Crónicas Barcelonistas 32 - Os homens de Negro

17 de novembro de 2004

Normalmente eu e o Nuno andamos com um fato preto, cada um com o seu claro. Então devem passar-se coisas engraçadas pelas cabeças do pessoal que nos vê a andar na rua. Dois fulanos a falar uma língua estrangeira, vestidos de fato preto e com uma mala preta igualzinha na mão. Faço ideia. Especialmente nos dias em que nos esquecemos de tirar os cartões de Identificação da Nestlé pendurados na lapela do casaco, “americana” em espanhol. Devemos parecer ou alguns Inspectores do FBI ou então uns “Mormons”. No outro dia lá pelas 18:30, altura em que a noite já está cerrada aqui por Barcelona, resolvemos dar de frosques da Nestlé. Depois de umas mensagens subtilmente trocadas por e-mail para combinar a saída, lá arrancamos rumo aos nossos apartamentos. Como habitualmente, apanhámos o elevador para descer do nosso piso, o quinto, até ao piso zero, piso que dá acesso à saída do edifício da Nestlé. Nos últimos dias tem estado um frio de rachar e então temos levado as nossas luvas. Ao descermos, no 4º piso entrou entretanto um pobre sujeito. Eu e Nuno lá estávamos os 2 de negro cada um de seu lado do elevador e cada um com a sua pasta preta. Na altura que o dito Sr. entrou no elevador coincidiu com a altura em que sacamos das nossas luvas, também elas pretas. O Sr. lá marcou o andar pretendido, o piso –3. Olhou entretanto para nós e efectuou um leve sorriso, mas farto de sorrir para Espanhóis já estávamos nós nesse dia, pelo que mantivemos o nosso semblante carregado de “vai mas é à fava”. O Sr. ia partilhando inquietamente o olhar entre nós, que estava-mos a vestir meticulosamente as luvas, e o monitor do elevador que mostrava o piso por onde íamos passando.. –3..... -2..... lá continuava o elevador a descer. Entretanto eu e o Nuno trocamos um olhar, do genro “que raio de ave rara é esta que vem aqui no elevador”. O Sr começou então a encostar-se a um lado do elevador, mas tropeçou na mala preta que eu tinha pousado no chão enquanto calçava as luvas. Nessa altura inclinei-me dele a fim de retirar a minha mala do chão. Enquanto me levantava olhei para o Sr. Este encostou-se ainda mais à parede do elevador onde o Nuno do outro lado o olhava também. TIMMM... Piso 0, abriram as portas do elevador. Já de luvas calçadas, casaco bem apertado e mala na mão direita lá sai-mos, ainda olhamos de esguelha para traz para parede do fundo do elevador onde o Sr. se tinha entretanto refugiado.
Mais uma vitima aterrorizada pelos terríveis Homens de Negro. Não os MIB mas sim os MIBIB- Men in Black in Barcelona.

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