Nine Million Bicycles

15 de março de 2007

Foto by Luis Silva (2005/12)

Nine Million Bicycles

There are nine million bicycles in Beijing
That's a fact,
It's a thing we can't deny
Like the fact that I will love you till I die.

We are twelve billion light years from the edge,
That's a guess,
No-one can ever say it's true
But I know that I will always be with you.

I'm warmed by the fire of your love everyday
So don't call me a liar,
Just believe everything that I say
There are six BILLION people in the world
More or less
and it makes me feel quite small
But you're the one I love the most of all

We're high on the wire
With the world in our sight
And I'll never tire,
Of the love that you give me every night

There are nine million bicycles in Beijing
That's a Fact,
it's a thing we can't deny
Like the fact that I will love you till I die

And there are nine million bicycles in Beijing
And you know that I will love you till I die!

Katie Melua Piece By Piece - Nine Million Bicycles (lyrics)

Momentos mágicos – Gerês 2005

5 de setembro de 2006

Estava um dia destes a teclar com uma amiga minha no Messenger quando no meio da conversa começamos a falar de momentos mágicos.
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Aqueles momentos especiais nas nossas vidas em que tudo à nossa volta se conjuga de uma tal forma que inexplicavelmente somos como que arrebatados para uma outra dimensão onde tudo parece perfeito, coerente, tranquilo, sereno, grandioso, simples, único. Como se de repente o tempo quase que parasse, como se naquela altura a nossa vida ficasse suspensa e onde nos apetecia ficar para sempre. Esse momentos que vamos vivendo são normalmente tão fortes que ficam gravados em nos para sempre, são momentos que nos tocam pela sua intensidade e simultaneamente pela sua suavidade. Não falo daquelas emoções fortes por exemplo relacionados com eventos ou acontecimentos, tristes ou alegres, que nos marcam e de que nós também não nos esquecemos, como por exemplo, casamentos, divórcios, crises nos relacionamentos, perdas de pessoas chegadas, etc. Não, nada disso, estou a falar de momentos mágicos, aqueles momentos que nos ficam gravados de cheiros, emoções, sabores, de imagens... Que nos fazem recordar aquele minuto, aquele dia, aquela pessoa, aquele local, aquele encontro, aquele... aquele…... Penso que são a perceber o que quero dizer.
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Esses momentos são únicos e acontecem em qualquer lado e muitas das vezes quando menos esperamos, estejamos nós abertos a que eles aconteçam.
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Nessa conversa, que já nem sei como foi ter a este assunto, a minha amiga pediu-me para lhe contar um desse momentos mágicos.
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Todos nos tivemos e vamos tendo esses momentos, em diferentes locais e ocasiones, de uma forma mais ou menos intensamente ou suave consoante o motivo. Lembrei-me de quando era ainda criança e em que chegava a casa completamente encharcado devido a uma molha que tinha apanhado do caminho da escola para as aulas, lembrei-me dos serões passados na terra dos meus pais junto ao calor da fogueira que se mantinha quase sempre acesa durante o Inverno, pensei nos momentos de ansiedade vividos nas vésperas de receber as prendas do Pai Natal, ou melhor do menino Jesus, que era quem no tempo da minha meninice fazia a entrega das prendas na época natalícia, pensei nos longos passeios ao mar com uma pessoa amada, pensei nas longas conversas noite dentro tidas com amigos na procura de soluções para os problemas da humanidade.
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Desses momentos destacou-se um momento mais recente, embora com mais de um ano, de um fim fantástico que tive o privilégio de partilhar com quatro bons amigos meus.
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Um fim-de-semana prolongado, daqueles em que se tira uma ponte para se aproveitar mais pausadamente.
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É sobre um dos momentos desse já de si fim-de-semana magico que vos vou falar nesta crónica, aproveitando assim para prestar homenagem àqueles que comigo partilharam estes tão saborosos e fantásticos momentos ai vividos no Gerês. Nesse fim-de-semana aconteceram mil e uma peripécia, aventuras, adversidades de tal forma intensas e magicas que jamais o esquecerei.
Mas como tinha de destacar foi este que me veio á memoria:
"Estava-mos no inicio da primavera, e apesar de termos apanhado bom tempo ainda fazia algum frio ao anoitecer e ocasionalmente caiam ainda umas gotículas de chuva que ajudavam a limpar o céu, o dia estava quase a dizer-nos adeus começando a dar lugar á noite, estavam criadas as condições para podermos desfrutar de um pôr de sol magnifico, o céu estava pintado de diversos tons de amarelos laranjas e castanhos misturados com um azul forte que ia desaparecendo e escurecendo lentamente.
Tínhamos acabado de chegar a uma das poucas povoação no cimo de uma das serra locais, o local foi escolhido ao acaso, Alguém de nos os cinco que íamos dentro do carro tinha visto uma tabuleta que indicava que naquele vilarejo, havia restaurante - “..e se fossemos ali jantar?”.Como tinha-mos devorado já uns bons quilómetros e como o pessoal já se começava a queixar de algum desconforto provocado pelo estômago vazio, decidimos que seria um bom local para sairmos da estrada principal e irmos relaxar e comer qualquer coisita, pois não sabíamos quando encontraríamos outro restaurante naquelas zonas. Chegados ao vilarejo lá fomos direitos ao restaurante para darmos uma olhadela na ementa. Escolhidos os pratos e enquanto estes eram confeccionados, dissemos ao empregado de mesa, que por sinal também era o dono, que ia-mos dar uma volta pela aldeia para ver o pôr do sol e para espreguiçar as pernas antes de nos sentarmos e de comermos. Afinal estávamos á vontade, no restaurante era-mos os únicos clientes. Saio-mos, o esplendoroso pôr-do-sol lá estava á nossa espera, as cores faziam com que ficássemos sem fôlego e os olhos perdiam-se no horizonte. Na aldeia pairava um ruído calmo e sereno de fim de dia de trabalho, ouviam-se algumas vozes sumidas, e dispersas. Os habitantes locais regressavam calmamente do trabalho do campo e preparava-se para regressar aos seus lares. O odor de lenha a arder sentia-se suavemente indicando que alguns dos locais ainda cozinhavam á maneira antiga, e de algumas chaminés podíamos constatar isso através do fumo mais negro que delas saia. Nesta altura já em si magica começamos a ouvir o sussurrar de cânticos, rezas... ainda pensei que fosse alguém que tivesse a ouvir o terço na Rádio Renascenças, mas indagando pelas ruelas vizinhas com a ajuda de uma amiga lá verificamos de que se tratava de facto do terço mas não vindo de uma qualquer rádio, mas sim vindo de uma capela que ficava numas das ruelas não muito longe do restaurante. Nessa capela algumas velhotas faziam as suas orações de fim de dia, emanado pela aldeia um sussurro de vozes em couro não muito afinado mas ao mesmo tempo melodioso e suave. Foi nesse cenário que tive o privilégio de partilhar e desfrutar um dos mais fantásticos pores de sol que tive ocasião de assistir. Depois de assistir a este momento fomos para o restaurante onde nos sentamos a comer calmamente saboreando não só jantar como digerindo também a entrada que tínhamos tido a ocasião de termos presenciados e sentido.
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Agradecimentos:
- Aos meus companheiros de viagem, a Sandra a Rita o Rafa e o Tiago com que tive o privilégio de ter partilhado esta viagem fantástica.
- À Cristina por me ter feito recordar tão detalhadamente este momento.
- À Dona Helena, mãe da Sandra pelas magníficas almôndegas (e não só) que nos costumam acompanhar nestas ocasiões de viagem.
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E já chega… de agradecimentos..
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Quem sabe um dia destes descrevo outro destes momentos mágicos… a ver vamos..

