Crónicas Barcelonistas 20 – Piratas aéreos

24 de julho de 2004

O ambiente no avião estava bastante calmo, eu e o Nuno pedimos à hospedeira uma almofada para encostar a cabeça na esperança que ela metesse conversa, mas está quieto, era uma carrancuda do caraças, tive mesmo que pegar na almofada e preparar-me para passar pelas brasas até chegarem as sandochas da praxe na hora do lanche da TAP. Estávamos já aconchegados e preparados para mais uma viagem de Lisboa para Barcelona quando entramram ainda mais uns passageiros. Dois deles tinham um ar bastante suspeito e ameaçador e foram sentar-se mesmo na fila à nossa frente. Eu e o Nuno olhamos um para o outro com cara de desconfiados. “Hummm... acho que não deveríamos ter vindo neste voo” - disse o Nuno, - “algo me diz que isto não vai correr nada bem”. Bem mas o que é que haviamos de fazer, sair do avião quando este estava quase a arrancar, lá vontade não faltou. Lá nos tentamos descontrair, mas nunca mais fui capaz de tirar os olhos de tão sinistras figuras. Então lá levantou voo o avião, e as nossas piores suspeitas concretizaram-se, tinha-mos de facto 2 terroristas a bordo, tudo aconteceu num instante, nem deu para ter qualquer reacção, mal o avião levantou as rodas do chão o ataque terrorista começou. O primeiro sinal foi uma enorme berraria que se fez ouvir pelo avião todo. Dois putos de mais ou menos 3 anos que se tinham sentado mesmo á nossa frente começaram a berrar e gesticular freneticamente de uma tal forma que nem as respectivas progenitoras e nem mesmo as hospedeiras conseguiram acalmar os seus ânimos. Nem mesmo uns livritos para pintarem que uma das hospedeira ofereceu os acalmou, Alguns segundo depois já os livros se encontravam a voar pelo avião a fora. De quando em vez emitiam uma olhar ameaçador na minha direcção e eu tremia de cima a baixo. Lá desviava o olhar tentando fazer contas que o que se estava a passar no avião era a coisa mais normal deste mundo, tentando desta forma disfarçar os meus medos mais profundos. Enquanto isto os bancos do avião começavam a ser literalmente demolidos, como se estivesse a ser atacado por 2 Gremlins que tinham estado recentemente em contacto com água. A mães lá iam tentando consertar os estragos mas estava a ser bastante difícil pois os miúdos parece que tinham mais braços que as mães, pareciam uns autênticos polvos. Enquanto recolocavam as coisa no lugar, lá iam fazendo uns sorrisos meio de orgulho, por tamanha energia demostrada dos seus rebentos, meio de vergonha por não estarem a conseguir mante-los debaixo de controlo. Bem mas lá pinta tinham os putos, aquilo foi de facto a viagem mais animada que já tive. Finalmente ao fim de algum tempo lá se foram acalmando pois as energias também não duram sempre, mesmo as pilhas Duracel acabam por se esgotar. Que chatice.... Aquilo até estava a ser divertido e sempre se pode dizer que foi uma viagem bem diferente do habitual, sim eu que me estou sempre a queixar da monotonia destes voos, lá emoção, aventura e efeitos especiais não faltaram.

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