante a nossa peregrinação pelas ruelas do Castelo. Surgiu a espectacular ideia de abrir uma bancada do pessoal da salsa para as festas de Stº António do ano que vem. Ideias para vender cervejolas, pitéus e manjericos foram muitas, não sei se devido à imaginação fértil da malta se devido à inspiração divina do álcool hic...
Mas perguntarão vocês, que raio têm a salsa a ver com o Santo António. Perguntam bem, mas se lá tivessem estado, percebiam. É que durante a esta longa caminhada fomos ouvindo pelos becos e ruelas musicas como Samba, musica popular brasileira, musica latina, Rock, Havy Metal, musica Pimba, musica de tunas académicas, enfim quase tudo menos musica dos santos populares.
Assim, e com a ideia de abrir uma bancada de Santo António no ano que vêm ainda a germinar nas nossas cabeças, lá fomos continuando pelas ruas aproveitando para fazer um levantamento exaustivo das diferentes técnicas de marketing existentes nas bancada deste ano de forma a analisar onde poderíamos ser superiores à concorrência na nossa bancada no ano que vem. E o conceito da bancada de Salsa/Santo António lá se foi formando. Passo a fazer aqui um resumo das principais ideias que surgiram ao longo da noite para a barraca dos Salseiros:
A grande atracção da nossa bancada vai ser sem sombra de duvida a salsa. Vamos colocar demonstrações de Salsa durante toda a noite, irá estar sempre um par a dançar salsa e a ensinar uns passitos aos transeuntes. O pessoal que vier a passar pela bancada sempre irá parar para nos observar e sempre pode ser que compre umas cervejolas. Também inovador foi a ideia de 2 novas modalidades de salsa devidamente testadas durante essa noite. Não pensem que poderão roubar a patente pois já as registamos em nome da irmandade da Salsa, que para quem não sabe é o grupo de malucos que anda comigo nestas ensalsadas. Trata-se pois então da SalsoFado® e da PimboSalsa®. Um mimo, conforme já disse, foram já devidamente testadas e comprovadas em plena festas de Santo António deste ano. Trata-se de Salsa dançada ao som de faduchos e de musicas pimba, vão ser um megasucesso, vão ver.
Para sacar mais algum dinheiro vamos colocar algumas das nossas bailarinas a dançar com os transeuntes. Quem quiser dançar uma salsinha é só largar uns 10 Euros e têm direito a dançar com uma das raparigas da bancada, para dançar com os homens são também 10 Euros, claro, nós não fazemos discriminações sexuais, mas também é claro que se as candidatas à dança forem jeitosas até somos nós que pagamos os 10 Euros......Tudo em prole da divulgação salseira, o que os “homes” estão dispostos a fazer em prole da dança. No caso das raparigas existe mais uma clausula, que é, os 10 Euros é para aqueles que estiverem sóbrios, se tiverem bêbados e com mais de 0,5 graus de alcolémia serão mais 5 Euros adicionais por cada 0,1 graus a mais. É que somos muito respeitadores das leis rodoviárias.
Foram também já pensadas algumas técnicas espectaculares de venda de manjericos, assim:
- Cheiradelas de manjerico com a mão a 50 cêntimos - para as meninas encalhadas que queiram arranjar rapaz casadoiro. É só ir cheirar um dos nossos manjericos salseiros por apenas 1 Euro e garantimos que irá encontrar o rapaz (o home) da sua vida. É claro que tudo feito como deve ser , sim, quem cheirar terá direito a um certificado de garantia. Claro que em letras minúsculas e que ninguém conseguirá ler estará uma clausula que nos dará também a nós alguma segurança para o caso do milagre não funcionar a 100%. A clausula será “O efeito milagroso desta cheiradela poderá eventualmente só vir a ter efeito numa das suas próximas 10 reencarnações”.
O Slogan para vender estas cheiradelas de manjerico vai ser:
As velas do António
Já deram o que tinham a dar
Cheire aqui o nosso manjerico
E vai ver que vai desencalhar
Para além das cheiradelas iremos também ter à venda o produto genuíno, os próprios manjericos. Mas não serão uns manjericos quaisqueres, disso estão os santos populares cheios. Mas sim manjericos para todas as classes sociais, iremos ter:
- Manjericos para Ricos - 50 Euros
- Manjericos para Pobres - 2 Euros
- Manjericos para Ricos mas vendidos na candonga (às escondidas das autoridades fiscalizadoras) - 25 Euros
Os manjericos serão todos rigorosamente iguais, mas quando alguém quiser comprar um manjerico de 2 Euros, fazemos assim uma cara de como quem está a olhar para um pelintra que ele corre logo a comprar um manjerico para ricos, e se virmos que de facto que o comprador não têm posses para manjericos de gente rica, chamamo-lo à parte de traz da barraquita e mostramos-lhe os manjericos para ricos da candonga a metade do preço e já está. Vão ser um sucesso do caraças.
Para vendermos mais cervejas que a concorrência também já estudamos o assunto. Iremos vender as cervejas a 95 cêntimos para arrasar a concorrência que vende no mínimo a 1 Euro, claro que naquela noite vamos estar com uma falta de trocos incrível.
Bem, venha lá o ano que vem que isto é que vai ser facturar.