Sigamos o Mikey.

15 de agosto de 2006

Existem para aí alguns boatos sobre o facto de eu ser um pouco distraído e desorientado. Nomeadamente bocas sobre o facto de eu seguir sem explicação plausível carros com Mikeys pendurados na antena.

Confesso que de facto que sou um pouco despistado, mas não pensem vocês que foi de um dia para o outro que consegui atingir este estado de me conseguir facilmente perder num caminho qualquer por mais simples que ele seja. Foram longos anos a apurar esta arte do perder caminhos e coisas, na tentativa de conseguir um dia alcançar a forma perfeita e superior da perdidela.

Nesta minha saga para atingir os mais altos desígnios da arte da perdidela, vou-vos relatar uma das situação que me aconteceu recentemente e que demonstra que estou de facto muito perto de atingir o tal estado de perfeição de que vos falava anteriormente.

De facto já perdi muitas coisas, desde aviões, carteiras, telemóveis, chaves, etc. No entanto no outro dia perdi o meu carro. Não que tenha sido a primeira vez, porque é uma coisa que acontece com alguma frequência, principalmente quando ando sozinho, altura que mais facilmente me ponho a efectuar actos de reflexão sobre a minha insignificante existência aqui na terra, ou por exemplo por estar a resolver mentalmente equações sobre passos salseiros de formulas intermináveis e de difícil resolução, ou ainda então devido ao facto de passar por mim um par de longas pernas que faz com que o meu cérebro passe a pensar em coisas bem mais profundas e interessantes do que onde raios coloquei o carro.

Mas iniciemos então o relato da última perdida de carro que fiz:

Era um Domingo e estava sem nada para fazer, lá chegou aquela altura da tarde em que o malfadado tédio ataca de uma forma violenta e em que não apetece acender a televisão, não apetece ouvir musica e os livros que estão por ler aparentam todos um aspecto de pouco ou nenhum interesse. Assim e não me tendo dado a vontade de chagar nenhum amigo para ir ao cinema ou para fazer outra coisa qualquer, resolvi ir até a um dos meus antros de perdição, a Fnac. Não me apetecia ir á Fnac do Chiado pois fica mais longe e então resolvi ir até ao à Fnac do Colombo. Fui até ao PC de forma a obter informações na net sobre as actividades culturais da Fnac para aquele dia e naquele dia até ia tocar á tarde um grupo musical cujo nome já não me lembro. Assim para além de ir dar uma olhadelas pelos livros, pelos CD's e pelas últimas novidades em tecnologia de DVD's, fotos e afins, poderia entreter-me um pouco com um grupo musical que iria apresentar ao vivo no auditório da Fnac o seu novo CD que estava para ser lançado brevemente.

