Crónicas Barcelonistas 14 – Japonesises

28 de junho de 2004

No outro dia fui Jantar ao um restaurante Japonês. Primeiro e acompanhado do Nuno fui gastar alguns cobres à Fnac, uma loja que há em Barcelona muito gira e muito diferente das que por aí há. É que em Portugal confunde-se esta loja com uma firma falida de aparelhos de ar condicionado, aqui não, acho que é a única diferença. Depois de gastar mais do que estava à espera, o costume, resolvi dar mais uma volta pela cidade, O Nuno resolveu voltar para o “Apartement” e então lá fui eu de mochila às costas per ai a fora. Agora já não me perco com tanta dificuldade, é que já consigo dizer quase sempre Diagonal em vez de Obliqua, e já consigo pensar nos autocarros daqui sem fazer comparações com os daí, género, “o 36... ora bem o 36 vai para Odivelas”.
Depois de andar uns quarteirões a foméca apertou, e que tal ir a um restaurante Japonês, já estava farto de tapas... não das tapas das espanholas, sim que as espanholas a mim nunca me dão tapas. Bem mas isso é assunto que não quero aprofundar, fica para outra crónica, talvez a crónica numero 9999. Lá entrei eu num Japonês, restaurante entenda-se.
- Buffet ou a lá calt sehnol - lá disse o criado num espanhol macarrónico. “ A lá Calt senhol - que raio será isso?” Questionei eu? Depois percebi que queria dizer “á lá Cart Senhor”. Bem aqui pelos vistos os orientais também comem os rrrs, também pudera a comer comida oriental todos os dias... sempre se têm de alimentar de mais alguma coisa.
Fui para o buffet. Aquilo é que era curtido, género Suchi Bar, estão a ver, um balcão no meio do pessoal onde iam rodando numa passadeira rolante pequenos pratos com porções de comida Nipónica. Lá me sentei e comecei a petiscar aqueles pitéus que o pessoal de olhos em bico confecciona: pernas de rã fritas, suchis diversos, tempuras, etc.
As tigelas e travessas lá iam passando e nós iamo-las retirando em pleno andamento da passadeira, tentando não partir nenhuma. Quando me sentei estava na mesa da minha frente, do outro lado do balcão/passadeira um casal jovem mas bem constituído, ou seja anafadito que já se estava a servir antes de eu me sentar. Eu acabei quase a rebentar pelas costuras, pois o preço era fixo independentemente da quantidade que comecemos, e eles ainda lá ficaram como se tivessem sentado à pouco. Saí de lá já não sei se cheio pelo que comi se pelo que vi este casal espanhol morfar. Podera... sempre a comer tapas, de vez enquanto também se têm de alimentar.

