Crónicas Barcelonistas 30 - Quebrando a monotonia

15 de outubro de 2004

Isto para animarmos as viagens para Barcelona temos que ir improvisando senão as viagens são uma “granda” seca. Então o que é que o Nuno e eu resolvemos começar a fazer. Tal como um predador, assim que chegamos à zona de chegadas do Aeroporto de Barcelona seleccionamos uma vitima. Estão a ver aquele pessoal que está à espera de que chegue alguém que nunca viu, e que colocam à sua frente uma folha A4 com o nome da pessoa que estão à espera, esperando que esta quando chegue se dirija a eles. Então é assim escolhemos uma dessas vitimas, perdão uma dessas pessoas que está a tentar descobrir como será o Sr. Abrain ou Sr. Kaliminov que nunca viram mais gordos, olhamos um apara o outro e dizemos: “aquele ali”. E começamos a andar na sua direcção como se pelo menos um de nós fosse a pessoa em questão, claro que depois passamos pela pessoa sem lhe dar cavaco, deixando-a por breves momentos com um sorriso disfarçado e patético a olhar para o ar. É super divertido, devem experimentar. Serve sempre para quebrar a monotonia após mais uma viagem e quem sabe algum dia não encontramos alguém suficientemente interessante para nos fazer passar por outra pessoa?
Na hora da partida o “Been Laden”, que é o cognome de guerra do Nuno, já anda a pensar noutra que é: Depois de fazermos o check-in ficarmos à espera que todos entrem no avião ficando só nós por entrar no avião, para ver depois a azafama daquelas hospedeiras de terra a falar aos microfones e a dizer que faltam embarcar o Sr. Nuno Veiga e o Sr. Luis Silva. Isto se for feito em Barcelona será ainda mais interessante, pois o nosso nome lido por Catalães soa muito melhor, e sempre soa mais a internacional. Não que esta situação já não nos tenha acontecido, mas na altura nem reparamos e não gozamos bem o prato, pois estava-mos mesmo distraídos numa das lojas do Aeroporto a fazer umas compritas, quando chegamos ao local de embarque só vimos as raparigas que andavam à nossa procura muito atrapalhadas a olhar para todos os lados. Claro que não convém abusar da sorte, senão algum dia ainda ficamos em terra. Há, a propósito, aqui está uma das causa porque se atrasam os aviões, por causa desta malta sem consideração nem respeito pelos demais.

Crónicas Barcelonistas 29 – Salsa WC

11 de outubro de 2004

Lá ia decorrer em terras lusas mais um fim de semana, como sempre já tinha montes de coisas combinadas que me iriam ocupar o tempo todo: salsa, danças de salão, ver um Ballet, comprar mais uns bilhetes para mais uns espectáculos para outras semanas seguintes, almoço familiar, um lanche na casa de uma amigo que tinha tido uma filhota, a Beatriz, e que eu ainda não tinha visto desde que nascera, iria ainda tentar ver os meus dois sobrinhos adoptivos a Joaninha e o Du, mais salsa claro.... e logo se via se ainda se arranjaria tempo para mais alguma coisa. Claro isto sem contar com as coisas menos interessantes, mas que têm que ser feitas, como por a lavar cuecas e meias, pagar algumas contas, conversar com o administrador do condomínio, etc. Mas normalmente consigo fazer tudo o que tenho planeado e ainda arranjar tempo para fazer mais algumas. Às vezes.......
Sim às vezes, neste caso, ou seja neste fim de semana o tiro saiu-me pela culatra, na sexta ainda consegui ir às aulas de Danças de Salão que entretanto iniciei às Sextas-feiras e logo a seguir lá fui a mais uma festa de salsa, desta vez na antiga casa de culto da Salsa, o “Santiago Alquimista”, onde para além do habitual baile de Salsa ia haver umas demonstrações d’alguns Professores de Salsa e até de um par internacional. Lá levei alguns amigos no meu carro para nos encontrarmo-nos com outros que já se encontravam dentro do “Santiago Alquimista”. A noite prometia. Lá comecei a salsar umas salsitas e a por a conversa em dia com alguns amigos que já não via à algum tempo. Mas de repente enquanto falava com o Pedro, um desses amigos, comecei a ficar um bocado para o esquisito. Ele bem que estava a achar que eu de facto não lhe estava a dar muita conversa, o que não é habitual, mas lá continuou a falar. Entretanto eu começava cada vez a ficar mais esquisito. Pensei que fosse fraqueza, é que já tinha comido às umas horas atras e como já tinha tido uma horita de aulas de Danças de Salão em cima do pêlo... Lá comprei uma tosta mista e comecei a comer.. Mas lá mastigar a primeira dentada da tosta mastiguei eu .. agora engoli-la é que foi um caso mais sério. De repente comecei a transpirar por todos os lados, eu só pensava, “mas... não dancei assim tanto para estar a suar assim, que raio”. De repente tive que efectuar uma rápida manobra na direcção do WC local. Meio a correr meio a cambalear e já com a mão na boca lá me dirigi à casa de banho rezando pelo caminho para que a zona das sanitas estivesse vazia... Estava.. ufa.. entrei e .. o resto é melhor não contar pois é um espectáculo não muito edificante para a minha pessoa. Raios partam, tinha comido alguma coisa que me tinha feito mal.. Não, não pensem que tinha bebido demais, pois ainda não tinha sequer bebido nada alcoólico naquela noite. Se fosse ao menos isso, sempre era por uma boa causa, mas assim a seco, era inglório. Bem nisto lá fui indo e vindo ao WC para ver se aquilo parava, mas de facto e conforme os meus amigos me iam dizendo, estava cada vez a ficar mais branco. Lá tomei uma água das pedras e depois um chá. Mas a má disposição continuava. Entretanto os tais artistas nacionais e internacionais a actuar e a dançar salsa e eu a olhar para o fundo da sanita, a ver a agua do autoclismo a fazer piruetas, ou seja voltas pivot.... Bem depois de algumas insistências lá me convenceram de que de facto deviria é ir para a cama. O Rafa não me deixou ir sozinho e levou-me para casa dele para eu não ficar sozinho durante a noite. No outro dia lá acordei um pouquinho melhor, o Rafa lá me levou a casa, mas as revoluções internas nas minhas entranhas continuaram e agora também espalhadas por outras partes do corpo. Mas vejamos o lado positivo, nesta altura pelo menos quando ia à casa de banho já não necessitava de olhar para o fundo da sanita, já me podia sentar nela, o problema era manter-me muito tempo afastada dela. Consegui ainda ir ao lanche programado para o sábado e ver a tal filhota do meu amigo Miguel e ainda arranjar forças para ir ver à noite o Espectáculo “Romeu e Julieta”. Sim é que tinha dado 30 Euros pelo bilhete e nem que levasse uma rolha comigo tinha que o ir ver, que 30 Euros são 30 Euros, porra. Depois de uma luta “intestina” durante o espectáculo, lá regressei a casa. No Domingo continuava de rastos e continuava a correr para o WC. Ainda ponderei a hipótese de não viajar para Barcelona no Domingo, mas lá fui. Pela primeira vez que faço estas viagens de Lisboa a Barcelona efectuei algumas visitas as instalações sanitárias do A319 da TAP. Depois de lá cheguei ao meu apartamento a Barcelona onde me atirei para cima da cama até o despertador tocar de manhã. Finalmente tinha conseguido descansar e dormir sem ter que ir a correr para a casa de banho, neste caso para os “servicios” pois já me encontrava em Espanha.
Agora, segunda à noite, altura em que vos estou a escrever esta crónica acabei de comer uma canjinha feita de frango espanhol (pollo) que será o meu jantar nas próximas noites. Tapas... agora só para a semana.
Bem e eu que tinha um fim de semana programado para ser movimentado. Mas bem vistas as coisa até que foi movimentado, não era bem era este tipo de movimentação que eu tinha em mente.