Assim lá rumei eu direito ao Colombo. Sim direito, não me desviei nem me perdi por nenhum atalho.. Vocês são terríveis, já estavam para aí a pensar as voltas e mais voltas que tinha dado para chegar ao Colombo não? Mas quer queiram acreditar ou não foi mesmo lá direitinho. Estacionei o carro e segui em direcção à para a loja da Fnac. Lá estive durante um bom bocado. Vi as últimas novidades discográficas, apreciei e babei-me com os últimos modelos de televisões LCD's, namorei os últimos modelos de máquinas fotográficas, passei os olhos por alguns livros de BD, ouvi alguns CD's nalguns dos postos de escuta existentes e claro que está ouvi então o tal grupo que actuava por voltas das 18h. Acabei por não ver o espectáculo todo pois a musica que tocavam não fazia muito o meu género. Assim bebi um cafezito e dirigi-me à saída da Fnac, entretanto e espantosamente não se tinha agarrado às minhas mãos nenhum CD nem nenhum Livro, fenómeno que normalmente costuma acontecer nas vezes que me desloco às lojas da Fnac e que costuma depenar ainda mais a minha já parca conta bancária.

Saindo da Fnac fui ainda dar uma olhadela a algumas das lojas que costumo visitar normalmente quando vou ao C. C. Colombo, "A Casa", "Tribo", "Celeiro", "Natura", "Tema". Felizmente a "Worten" estava fechada por ser Domingo e assim não havia o perigo de aí ainda se poder agarrar algum objecto às minhas mãos.

Estava na altura de ir para casa, antes ainda comi uma Pita Shoarma e uma Cola-Light porque o estômago já estava a começar a queixar-se e porque não estava mesmo nada a apetecer ir cozinhar o jantar a casa. Estômago mais aconchegado e lá vai ele em direcção ao carro. Desci ao piso -1 onde normalmente coloco o carro e antes de pagar tentei relembrar-me onde tinha colocado o carro. Mas parecia que tinha tido subitamente um ataque de amnésia, não fazia a mínima ideia onde o tinha colocado, normalmente coloco-o sempre na mesma zona, na zona Azul, que assim facilita-me a procura deste pequeno e esquivo objecto que é o meu carro. Mas por muito que tentasse lembrar-me não me vinha à memória onde raio tinha colocado desta vez o Amstrong, nome por que dá o meu pobre Honda Jazz. Bem como não me conseguia mesmo lembrar, resolvi começar a pesquisa de uma forma metódica, ou seja, comecei atabalhoadamente a procura-lo pelos diferentes corredores do piso -1 da zona azul. Mas nepias, Amstrong nem vê-lo. Mas que raio tinha quase a certeza absoluta que o tinha colocado no piso -1. Bem certeza certeza.. Estava na hora de ir tentar a minha sorte ao piso -2. Lá fui até ao piso inferior fazer o mesmo tipo de pesquisa. Mais uma vez nada de nada. Raios, seria que o Amstrong tinha finalmente fugido de mim, farto dos mal tratos que lhe tenho infligido aos longo destes últimos 3 anos? Procurei e procurei de novo e nepias. Voltei ao piso -1 na esperança que ele tivesse apenas ido beber um café mas que entretanto tivesse regressado mas nada de novo. Já farto desta procura infrutífera e farto de procurar na minha memória onde raio teria eu colocado o carro, resolvi pegar no tiket que ainda não tinha tirado do bolso. É que pelo menos no bilhete costuma estar o local por onde se entra no parque de estacionamento e isso poderia ajudar-me miraculosamente a encontrar o carro. Aí tive um segundo susto, não encontrava o raio do tiket, procurei nos bolsos das calças, nos bolsos da camisa, nos compartimentos da minha fiel mochila, dentro da carteira, nas cuecas, sei lá... procurei em todo o lado, e nada. Estou lixado pensei eu. Que raios, agora é que estou frito. Não tenho tiket nem carro. Isto é um complom, resolveram lixar-me só pode ser, deve ser para os apanhados, certeza absoluta.. Mas de repente ajudado pelo facto de não encontrar o tiket veio-me finalmente à memória onde tinha colocado o carro. "É isso porra, está lá fora".. Um casal que passava por mim no parque nesse momento até ficou a olhar para mim, o que demonstrou que devo ter falado um pouco mais alto do que o que é aconselhável para alguém que se encontra sozinho. Mas que se lixassem, finalmente estava resolvido o mistério. De facto cá fora, ao chegar, tinha visto um gajo a sair de um lugar mesmo perto do Colombo, e tinha aproveitado para estacionar o carro cá por fora de forma a poupar uns cobres no estacionamento.

Crónicas da viagem aos reinos do norte da Iberia.

29 de junho de 2006

Era uma vez uma linda Princesa que vivia no lindo castelo do reino de Corroios, era a Princesa Sandrinha, também conhecida pela Princesa da Salsa.

Certo dia estando cansada das suas árduas e desgastastes tarefas de administração da saúde do seu reino e também um pouco aborrecida pela falta de diversidade das actividades lúdicas que pairavam sob o seu reino, a nossa linda Princesa resolveu organisar uma longa viagem para conhecer os longínquos reinos da Galiza, Cantabria , Asturias e Castela y Leon.