Crónicas Barcelonistas 13 –Aeroportos e Compª

22 de junho de 2004

Pois é as aventuras no aeroporto são sempre uma constante.
O Chek-in é sempre um “must” em qualquer aeroporto, aquela espera para despachar as malas é sempre uma experiência inovadora e refrescante.
- B.I. ou passaporte por favor. - É só esta bagagem que leva? - Porta 17, obrigado e boa viagem – é sempre a mesma uma conversa, as raparigas bem podiam diversificar e dizer qualquer coisita mais interessante e simpático, por exemplo - “Vai para Barcelona? Que interessante, um dia destes quando passar por lá vou beber um copo consigo, olhe aqui tem o meu telefone, etc, etc.
Bem isto de andar de avião anda-me a fazer voar muito a imaginação, vamos lá a aterrar.
Enquanto se está à espera do “chek-in” vou observando os restantes passageiros que connosco vão partilhar o avião, tentando adivinhar o que os levará ao mesmo destino que nós. E o que levarão dentro das malas? Drogas, contrabando, alguma obra de arte roubada? Bem pelo menos assim torna a espera menos monótona do que imaginar que, levam simplesmente camisas, cuecas, peúgas, escova de dentes, comprimidos para o reumático e fixador para a dentadura.
Observando as pessoas que estão na fila vejo por vezes alguns casais a olhar para o respectivo parceiro ou parceira provavelmente a pensar “Se te pudesse despachar a ti numa mala para a Cochinchina é que era bom”.
No outro dia no aeroporto de Barcelona apanhamos um senhor já maduro, um autentico “expert” na arte de efectuar rápida e eficazmente um Chek-in. As perguntas foram as mesmas, e neste caso ainda bem, mas a grande diferença foi a eficiência demostrada pelo dito senhor. Reparámos como ele efectuava de uma forma delicada e suave a introdução de dados no computador. Era cada martelada que até tive pena do pobre teclado. – Sabe é que instalaram um novo software e eu ainda não estou habituado. – disse ele atrapalhadamente em castelhano. Claro o problema é sempre da informática. Teve que chamar ai umas 3 vezes o supervisor para o ajudar a introduzir os dados. Estava a ver que o avião partia e nós ainda ali, à espera que ele destruísse o computador.
A passagem pelo aparelho de detecção de metais é também sempre muito estimulante.
Lá estamos nós todos novamente na fila à espera da nossa vez de passar e vendo as figuras ridículas que os infelizes que estão a nossa frente vão fazendo ao tentar livrarem-se de todos e quaisquer objectos metálicos que transportem.
Primeiro lá colocam as malas de mão e os casaco no tapete rolante. Logo a seguir efectuam a primeira tentativa de passar o portal magico que lhes dará acesso às portas de embarque dos aviões. Esta primeira tentativa é geralmente sempre mal sucedida, pois ao passarem lá se ouve o alarme indicando que transportam ainda algum metal. Então lá se vão livrando aos poucos desses objectos ainda esquecidos nos bolsos e no corpo: Maços de tabaco, telemóveis, cintos e finalmente quando não resta mais nada, os sapatos. Infelizmente nunca ninguém tirou mais nada de interessante que vala a pena relatar. A minha imaginação neste caso também nunca para de funcionar, seria bastante interessante ver a reacção dos policias nalgumas situações mais invulgares como por exemplo:
- Alguém a passar pela máquina, por exemplo com metas dentro do corpo, balas, próteses.
- Alguma menina com um sutiã que tivesse um fecho de metal.
- Alguém com um pircing de metal nalgum local mais obscuro e recôndito do corpo (fica à vossa imaginação).
- Uma senhora com um cinto de castidade colocado pelo marido desconfiado?
Embora nunca venha a ter coragem para tal, uma das coisas que sempre imaginei e que iria de certeza absoluta animar aquele local do aeroporto era: Depois de passar o detector dizer em voz alta – Tenho aqui uma bomba....(pausa) ... para a asma... Deveria ser engraçado não acham? Bem se alguma vez ganhar coragem ... já sabem, podem levar-me “SG Ligth” à prisão.

