Momentos mágicos – Gerês 2005

5 de setembro de 2006

Estava um dia destes a teclar com uma amiga minha no Messenger quando no meio da conversa começamos a falar de momentos mágicos.
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Aqueles momentos especiais nas nossas vidas em que tudo à nossa volta se conjuga de uma tal forma que inexplicavelmente somos como que arrebatados para uma outra dimensão onde tudo parece perfeito, coerente, tranquilo, sereno, grandioso, simples, único. Como se de repente o tempo quase que parasse, como se naquela altura a nossa vida ficasse suspensa e onde nos apetecia ficar para sempre. Esse momentos que vamos vivendo são normalmente tão fortes que ficam gravados em nos para sempre, são momentos que nos tocam pela sua intensidade e simultaneamente pela sua suavidade. Não falo daquelas emoções fortes por exemplo relacionados com eventos ou acontecimentos, tristes ou alegres, que nos marcam e de que nós também não nos esquecemos, como por exemplo, casamentos, divórcios, crises nos relacionamentos, perdas de pessoas chegadas, etc. Não, nada disso, estou a falar de momentos mágicos, aqueles momentos que nos ficam gravados de cheiros, emoções, sabores, de imagens... Que nos fazem recordar aquele minuto, aquele dia, aquela pessoa, aquele local, aquele encontro, aquele... aquele…... Penso que são a perceber o que quero dizer.
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Esses momentos são únicos e acontecem em qualquer lado e muitas das vezes quando menos esperamos, estejamos nós abertos a que eles aconteçam.
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Nessa conversa, que já nem sei como foi ter a este assunto, a minha amiga pediu-me para lhe contar um desse momentos mágicos.
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Todos nos tivemos e vamos tendo esses momentos, em diferentes locais e ocasiones, de uma forma mais ou menos intensamente ou suave consoante o motivo. Lembrei-me de quando era ainda criança e em que chegava a casa completamente encharcado devido a uma molha que tinha apanhado do caminho da escola para as aulas, lembrei-me dos serões passados na terra dos meus pais junto ao calor da fogueira que se mantinha quase sempre acesa durante o Inverno, pensei nos momentos de ansiedade vividos nas vésperas de receber as prendas do Pai Natal, ou melhor do menino Jesus, que era quem no tempo da minha meninice fazia a entrega das prendas na época natalícia, pensei nos longos passeios ao mar com uma pessoa amada, pensei nas longas conversas noite dentro tidas com amigos na procura de soluções para os problemas da humanidade.
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Desses momentos destacou-se um momento mais recente, embora com mais de um ano, de um fim fantástico que tive o privilégio de partilhar com quatro bons amigos meus.
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Um fim-de-semana prolongado, daqueles em que se tira uma ponte para se aproveitar mais pausadamente.
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É sobre um dos momentos desse já de si fim-de-semana magico que vos vou falar nesta crónica, aproveitando assim para prestar homenagem àqueles que comigo partilharam estes tão saborosos e fantásticos momentos ai vividos no Gerês. Nesse fim-de-semana aconteceram mil e uma peripécia, aventuras, adversidades de tal forma intensas e magicas que jamais o esquecerei.
Mas como tinha de destacar foi este que me veio á memoria:
"Estava-mos no inicio da primavera, e apesar de termos apanhado bom tempo ainda fazia algum frio ao anoitecer e ocasionalmente caiam ainda umas gotículas de chuva que ajudavam a limpar o céu, o dia estava quase a dizer-nos adeus começando a dar lugar á noite, estavam criadas as condições para podermos desfrutar de um pôr de sol magnifico, o céu estava pintado de diversos tons de amarelos laranjas e castanhos misturados com um azul forte que ia desaparecendo e escurecendo lentamente.
Tínhamos acabado de chegar a uma das poucas povoação no cimo de uma das serra locais, o local foi escolhido ao acaso, Alguém de nos os cinco que íamos dentro do carro tinha visto uma tabuleta que indicava que naquele vilarejo, havia restaurante - “..e se fossemos ali jantar?”.Como tinha-mos devorado já uns bons quilómetros e como o pessoal já se começava a queixar de algum desconforto provocado pelo estômago vazio, decidimos que seria um bom local para sairmos da estrada principal e irmos relaxar e comer qualquer coisita, pois não sabíamos quando encontraríamos outro restaurante naquelas zonas. Chegados ao vilarejo lá fomos direitos ao restaurante para darmos uma olhadela na ementa. Escolhidos os pratos e enquanto estes eram confeccionados, dissemos ao empregado de mesa, que por sinal também era o dono, que ia-mos dar uma volta pela aldeia para ver o pôr do sol e para espreguiçar as pernas antes de nos sentarmos e de comermos. Afinal estávamos á vontade, no restaurante era-mos os únicos clientes. Saio-mos, o esplendoroso pôr-do-sol lá estava á nossa espera, as cores faziam com que ficássemos sem fôlego e os olhos perdiam-se no horizonte. Na aldeia pairava um ruído calmo e sereno de fim de dia de trabalho, ouviam-se algumas vozes sumidas, e dispersas. Os habitantes locais regressavam calmamente do trabalho do campo e preparava-se para regressar aos seus lares. O odor de lenha a arder sentia-se suavemente indicando que alguns dos locais ainda cozinhavam á maneira antiga, e de algumas chaminés podíamos constatar isso através do fumo mais negro que delas saia. Nesta altura já em si magica começamos a ouvir o sussurrar de cânticos, rezas... ainda pensei que fosse alguém que tivesse a ouvir o terço na Rádio Renascenças, mas indagando pelas ruelas vizinhas com a ajuda de uma amiga lá verificamos de que se tratava de facto do terço mas não vindo de uma qualquer rádio, mas sim vindo de uma capela que ficava numas das ruelas não muito longe do restaurante. Nessa capela algumas velhotas faziam as suas orações de fim de dia, emanado pela aldeia um sussurro de vozes em couro não muito afinado mas ao mesmo tempo melodioso e suave. Foi nesse cenário que tive o privilégio de partilhar e desfrutar um dos mais fantásticos pores de sol que tive ocasião de assistir. Depois de assistir a este momento fomos para o restaurante onde nos sentamos a comer calmamente saboreando não só jantar como digerindo também a entrada que tínhamos tido a ocasião de termos presenciados e sentido.
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Agradecimentos:
- Aos meus companheiros de viagem, a Sandra a Rita o Rafa e o Tiago com que tive o privilégio de ter partilhado esta viagem fantástica.
- À Cristina por me ter feito recordar tão detalhadamente este momento.
- À Dona Helena, mãe da Sandra pelas magníficas almôndegas (e não só) que nos costumam acompanhar nestas ocasiões de viagem.
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E já chega… de agradecimentos..
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Quem sabe um dia destes descrevo outro destes momentos mágicos… a ver vamos..

2 comments:

joana disse...

Sim, há momentos mágicos em que tudo na nossa vida parece encaixar. Tudo parece fazer sentido.

Vocês, salseiros, quando vão para a desbunda fica sempre imenso para recordar!

Adorei o post. Se quiseres, tens uma resposta no meu blog.

Bjokas
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Sílvia Antunes disse...

já escrevias mais alguma coisa não?

só trabalho, só trabalho, só trabalho

risos

 
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