Esta viagem não só iria permitir à Princesa descansar durante alguns tempos como iria também servir para abrir novas portas de comunicação entre as comunidades salseiras do reino de Corroios e reinos em redor e as comunidades salseiras desses reinos distantes.

A noticia rapidamente chegou aos reinos que iriam ser visitados, e todos iniciaram os preparativos para receber a bela Princesa. Sabendo de antemão que a princesa gostava de Catedrais e Igrejas, resolveram em todas as cidades construir catedrais e igrejas imponentes e grandiosas que deveriam estar concluídas aquando da chegada de tão ilustre visitante.

Para a acompanhar nessa longa viagem a Princesa convocou os cavaleiros em quem depositava mais confiança. Esses cavaleiros eram os seus mui nobres cavaleiros da Salsa em Linha que logo aceitaram seguir a Princesa. Assim o mui nobre e corajoso cavaleiro Rafael do reino de Santa Iria e o seu mui fiel e honrado cavaleiro Luis do Reino de Carnaxide iniciaram os preparativos para ajudar a Princesa nesta grande epopeia.

Estes cavaleiros dos reinos vizinhos eram conhecidos pela sua bravura pelo que o Rei e Rainha do reino de Corroios ficaram mais tranquilos sobre a segurança desta viagem. A Rainha preparou então grandes quantidades de comida para que todos os elementos da expedição tivessem com que se alimentar durante a viagem.

O cavaleiro Rafael também conhecido pelo Cavaleiro Galhito Destemido convidou logo a sua linda amada, a Dama Marta Rabbit para o acompanhar e que era umas das maiores arquitectas dos reinos vizinhos. Entretanto a Princesa convidou também uma Dama de confiança para se juntar ao grupo, era a mais bela Dama do reino da Bobadela a Dama Teresa Via-michelin, conhecida pelas suas grandes capacidades de navegação.

Entretanto o Cavaleiro Luis de cognome cavaleiro Salseiro Mor reuniu no seu castelo todos os elementos da expedição a fim de ultimar os preparativos para a viagem. Durante dias e dias foram elaborados ao pormenor todos os aspectos da viagem.

Assim e mais alguns dias depois estava finalmente preparada a caravana para a esta viagem expedicionária que viria a ficar gravada nos anais da historia.

Os reinos de Carnaxide e Santa Iria ofereceram dois magníficos coches reais onde emparelharam os melhores cavalos que possuíam nas suas reais cavalariças, destes cavalos destaco o Jazz-Mete-a-Quinta um excelente Puro Salsa e o Seat-Over-and-Out um magnifico exemplar da raça Kizombano.

Assim no dia 7 de Junho do glorioso ano de 2006 finalmente a expedição partiu.

Para trás ficaram os inconsolados admiradores e pretendentes da bela Princesa Sandrinha, bem como as paletes e resmas de fãs deste modesto narrador. Consta que a Dama Teresa terá também deixado muitos desgostosos pretendentes que tinham medo de nunca mais poder ver a sua dama de eleição. Quanto ao cavaleiro Rafel e á Dama Marta, esta viagem serviria para consolidar o seu grande amor.

Muito tempo depois....

Agora que regressamos desta extraordinária epopeia vêm-me à memória de uma forma emocionada as muitas aventuras e actos heróicos que efectuamos e que mudaram para sempre os reinos do Norte da Península Ibérica. Não vos irei massacrar com essas aventuras e acontecimentos fantásticos porque eles foram tantos e de tal forma grandiosos que o tempo que disponho de momento não me permite fazê-lo sem que descure as minhas obrigações diárias para com o meu reino, no entanto um dia quando tiver mais tempo tentarei, se é que será alguma vez possível narrar-vos essas aventuras da Princesa de cognome Princesa Trancinhas e todos aqueles que acompanharam.

Acabo este relato apenas mencionando um acto da Princesa que me feriu profundamente, não só a mim mas como a todo o corpo expedicionário, a Princesa tinha prometido fazer umas lonags tranças com o seu lindo cabelo mas até a hora que humildemente vos escrevo esta crónica essa já antiga promessa ainda não foi cumprida.

Cavaleiro Luis Silva (DanceWalker)
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Crónicas Barcelonistas - Editorial

3 de março de 2006

As crónicas Crónicas Barcelonistas foram escritas em 2004/2005 durante a minha estadia em trabalho na Cidade de Barcelona, nessa altura fui escrevendo estas crónicas de forma a ir mantendo o contacto com os amigos daqui de Portugal narrando as minhas aventuras por terras Espanholas, agora finalmente estão todas as 33 publicadas neste Blog.


ou "Aventuras de um Tuga em terras Espanholas " ou "Incursões Tugas na Catalunha"