Crónicas Barcelonistas 12 –Tirem-me deste taxi

19 de junho de 2004

As viagens de taxi são sempre uma aventura. Apanham-se sempre uns taxistas muito interessantes a conduzir, uns autênticos Pachecos Pereiras do volante, uns verdadeiros e mal aproveitados “Opinion makers” das estradas.
O jornal Expresso anda a pagar balurdios a colunistas, quando poderia apenas colocar apenas uns estagiários quaisqueres a ouvir estas “pieces de resistence” que os taxistas nos vão dando o prazer de partilhar, quer queiramos quer não.
Tenho tido um azar do caraças, aos Domingos à ida para Barcelona, tenho apanhado quase sempre o mesmo taxista, já é para aí a quarta vez. Acho que tenho de mandar vir um taxi de outra companhia de radio taxis. Para a próxima acho que vou ligar os Radio Taxis de Fernão Ferro ou de Celorico da Beira, deve ficar mais caro, mas porra, nem que eu pague a diferença, pode ser que assim não volte apanhar aquele tipo.
À hora combinada com a menina da companhia de radio taxis, lá estaciona ele o Taxi à porta da minha casa e quando me vê a sair diz alegremente - Boas tardes senhor, já o levei na semana passada não foi? – Sim - digo eu, com um sorriso alegre e bem disfarçado, de forma a que não transpareça nem o meu desalento nem o meu repentino desejo de ir a pé até à Portela de Sacavém.
Então lá começa outra vez com as suas elaboradíssimas opiniões e teorias sobre tudo o que se lembra: O estado do País que anda numa miséria como nunca, dos Portugueses que são uns calões que andam por ai e que não fazem nenhum, das fugas dos ricos aos impostos, etc, etc, etc.
- Eu não tenho partido nenhum. – diz ele.
- “E eu não tenho culpa nenhuma” – Penso eu.
- Anda o senhor a trabalhar lá fora como eu fiz quando era novo, e esta malta aqui não faz nenhum – continua ele depois ter descoberto que eu estava a trabalhar fora de Portugal.
- É verdade, é verdade – lá vou eu dizendo ao mesmo tempo que penso - “tirem-me deste filme”, ou neste caso “tirem-me deste taxi”.
- Pois é como lhe digo, eu não tenho partido nenhum, para mim é o mesmo, quer antigamente o Salazar quer agora o PS ou o PSD. É a mesma coisa, ninguém me dá nada, se não for eu a trabalhar. Bem o Portas parece que quer aumentar as pensões. Mas isto dão de um lado tiram de outro... bla, bla, bla.
Lá continuou ele falando e falando. O pior é que em cada viagem tenho ouvido repetidamente sempre as mesmas teorias e opiniões, lá acrescenta mais uma ou outra coisita que se esqueceu de mencionar na viagem anterior, mas basicamente é sempre o mesmo. Já conheço os problemas que ele teve com um antigo empregado, um calão qualquer (segundo ele), sobre o sócio que fez não sei bem o quê, sobre o Estado o andar sempre a gamar os contribuintes, sobre os taxistas não ganharem nem para o carro. Xiça, se volto a apanhar este fugareiro de novo acho que me atiro pela janela do taxi a fora. SOCORRO.

Dicionário Tuga <> Castelhano (1)

18 de junho de 2004








Tuga: Berro Castelhano: Agrião
Descrição: Será que “Berrar alto” quer dizer agrião criado no cimo do monte?


Tuga: Boa Castelhano: Jibóia
Descrição: Cuidado Chicas, se algum espanhol vos disser "es una boa" não estará propriamente a elogiar-vos.


Tuga: Calçada (Calzada) Castelhano: Parte pavimentada da rua por onde transitam os automóveis.

Descrição: Não confundir com a calçada portuguesa por onde transitam os piões, por isso se aqui em Espanha vos mandarem passear para a calzada é porque vos querem ver longe e de preferência... atropelados...