Crónicas Barcelonistas 28 - Festa internacional

6 de outubro de 2004

Terça feira foi feriado por estas bandas. Então resolvi começar a planear o dia de folga. Segunda-feira véspera do feriado fui beber uma clara com a Doris, que é uma Austríaca que está também a trabalhar aqui na Nestlé Espanha. Lá combinamos encontrarmo-nos no café Zurique na Praça da Catalunha. Estava eu no célebre 63 (o tal Autocarro) a caminho do centro de Barcelona, quando recebi um sms da Dioris que dizia mais ou menos isto, mas em espanhol claro: “Festa privada, às 11, queres ir”. Ui, festa... claro disse logo que sim. Então depois de termos bebidos umas claras e de palrar um pouco lá nos dirigimos para o local da tal festa. Compramos uma garrafa de cava e uma de vinho tinto para não aparecermos de mãos à abanar e lá fomos. Pelo caminho apanhamos uma outra Austríaca amiga da Doris, essa sim que tinha sido convidada mas que lhe tinham dito para levar quem quisesse. Depois de uma aventura a subir num Elevador mais velho que o meu avô se fosse vivo, lá chegamos ao apartamento. Aquilo estava cheio de pessoal, tudo de bebida na mão em amena cavaqueira. Finalmente lá conheci o organizador da Festa, um inglês de nome Richard que está também a trabalhar por aqui por Barcelona mas não sei bem em quê, ele bem me disse mas já não me lembro, mas já vão perceber porque é que já não me lembro. É que entretanto começamos a falar com os outros convivas, ora em Espanhol ora em Inglês, e eles eram tantos que me esqueci dos tantos nomes, profissões e razões de estar em Barcelona. Ora vejam, é que pelo menos as nacionalidades acho que ainda me lembro: um Inglês, o anfitrião como já tinha dito, dois Suecos, uma Italiana, uma Suíça, mais dois Austríacos, um Francês, um Belga, dois alemães, uma Mexicana, uma Argentina para além de uma mão cheia de Espanhóis, isto que me lembre. E imaginem a coincidência um dos Alemães tem os pais a morar no Algarve e até falava Português. Por isso quando saí da festa já estava era com sérias dificuldades em saber o meu nome, a minha profissão e acima de tudo a minha nacionalidade, e acreditem que não foi de beber muito. Há, é verdade, acho que só não consegui saber a nacionalidade de duas tartarugas que estavam dentro de um Aquário, é que elas não falavam nem Espanhol nem Inglês.
No entanto o mais engraçado da festa foi ver o ar um pouco embaraçado de uma “chica” Sueca quando eu como bom Português cumprimentei as meninas com dois beijinhos (na face seus malandros). É que por exemplo, e vim eu mais tarde a saber, na Suécia cumprimenta-se uma “chica” com um aperto de mão, ou então quando é um comprimento mais intimo, ou seja de alguém que já se conhece à mais tempo dá-se um terno abraço e pronto, mas beijinhos é que não. Mas enfim já estava dado por isso, paciência. Estava lá na festa um Belga com cara de quem não se importaria de levar um beijo doutro homem, mas teve de se contentar com um aperto de mão, xiça.

Nota: Uma clara é uma cerveja com limonada de garrafa. É como o nosso panachê, mas por aqui em vez de gasosa usam limonada e geralmente da mais rasca que é para ficar melhor.

 
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