DanceWalker

Crónicas Barcelonistas 33 - BUS 63

8 de dezembro de 2004

Isto andar de autocarro é uma alegria. Já não andava de autocarro assim com tanta regularidade desde os meus primeiros anos de trabalho, não vou dizer à quantos anos foi isso que me faz lembra a idade que tenho. Sim que isto quando se chega aos 27 anos é uma porra. Para além da senilidade e das dores que começam a aparecer aqui e ali começamos também a ter um sério problema que é o de mentir sobre nossa idade. Bem, mas voltemos ao assunto desta crónica antes que escreva alguma coisa de que me arrependa sobre esta questão das alterações que acontecem com a idade.
É verdade, quem me ia convencer que em 2004 estaria a trabalhar em Barcelona e a ir de Autocarro de casa para o trabalho. Bem não se pode chamar bem ao meu apartamento aqui em Barcelona a minha casa, mas o facto é que acabo por passar mais tempo aqui no apartamento do que na minha verdadeira casa aí em Portugal.
Todas as manhãs lá vamos nós, eu e o Nuno, de pasta na mão e ainda meio ensonados (este grau de sonolência depende sempre do programa do dia anterior) para a paragem de Autocarro cá da zona. A paragem de Autocarro do belo 63, que vai de S. Juan Despí até à Praça da Catalunha. Neste percurso passa pela Nestlé onde lá descemos nós, que remédio. Ao fim da tarde é o mesmo percurso mas agora em sentido contrario. Sempre que quero sair à noite para dar uma volta lá tenho que apanhar outra vez o 63. No outro dia comecei a fazer mentalmente contas às viagens de que por aqui já fiz de 63. Sim, é que estava sem sono e para adormecer lembrei-me disso, foi remédio santo, adormeci que nem um anjinho, quais questões filosóficas sobre o sentido da vida qual quê, ao fim de contar para aí uma dúzia de viagens adormeci que nem uma pedra. Sim que isto de contar carneiros já não se usa esá fora de moda, então temos que arranjar alternativas mais modernas. E como eu não vejo a Quinta dos Piolhosos, não posso adormecer a contar as bacoradas que devem ser ditas pelo Castelo Branco, tive que arranjar outro método. Assim lá me coloquei a contar viagens de 63. Claro que poderia contar outra coisa qualquer, por exemplo passageiros do autocarro 63, que era um universo muito maior e que daria para mais tempo caso a insónia perdurasse. Mas se tivesse enveredado por esse caminho teria sido o cabo dos trabalhos, é que entretanto na contagem imaginária de passageiros a mente poderia passar e ficar fixa nalguma passageira que eu tivesse visto recentemente no autocarro e aí é que nunca mais adormecia. Contar Autocarros ou viagens de Autocarro é bem mais inócuo.
No outro dia estavam umas senhoras a fazer uma estatística no autocarro. Mal entravam estava uma senhora identificada como sendo da TMB – Transportes Metropolitanos de Barcelona (a Carris cá da zona) a entregar um papel com a paragem onde tinha-mos entrado. O papel dizia que deveríamos entregar o papel à saída do Autocarro. Sim que a gente já vai percebendo qualquer coisa de Castelhano. Durante a viagem ainda ponderamos se deveríamos deixar ou não o número de telemóvel no papel. Mas não deixamos. Não que o papel pedisse esse dado, alias o papel nem era para a gente preencher nada. Apenas não deixamos o número de telemóvel porque as senhoras que estavam a fazer este trabalho não eram daquelas que nos deixam sem sono quando estamos a contar passageiros para adormecer.

Crónicas Barcelonistas 32 - Os homens de Negro

17 de novembro de 2004

Normalmente eu e o Nuno andamos com um fato preto, cada um com o seu claro. Então devem passar-se coisas engraçadas pelas cabeças do pessoal que nos vê a andar na rua. Dois fulanos a falar uma língua estrangeira, vestidos de fato preto e com uma mala preta igualzinha na mão. Faço ideia. Especialmente nos dias em que nos esquecemos de tirar os cartões de Identificação da Nestlé pendurados na lapela do casaco, “americana” em espanhol. Devemos parecer ou alguns Inspectores do FBI ou então uns “Mormons”. No outro dia lá pelas 18:30, altura em que a noite já está cerrada aqui por Barcelona, resolvemos dar de frosques da Nestlé. Depois de umas mensagens subtilmente trocadas por e-mail para combinar a saída, lá arrancamos rumo aos nossos apartamentos. Como habitualmente, apanhámos o elevador para descer do nosso piso, o quinto, até ao piso zero, piso que dá acesso à saída do edifício da Nestlé. Nos últimos dias tem estado um frio de rachar e então temos levado as nossas luvas. Ao descermos, no 4º piso entrou entretanto um pobre sujeito. Eu e Nuno lá estávamos os 2 de negro cada um de seu lado do elevador e cada um com a sua pasta preta. Na altura que o dito Sr. entrou no elevador coincidiu com a altura em que sacamos das nossas luvas, também elas pretas. O Sr. lá marcou o andar pretendido, o piso –3. Olhou entretanto para nós e efectuou um leve sorriso, mas farto de sorrir para Espanhóis já estávamos nós nesse dia, pelo que mantivemos o nosso semblante carregado de “vai mas é à fava”. O Sr. ia partilhando inquietamente o olhar entre nós, que estava-mos a vestir meticulosamente as luvas, e o monitor do elevador que mostrava o piso por onde íamos passando.. –3..... -2..... lá continuava o elevador a descer. Entretanto eu e o Nuno trocamos um olhar, do genro “que raio de ave rara é esta que vem aqui no elevador”. O Sr começou então a encostar-se a um lado do elevador, mas tropeçou na mala preta que eu tinha pousado no chão enquanto calçava as luvas. Nessa altura inclinei-me dele a fim de retirar a minha mala do chão. Enquanto me levantava olhei para o Sr. Este encostou-se ainda mais à parede do elevador onde o Nuno do outro lado o olhava também. TIMMM... Piso 0, abriram as portas do elevador. Já de luvas calçadas, casaco bem apertado e mala na mão direita lá sai-mos, ainda olhamos de esguelha para traz para parede do fundo do elevador onde o Sr. se tinha entretanto refugiado.
Mais uma vitima aterrorizada pelos terríveis Homens de Negro. Não os MIB mas sim os MIBIB- Men in Black in Barcelona.