Crónicas Barcelonistas 11 - Carnaval catalão

14 de junho de 2004

Como já disse na crónica número 10 no Sábado decorreu por aqui, no Passeio da Gracia (a Av. Da Liberdade aqui da zona), um desfile de carnaval. Isto de fazer um desfile de carnaval em pleno mês de Maio não passa pela cabeça de ninguém, mas quando ouvi falar nisto fiquei logo de orelhas no ar. Desfile de carnaval, samba, brasileiras a sambar, estão a ver, é sempre um programa cultural a ter em conta, é que gosto muito de ver dançar e os brasileiros e principalmente as brasileiras é que têm muito ritmo, só por isso, o que é que já estavam para ai a magicar?
O desfile foi uma grande desilusão ora vejam: A abrir o desfile vinha uma fila de brasucas (não se pode dizer bicha?), vestidos de amarelo e transportando um espécie de dragão chinês mas sem cabeça, seguidos duma dúzias de brasileiros a dançar, a terminar este “enorme” cortejo lá vinha timidamente o único carro alegórico com uns brasileiros e brasileiras em cima que nos olhavam com a maior cara de parvos que pode existir. Mas, mas, mas e onde é que estavam as brasileiras quase nuas a sambar? Onde estava o clima brasileiro que nós sabemos existir nestes desfiles? Ainda por cima no local onde estávamos nem vimos nem ouvimos o Carlinhos Brown a principal e penso que única atracção do desfile, pois este ainda não tinha começado a cantar, enfim uma desilusão total. Para além da dimensão reduzida do cortejo houve ainda mais três coisas espantosas. A primeira foi a enorme confusão de quase 400 mil espanhóis aos encontrões a assistir ao desfile que nos obrigou a andar de uma lado para o outro aos encontrões. Ainda vimos uma senhora numa cadeira de rodas ser quase atropelada pela multidão, “não me tiram daqui” dizia ela em Castelhano, o Hugo ainda ia indo parar ao colo da senhora. A segunda foi a excelente organização, é que conforme o cortejo ia passando pela avenida os elementos da segurança iam empurrando literalmente todo o pessoal para fora da estrada, o que fez com que ficássemos todos como se estivéssemos no metro do Rossio em plena hora de ponta. Agora tentem imaginar o pessoal a tentar sambar nestas condições, era cada pisadela que até fervia. A terceira desilusão foi a musica, então não é que pelo meio das músicas de samba que foram tocando iam passando musica brasileira que não tem nada a ver com carnaval como por exemplo os Tribalistas. Bem mas Tribalistas ainda gosto, mesmo que não tenha nada a ver com carnaval, mas pior que isso foi passarem também musica latina em espanhol e até, imaginem, o hino Catalão. Estou mesmo a ver lá no Brasil no desfile de escolas de samba do próximo ano a escola de samba Os Unidos da Tijuca a dançar samba ao som vibrante do hino Catalão. Estes espanhóis são doidos....