Crónicas Barcelonistas 15 - La Sinhoria de los anilhos

2 de julho de 2004

No aeroporto lá apanhamos mais uma ave rara, daquelas que parece saída de algum livro de banda desenhada futurista ou de um filme do Almodovar. Uma senhora já entradota que para além de uma maquilhagem no mínimo estranha tinha também um peculiar gosto por anéis. Bem gostar de anéis não é nada de estranho, existe muita mulher por ai que gosta de usar anéis, umas até os colocam em todos os dedos, a questão não era a quantidade de anéis que por acaso até eram bastantes, ai uns 3 em cada mão, o mais estranho era a forma e a dimensão dos ditos cujos. É que a dimensão dos anéis era algo que tenho dificuldade em descrever, por exemplo um deles parecia metade de um pires de uma chávena de café. Não, não estou a exagerar. Os restantes anéis que tinha também eram enormes mas comparados com aquele até pareciam pequenos. Nem sei como ela pôde entrar no avião sem pagar excesso de peso de bagagem. Eu e o Nuno começamos logo a imaginar o perigo que representava por exemplo uma bofetada dada por uma das suas mãos. Quem se metesse com a senhora poderia ter um triste fim, pois se levasse um tabefe teria que efectuar diversas cirurgias plásticas para conseguir reconstruir a sua fisionomia facial. O “Fantasma”, aquela figura de banda desenhada que quando dava um murro num vilão o deixava com uma marca de uma caveira nos queixos, é uma amador perante esta senhora. Aquilo era um verdadeiro arsenal de armas brancas dissimuladas de inofensivos anéis. Ainda estava com medo que a fulana fosse alguma terrorista que com a ameaça dos anéis iria sequestrar o avião, ameaçando de morte algum pobre refém, é que com um simples movimento, zás, podia cortar a veia jacular de uma pobre hospedeira ou passageiro que se opusesse ao sequestro do avião. Outro perigo era o movimento brusco das suas mão, em qualquer altura poderia sair disparado um dos anéis que, tais como as laminas assassinas de um Ninja, atravessariam o espaço velozmente procurando uma qualquer pobre e inofensiva vitima que tivesse o azar atravessar na trajectória de tão mortal objecto.
Já em Barcelona, enquanto esperávamos as malas, não tiramos os olhos das mãos da senhora para nos podermos desviar caso tal facto acontecesse.
Outra coisa que não tive oportunidade de observar foi como é que a senhora conseguia tirar alguma coisa da mala sem a esfarrapar completamente.Bem lá conseguimos sair inteiros do Aeroporto após mais esta perigosa aventura. Se soubesse que as viagens para Barcelona iam ter tantos perigos teria pedido à Nestlé um subsidio de risco.

 
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