Crónicas Barcelonistas 31 – Conversas trocadas

7 de novembro de 2004

Ao telefone
Em Espanha
Economizar
Ao telemóvel.
- Boas tardes, estou a falar com o senhor Luis Silva?
- Sim, é o próprio.
- Daqui fala da TMN, verificamos que o Sr. têm um cartão da TMN mas que a sua utilização tem sido bastante frequente, pelo que gostava de lhe perguntar se queria saber uma maneira de poder economizar nas suas chamadas.
- Sim, por acaso gostava, mas para eu começar já a poupar podia-me telefonar na próxima Sexta-Feira? É que eu estou em Espanha e estou a gastar imenso dinheiro em “rooming”.
- Há .. sim ... claro... perdão, eu volto a ligar então na sexta-feira, desculpe.....

Sexta feira
Ao telemóvel.
- Olá, então Luis, como vai isso? Fala o ......... (Amigo que deseja manter o anonimato).
- Tudo bem mas olh.....
- Porreiro, então hoje vais ao Barrio Latino (Bar de salsa em Lisboa).
- Não é que eu....
- Então, mas não costumas lá ir sempre às Sextas?
- Eu até ia, mas este fim de semana fiquei em Barcelona estás a ver.
- Opps, desculpa para a semana falamos.. Tchau...
Em Portugal

Madrugadores 1
Ao telémovel às 9:30 da madrugada de Sábado
Piiii. Piiii. Piii
Meio ensonado lá pego no télemovel.
- Simmmm, quem fala.
- Olá Luisão, é o ...... (mais um amigo que deseja manter o anonimato), como vai isso, então ontem foste ao Barrio?
Sim, saí de lá por volta das 5:30 da matina ...
- Eh pá, grande noitada.. Deves estar cheio de sono .. heeeeee, pois, eu ligo mais tarde.. inté...

Madrugadores 2
Às 10:00 da madrugada de outro Sábado batem à porta da minha casa.
- Bons dias - dizem com um enorme sorriso duas testemunhas de Jeová – Gostaríamos de saber se podíamos falar com o Sr. durante um pouc....
Mas olharam para a mim e calaram-se, a minha cara deveria mostrar um ar vago distante e não muito contente, e o aprumo da minha indumentária, pijama, robe e chinelas demostravam quão à pressa eu tinha vestido essa roupa...
- Se calhar é melhor passar cá noutro dia. Não?
- Sim..- disse eu meio a bocejar.. - Passem por cá durante a semana de preferencia entre a Segunda e a Quinta......

Batem à porta suavemente.
- Muito boa tarde, por acaso já ouviu falar da Tele 2
- Boa tarde, sim, já ouvi.
- Óptimo, é que como sabe nós temos umas condições excelentes e muito superiores às da PT, é que.....
- Desculpe mas parece-me que não estou interessado.
- Mas olhe que os preços são mesmo muito inferiores aos da PT, só para lhe dar um exemplo, e a propósito que tipo de ligação tem? Simples, Rdis, ou outra?
- Ligação TMN, ou seja não tenho telefone fixo.
- Há... pois estou a ver... desculpe o incómodo...

Baterias
Ao telemóvel.
(Mais um amigo que deseja manter o anonimato)
- Olá Luis, então essa semana em Barcelona, foi porreira.
- Sim, bla, bla, bla....
- Bla, bla, bla....
- Bla, bla, bla....
- Bla, bla, bla....Ó Luis, olha que o teu telemóvel está para aí a apitar, eu ouço daqui, deves estar a ficar sem bat..... piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Minutos mais tarde
- Olá de novo Luis, afinal era o meu que estava a dar sinal de falta de bateria, he he he...
De novo em Espanha
Estou sim?
Toca o telemóvel.
1ª Tentativa
- Buenas tardes me podia hamar o Josep.
- No, no posso que no conesco nenhum Josep.
- No? Josep Perez?
- No, no conesco, eu até sou de Portugal, não sou daqui de Espanha..
- Como, no intiendo, pero ...Josep... si deve ser engano, perdon.

2ª Tentativa
- Queria hablar com Sr Josep.
- Daqui habla o mesmo Sr. para quem ligou à pouco que es de Portugal e neste minuto que passou ainda não conheci nenhum Josep Perez.
- Como... no intiendo...devo ter lo numero trocado, mais una vez mil perdones

3ª tentativa
Piiiii.........Piiiii.......Piiiii
Como entretanto ainda não tinha encontrado nenhum Josep Perez no meu apartamento, não voltei a atender...