Crónicas Barcelonistas 10 – Estratégias tugas

9 de junho de 2004

Cá passei o meu primeiro fim-de-semana em Barcelona. Dois amigos meus da Nestlé vieram visitar-me e assim aproveitei para efectuar o meu primeiro reconhecimento a sério da cidade. Assim na Sexta à noite lá fui buscar o Paulo e a Rosa ao aeroporto e depois de todos juntos lá fizemos os planos estratégias de ataque à cidade para o dia seguinte, Sábado. Claro que antes de planear a estratégia de ataque tivemos uma série de horas na palheta a falar de tudo menos desse assunto, pelo que como já estão a calcular, o plano ficou muito bem elaborado.
- Bem vamos lá combinar as coisas para amanhã. - Disse um de nós por volta das 2 da matina.
- OK, e se víssemos amanhã.
- Está bem. - Disseram os outros 2 em uníssono.
Não foi bem assim mas quase, uma autêntica estratégia tuga. E lá nos fomos deitar.
No dia seguinte ás 10 da madrugada, frescos que nem uma alface com uma semana de frigorifico, lá estávamos nós prontos para invadir os locais mais promissores de Barcelona.
Nessa manhã juntou-se às a nós mais uma tuga que entretanto anda por estas paragens e que teve a coragem de se juntar a nós, a Misé. Mas quem é que conseguiria resistir a um plano de passeio assim tão bem elaborado, nem uma agência de viagens proporia plano melhor. E seguindo o plano à risca, ou seja ao sabor do vento, lá fomos nós os três destemidamente cidade a dentro.
Não vos vou maçar muito com os pormenores dos locais onde estivemos durante o dia, se quiserem saber mais sobre esse assunto venham fazer-me uma visita e vejam por vocês mesmo.
Vou só relatar alguns pormenores que acho interessantes.
Por exemplo nunca pensei que um meio de transporte tão simples e inofensivo como o funicular pudesse criar tanto celeuma entre nós durante este passeio, mas é melhor não adiantar muito mais sobre as nossas dissertações sobre tal meio de transporte e o seu peculiar nome, pois poderão existir menores a ler estas crónicas.
Também nos despertou a atenção uma tabuleta em catalão que vimos no interior de um eléctrico e que dizia mais ou menos isto: “Es prohibit ascopir”. Começamos a olhar uns para os outros a pensar se quereria de facto dizer o que estávamos a pensar. Colocamos logo a nossa imaginação a funcionar iniciando uma série de relatos de cenas imaginárias que se teriam passado ou quem sabe se passariam naquele eléctrico para ter sido necessário colocar semelhante aviso sinalético no seu interior. Confirmamos na segunda-feira seguinte junto dos Catalães da Nestlé que a tabuleta queria de facto dizer o que tínhamos imaginado. Perguntarão vocês se de facto quererá dizer aquilo que vocês também estão a pensar, bem, perguntem a um catalão, que eu sou simples tuga.
Por volta das 18 horas, depois de um dia a andar a pé, de autocarro, eléctrico e funicular visitando alguns dos locais mais pitorescos da zona, lá fomos direitos ao Passeio da Gracia, onde iria decorrer (segundo diziam por aqui) um enorme desfile de carnaval. Tínhamos combinado encontrarmo-nos com mais uns tugas que andam por estas bandas à mais tempo, mas que preferiram durante o dia ir descansar para a praia, o Hugo e a Susana. Sobre este extraordinário desfile de carnaval leiam depois a crónica seguinte.
Para afogar as mágoas do desfile de carnaval lá fomos jantar e buer para esquecer. No jantar ainda se juntaram mais uns tugas, o João da Nestlé e mais dois outros tugas que já nem me lembro do nome. O grupo tinha-se assim engrossado ao longo do dia e preparava-se para ficar ainda mais grosso depois de uma “Canhas” (imperiais em espanhol).
Depois de bem comidos e bebidos lá fomos para a “nigth” dançar e pular até ás 4 e tal da matina.
Sem acontecimentos de maior, e com uma enorme fraqueza nas pernas, vá-se lá saber porquê, lá nos fomos deitamos perto das 6 da manhã.
- Amanhã o primeiro a acordar acorda os outros - disse um de nós – vamos ver se não acordamos muito tarde que é para ainda aproveitar bem o Domingo...
Às 2 e tal da tarde lá arrancamos finalmente para dar mais um giro pela cidade.... Lá fomos nós mais uma vez e ainda meio abananados continuar o reconhecimento do território inimigo... perdão amigo... Se dão estas crónicas a ler a algum espanhol estou frito (não.. não faço a mínima ideia como se diz “frito” em espanhol) . Foi nessa noite que tive uma notícia fantástica, o Benfica tinha ganho a taça de Portugal… Viva o SLB.
O Paulo estava ao telefone com a esposa em Portugal e ela deu-nos a notícia da vitória do Benfica bem como do barulho infernal que ia em Lisboa devido às comemorações. De acordo com os relatos da esposa do Paulo, a sua filha mais novita estava a tentar integrar-se no espirito das celebrações que decorriam pelas ruas de Lisboa, e como não sabia nem sequer cantar o hino do Benfica (o que devia ser considerado um crime), resolveu cantar o que sabia: o “Aleluia, Aleluia” … Mal sabia ela que era o que muitos de nós benfiquistas estava a cantar interiormente.

