Crónicas Barcelonistas 9 – Aviões e Taxis

5 de junho de 2004

Pois é, cá estou eu a chatear-vos de novo. Isto da minhas idas e vindas de e para Barcelona, tem servido para tirar autentico curso, ou melhor ainda, um mestrado em viagens de avião e de taxi. As viagens de avião têm decorrido com normalidade e sem grandes sobressaltos, tirando um dia em perdi o avião, já começo a apanhar a rotina destas viagens. Aliás tirando algum stress causado pela correria que é o retorno para Lisboa às Quintas, as viagens de avião têm sido calmas e até bastante monótonas. O que poderia ainda causar alguma expectativa seriam as refeições a bordo dos aviões, mas até isso tem sido uma monótona desilusão. É que a comida servida a bordo da TAP tem sido sempre de uma pobreza Franciscana. Nos últimos voos, e penso eu que para redução de custos, a TAP resolveu servir à refeição uma sandocha desenxabida metida numa caixita de plástico reciclável e que contêm também uma outra caixita cujo conteúdo são 2 ou 3 folhitas de agrião. No entanto sempre é melhor do que a comida servida nos primeiros voos que fiz. Nesses voos o aspecto da embalagem era de facto melhor e o conteúdo mais variado, pois sempre tinha uma manteiguita e um docito a acompanhar o prato principal. Bem, não sei se poderia chamar aquilo de prato principal, mas enfim. Quando em grande expectativa abríamos a embalagem, para nossa grande desilusão lá encontrávamos umas míseras fatias de mortadela e fiambre acompanhadas de uma mixórdia composta de ervilhas e batatas cosidas aos cubos, isto tudo bem misturado numa maionese quase intragável. Não sei se a maionese era a ssim tão má para tentar disfarçar a falta de sabor dos restantes ingredientes. Se era, conseguia, pois disfarçava de tal maneira que aquilo não sabia mesmo a nada. Se comesse aquela mistela toda ficava com as entranhas às voltas, até parecia que tinha estado a comer pedaços de plasticina verdes e brancos misturados com massa de vidraceiro. Bem, se calhar massa de vidraceiro sabe melhor. Nem o sorriso quase de compreensão e pena das hospedeiras tugas ajudavam a engolir aquela coisa toda. Às vezes dava mesmo vontade de pedir, “menina, não se arranja um bitoque?”
Já me pus também a pensar, será que começaram a servir sanduíches por redução de custos ou será que uns tantos passageiros foram parar ao hospital com brutos desarranjos intestinais? Ou então com prisão de ventre, é que a massa de vidraceiro quando seca........
Sobre o stress das Quintas-feiras, estão vocês a pensar, mas stress porquê? Por causa da saudade de voltar a pisar terra Lusa, saudades da cidade onde a Amália viveu cantou e morreu, saudade desta cidade onde existe um clube com um glorioso passado mas com um triste presente (*), saudades desta cidade maravilhosa de onde partiram os nossos antepassados navegantes à descoberta de outras terras. Eu sei que ficava bem eu dizer isso, mas a verdade é que tenho aulas de salsa (dança) às 21:00 aí em Lisboa e estou sempre em pulgas para voltar a dar uns passos de dança e também com saudades de estar com uns malucos, que como eu, não vão faltado a essas aulas. Claro que as saudades dos outros amigos também é grande. É por isso estou constantemente a tentar convence-los a meterem -se também nestas anDanças. Tem sido algo difícil mas aos poucos hei-de conseguir.
Então é assim, quintas à noite lá chego eu ao Aeroporto cercas das 20:45 (isto se o avião não se atrasar) e depois lá vou eu a correr apanhar um taxi para Santos, onde fica a Escola de Salsa.
Uma quinta feira destas, a viagem de taxi foi bastante interessante. Estava bastante atrasado para a aula, devido ao um atraso do avião, pelo que pedi ao taxista para ir um pouco mais depressa. Claro que não tive coragem de dizer que ia atrasado para uma aula de dança, por isso disse que estava atrasado para uma reunião, esperando eu que o taxista não tocasse mais no assunto. Mas ao descrever ao taxista o destino pretendido, lá ficou ele a saber que era uma Escola de Dança – Sim conheço perfeitamente - disse ele. O homem deve ter ficado impressionadissimo, “isto é que é um home de negócios hem, sempre a abrir”, deve ter pensado depois de me ter perguntado - De onde vêm?
- Barcelona... – disse eu com medo do que poderia vir a seguir.
- Àhhh. Então o senhor é dono de Escolas de Dança? – perguntou.
“Pronto, estou tramado” - pensei eu , - “que vou eu dizer agora para não me enterrar ainda mais”. Então, meio a medo lá me saiu – Não, não, vou a esta Escola de Dança porque está lá uma pessoa com a qual preciso de falar ainda hoje. – e fiquei de dedos cruzados esperando pela seguinte pergunta inquisitória. Mas o taxista ou estava em fim de serviço ou então com falta de inspiração porque, e para meu grande alivio, não voltou a falar do assunto. Bem, se calhar calou-se a pensar “Pois, pois uma reunião com um fulano duma Escola de Dança a esta hora da noite, deve ser mesmo verdade, vai mas é buscar alguma bailarina”.

(*) Nota- Esta crónica foi escrita antes do glorioso Benfica ganhar a taça de Portugal deste ano (2004). Agora é que é... ninguém nos vai parar... cooofff... cooofff.. maldita tosse.

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