Menina estás à janela..
Por aqui, em San Juan Despi, zona dos apartamentos o sinal de rede dos telemóveis é bastante fraco. Mas se na zona a rede é fraca, dentro do apartamento é muito difícil apanhar rede, assim tenho sempre os telemóveis junto à janela. E quando recebo ou faço alguma chamada tenho sempre que ir para a janela para conseguir falar. É muito engraçado, têm de experimentar, principalmente agora que está frio como o caraças. Mas não pensei que sou só eu, isto é uma pratica geral, assim é normal vermos pessoal nas suas janelas a falar. Quando aqui cheguei e vi as primeiras pessoas a falarem de telemóvel à janela, pensei que era pessoal que estava assim a falar para ninguém dentro de casa ouvir a conversa. Do género: algum marido infiel a combinar um encontro secreto com a amante. Mas depressa verifiquei qual era a verdadeira causa. Uma outra coisa engraçada é quando vou à janela e nas janelas dos prédios em frente, que ficam aí a uns 6 metros do meu estão mais 2 ou 3 pessoas também de telemóvel na mão em amena cavaqueira. Quem passar pela rua e que não seja da zona ainda pensa que estamos a falar de WalkiTokie uns para os outros.

Mensagens atrasadas.
Algumas vezes as mensagens chegam aqui um bocado atrasadas, já recebi s.m.s. com cerca de 10 horas de atraso, não é uma constante mas acontece. E podem querer que é sempre agradável receber um s.m.s. por volta das 3 ou 4 da manhã de alguém que nos enviou um s.m.s. às 22.00 a perguntar se a viagem até Espanha correu bem.
Imaginária...
- Olá, daqui fala um empresário de dançarinos de Salsa, andamos à caça de novos talentos e temos andado atentos à sua evolução e queríamos sab...
Toca o telemóvel e agora a sério... com o tal maldito galo-despertador... era hora de ir trabalhar...

Crónicas Barcelonistas 30 - Quebrando a monotonia

15 de outubro de 2004

Isto para animarmos as viagens para Barcelona temos que ir improvisando senão as viagens são uma “granda” seca. Então o que é que o Nuno e eu resolvemos começar a fazer. Tal como um predador, assim que chegamos à zona de chegadas do Aeroporto de Barcelona seleccionamos uma vitima. Estão a ver aquele pessoal que está à espera de que chegue alguém que nunca viu, e que colocam à sua frente uma folha A4 com o nome da pessoa que estão à espera, esperando que esta quando chegue se dirija a eles. Então é assim escolhemos uma dessas vitimas, perdão uma dessas pessoas que está a tentar descobrir como será o Sr. Abrain ou Sr. Kaliminov que nunca viram mais gordos, olhamos um apara o outro e dizemos: “aquele ali”. E começamos a andar na sua direcção como se pelo menos um de nós fosse a pessoa em questão, claro que depois passamos pela pessoa sem lhe dar cavaco, deixando-a por breves momentos com um sorriso disfarçado e patético a olhar para o ar. É super divertido, devem experimentar. Serve sempre para quebrar a monotonia após mais uma viagem e quem sabe algum dia não encontramos alguém suficientemente interessante para nos fazer passar por outra pessoa?
Na hora da partida o “Been Laden”, que é o cognome de guerra do Nuno, já anda a pensar noutra que é: Depois de fazermos o check-in ficarmos à espera que todos entrem no avião ficando só nós por entrar no avião, para ver depois a azafama daquelas hospedeiras de terra a falar aos microfones e a dizer que faltam embarcar o Sr. Nuno Veiga e o Sr. Luis Silva. Isto se for feito em Barcelona será ainda mais interessante, pois o nosso nome lido por Catalães soa muito melhor, e sempre soa mais a internacional. Não que esta situação já não nos tenha acontecido, mas na altura nem reparamos e não gozamos bem o prato, pois estava-mos mesmo distraídos numa das lojas do Aeroporto a fazer umas compritas, quando chegamos ao local de embarque só vimos as raparigas que andavam à nossa procura muito atrapalhadas a olhar para todos os lados. Claro que não convém abusar da sorte, senão algum dia ainda ficamos em terra. Há, a propósito, aqui está uma das causa porque se atrasam os aviões, por causa desta malta sem consideração nem respeito pelos demais.