Crónicas Barcelonistas 9 – Aviões e Taxis

5 de junho de 2004

Pois é, cá estou eu a chatear-vos de novo. Isto da minhas idas e vindas de e para Barcelona, tem servido para tirar autentico curso, ou melhor ainda, um mestrado em viagens de avião e de taxi. As viagens de avião têm decorrido com normalidade e sem grandes sobressaltos, tirando um dia em perdi o avião, já começo a apanhar a rotina destas viagens. Aliás tirando algum stress causado pela correria que é o retorno para Lisboa às Quintas, as viagens de avião têm sido calmas e até bastante monótonas. O que poderia ainda causar alguma expectativa seriam as refeições a bordo dos aviões, mas até isso tem sido uma monótona desilusão. É que a comida servida a bordo da TAP tem sido sempre de uma pobreza Franciscana. Nos últimos voos, e penso eu que para redução de custos, a TAP resolveu servir à refeição uma sandocha desenxabida metida numa caixita de plástico reciclável e que contêm também uma outra caixita cujo conteúdo são 2 ou 3 folhitas de agrião. No entanto sempre é melhor do que a comida servida nos primeiros voos que fiz. Nesses voos o aspecto da embalagem era de facto melhor e o conteúdo mais variado, pois sempre tinha uma manteiguita e um docito a acompanhar o prato principal. Bem, não sei se poderia chamar aquilo de prato principal, mas enfim. Quando em grande expectativa abríamos a embalagem, para nossa grande desilusão lá encontrávamos umas míseras fatias de mortadela e fiambre acompanhadas de uma mixórdia composta de ervilhas e batatas cosidas aos cubos, isto tudo bem misturado numa maionese quase intragável. Não sei se a maionese era a ssim tão má para tentar disfarçar a falta de sabor dos restantes ingredientes. Se era, conseguia, pois disfarçava de tal maneira que aquilo não sabia mesmo a nada. Se comesse aquela mistela toda ficava com as entranhas às voltas, até parecia que tinha estado a comer pedaços de plasticina verdes e brancos misturados com massa de vidraceiro. Bem, se calhar massa de vidraceiro sabe melhor. Nem o sorriso quase de compreensão e pena das hospedeiras tugas ajudavam a engolir aquela coisa toda. Às vezes dava mesmo vontade de pedir, “menina, não se arranja um bitoque?”
Já me pus também a pensar, será que começaram a servir sanduíches por redução de custos ou será que uns tantos passageiros foram parar ao hospital com brutos desarranjos intestinais? Ou então com prisão de ventre, é que a massa de vidraceiro quando seca........
Sobre o stress das Quintas-feiras, estão vocês a pensar, mas stress porquê? Por causa da saudade de voltar a pisar terra Lusa, saudades da cidade onde a Amália viveu cantou e morreu, saudade desta cidade onde existe um clube com um glorioso passado mas com um triste presente (*), saudades desta cidade maravilhosa de onde partiram os nossos antepassados navegantes à descoberta de outras terras. Eu sei que ficava bem eu dizer isso, mas a verdade é que tenho aulas de salsa (dança) às 21:00 aí em Lisboa e estou sempre em pulgas para voltar a dar uns passos de dança e também com saudades de estar com uns malucos, que como eu, não vão faltado a essas aulas. Claro que as saudades dos outros amigos também é grande. É por isso estou constantemente a tentar convence-los a meterem -se também nestas anDanças. Tem sido algo difícil mas aos poucos hei-de conseguir.
Então é assim, quintas à noite lá chego eu ao Aeroporto cercas das 20:45 (isto se o avião não se atrasar) e depois lá vou eu a correr apanhar um taxi para Santos, onde fica a Escola de Salsa.
Uma quinta feira destas, a viagem de taxi foi bastante interessante. Estava bastante atrasado para a aula, devido ao um atraso do avião, pelo que pedi ao taxista para ir um pouco mais depressa. Claro que não tive coragem de dizer que ia atrasado para uma aula de dança, por isso disse que estava atrasado para uma reunião, esperando eu que o taxista não tocasse mais no assunto. Mas ao descrever ao taxista o destino pretendido, lá ficou ele a saber que era uma Escola de Dança – Sim conheço perfeitamente - disse ele. O homem deve ter ficado impressionadissimo, “isto é que é um home de negócios hem, sempre a abrir”, deve ter pensado depois de me ter perguntado - De onde vêm?
- Barcelona... – disse eu com medo do que poderia vir a seguir.
- Àhhh. Então o senhor é dono de Escolas de Dança? – perguntou.
“Pronto, estou tramado” - pensei eu , - “que vou eu dizer agora para não me enterrar ainda mais”. Então, meio a medo lá me saiu – Não, não, vou a esta Escola de Dança porque está lá uma pessoa com a qual preciso de falar ainda hoje. – e fiquei de dedos cruzados esperando pela seguinte pergunta inquisitória. Mas o taxista ou estava em fim de serviço ou então com falta de inspiração porque, e para meu grande alivio, não voltou a falar do assunto. Bem, se calhar calou-se a pensar “Pois, pois uma reunião com um fulano duma Escola de Dança a esta hora da noite, deve ser mesmo verdade, vai mas é buscar alguma bailarina”.

(*) Nota- Esta crónica foi escrita antes do glorioso Benfica ganhar a taça de Portugal deste ano (2004). Agora é que é... ninguém nos vai parar... cooofff... cooofff.. maldita tosse.

Crónicas Barcelonistas 8 – Chefas

1 de junho de 2004

Ironias do destino, safei-me eu de uma Rosa (a minha “chefa” aí em Portugal para quem não sabe) para me ir sentar à beira de duas Rosas aqui em Espanha. Devo ser algum castigo por alguma coisa que fiz, ou que não fiz. Felizmente que estas não são minhas chefes. Por falar em “chefas”, não me safo de ter uma “chefa”. É que aqui tenho dois chefes de projecto, um chefe da Nestlé que se chama Josép Pujol e uma “chefa”, claro, cujo nome é Hannelore Perez Groh (Hanne para os amigos). Está bem que não é da Nestlé, mas ainda é pior, é de uma firma de consultoria.
Resolveram sentar-me mesmo na secretária ao lado da dela. Assim não posso navegar na Net à vontade, que raio. Também tenho que compreender que ela não conseguiu resistir ao meu charme e fez questão em que eu me sentasse ao seu lado. Ou isso ou não havia mais secretárias vazias.... Bem a 1ª hipótese parece-me decididamente a mais acertada, ou pelo menos soa-me melhor, não sei porquê.
No outro dia estava eu para lá a tentar decifrar mais umas tantas páginas de analises e mais analises em castelhano, quando reparei que havia algo de estranho na Hannelore, sim, para além do nome. Observei-a discretamente mas de uma forma pormenorizada. Estava com uma camisola de mangas cavas. uii, uii.... Mas não era isso que me fazia achar de que algo não enquadrava bem naquele cenário. Depois vi o que era. Estava de mangas cavas de facto, mas de cachecol bem aconchegado ao pescoço, que estranho. Comecei logo a tentar imaginei qual seria a causa para tal vestimenta: Seria o cachecol para esconder algum chupão que o namorado lhe tivesse feito no pescoço na noite anterior ou seria para ajudar a curar alguma constipação ou dor de garganta (embora nesse caso não fizessem muito sentido as mangas à cava). Bem aqui a 1ª hipótese também era bastante mais interessante, também não sei bem porquê.
Mais tarde, constatei que sempre que se virava para mim para falar efectuava não uma simples rotação de cabeça, mas sim uma rotação completa do tronco a acompanhar o respectivo movimento de rotação da cabeça. Resolvi esclarecer o mistério. Como bom cavalheiro e no meu mais perfeito “Portunhol”, perguntei o que se passava. Fiquei afinal a saber que logo pela manhã e ao sair de casa na sua moto, tinha dado um mau jeito ao pescoço.
Pronto mulheres ao volante, neste caso ao guiador, é o que dá. Logo se formaram na minha cabeça duas imagens. A primeira era a imagem dela na sua bela Harley Davidson de cabelos soltos ao vento pelas ruas de Barcelona, a segunda a dela andando numa daquelas scooters que por aqui se vêm aos montes. É claro que, e mais uma vez, prefiro escolher decididamente a 1ª hipótese e mais uma vez não sei bem porquê. Mas digam lá não soa melhor?

 
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