Crónicas Barcelonistas 29 – Salsa WC

11 de outubro de 2004

Lá ia decorrer em terras lusas mais um fim de semana, como sempre já tinha montes de coisas combinadas que me iriam ocupar o tempo todo: salsa, danças de salão, ver um Ballet, comprar mais uns bilhetes para mais uns espectáculos para outras semanas seguintes, almoço familiar, um lanche na casa de uma amigo que tinha tido uma filhota, a Beatriz, e que eu ainda não tinha visto desde que nascera, iria ainda tentar ver os meus dois sobrinhos adoptivos a Joaninha e o Du, mais salsa claro.... e logo se via se ainda se arranjaria tempo para mais alguma coisa. Claro isto sem contar com as coisas menos interessantes, mas que têm que ser feitas, como por a lavar cuecas e meias, pagar algumas contas, conversar com o administrador do condomínio, etc. Mas normalmente consigo fazer tudo o que tenho planeado e ainda arranjar tempo para fazer mais algumas. Às vezes.......
Sim às vezes, neste caso, ou seja neste fim de semana o tiro saiu-me pela culatra, na sexta ainda consegui ir às aulas de Danças de Salão que entretanto iniciei às Sextas-feiras e logo a seguir lá fui a mais uma festa de salsa, desta vez na antiga casa de culto da Salsa, o “Santiago Alquimista”, onde para além do habitual baile de Salsa ia haver umas demonstrações d’alguns Professores de Salsa e até de um par internacional. Lá levei alguns amigos no meu carro para nos encontrarmo-nos com outros que já se encontravam dentro do “Santiago Alquimista”. A noite prometia. Lá comecei a salsar umas salsitas e a por a conversa em dia com alguns amigos que já não via à algum tempo. Mas de repente enquanto falava com o Pedro, um desses amigos, comecei a ficar um bocado para o esquisito. Ele bem que estava a achar que eu de facto não lhe estava a dar muita conversa, o que não é habitual, mas lá continuou a falar. Entretanto eu começava cada vez a ficar mais esquisito. Pensei que fosse fraqueza, é que já tinha comido às umas horas atras e como já tinha tido uma horita de aulas de Danças de Salão em cima do pêlo... Lá comprei uma tosta mista e comecei a comer.. Mas lá mastigar a primeira dentada da tosta mastiguei eu .. agora engoli-la é que foi um caso mais sério. De repente comecei a transpirar por todos os lados, eu só pensava, “mas... não dancei assim tanto para estar a suar assim, que raio”. De repente tive que efectuar uma rápida manobra na direcção do WC local. Meio a correr meio a cambalear e já com a mão na boca lá me dirigi à casa de banho rezando pelo caminho para que a zona das sanitas estivesse vazia... Estava.. ufa.. entrei e .. o resto é melhor não contar pois é um espectáculo não muito edificante para a minha pessoa. Raios partam, tinha comido alguma coisa que me tinha feito mal.. Não, não pensem que tinha bebido demais, pois ainda não tinha sequer bebido nada alcoólico naquela noite. Se fosse ao menos isso, sempre era por uma boa causa, mas assim a seco, era inglório. Bem nisto lá fui indo e vindo ao WC para ver se aquilo parava, mas de facto e conforme os meus amigos me iam dizendo, estava cada vez a ficar mais branco. Lá tomei uma água das pedras e depois um chá. Mas a má disposição continuava. Entretanto os tais artistas nacionais e internacionais a actuar e a dançar salsa e eu a olhar para o fundo da sanita, a ver a agua do autoclismo a fazer piruetas, ou seja voltas pivot.... Bem depois de algumas insistências lá me convenceram de que de facto deviria é ir para a cama. O Rafa não me deixou ir sozinho e levou-me para casa dele para eu não ficar sozinho durante a noite. No outro dia lá acordei um pouquinho melhor, o Rafa lá me levou a casa, mas as revoluções internas nas minhas entranhas continuaram e agora também espalhadas por outras partes do corpo. Mas vejamos o lado positivo, nesta altura pelo menos quando ia à casa de banho já não necessitava de olhar para o fundo da sanita, já me podia sentar nela, o problema era manter-me muito tempo afastada dela. Consegui ainda ir ao lanche programado para o sábado e ver a tal filhota do meu amigo Miguel e ainda arranjar forças para ir ver à noite o Espectáculo “Romeu e Julieta”. Sim é que tinha dado 30 Euros pelo bilhete e nem que levasse uma rolha comigo tinha que o ir ver, que 30 Euros são 30 Euros, porra. Depois de uma luta “intestina” durante o espectáculo, lá regressei a casa. No Domingo continuava de rastos e continuava a correr para o WC. Ainda ponderei a hipótese de não viajar para Barcelona no Domingo, mas lá fui. Pela primeira vez que faço estas viagens de Lisboa a Barcelona efectuei algumas visitas as instalações sanitárias do A319 da TAP. Depois de lá cheguei ao meu apartamento a Barcelona onde me atirei para cima da cama até o despertador tocar de manhã. Finalmente tinha conseguido descansar e dormir sem ter que ir a correr para a casa de banho, neste caso para os “servicios” pois já me encontrava em Espanha.
Agora, segunda à noite, altura em que vos estou a escrever esta crónica acabei de comer uma canjinha feita de frango espanhol (pollo) que será o meu jantar nas próximas noites. Tapas... agora só para a semana.
Bem e eu que tinha um fim de semana programado para ser movimentado. Mas bem vistas as coisa até que foi movimentado, não era bem era este tipo de movimentação que eu tinha em mente.

Crónicas Barcelonistas 28 - Festa internacional

6 de outubro de 2004

Terça feira foi feriado por estas bandas. Então resolvi começar a planear o dia de folga. Segunda-feira véspera do feriado fui beber uma clara com a Doris, que é uma Austríaca que está também a trabalhar aqui na Nestlé Espanha. Lá combinamos encontrarmo-nos no café Zurique na Praça da Catalunha. Estava eu no célebre 63 (o tal Autocarro) a caminho do centro de Barcelona, quando recebi um sms da Dioris que dizia mais ou menos isto, mas em espanhol claro: “Festa privada, às 11, queres ir”. Ui, festa... claro disse logo que sim. Então depois de termos bebidos umas claras e de palrar um pouco lá nos dirigimos para o local da tal festa. Compramos uma garrafa de cava e uma de vinho tinto para não aparecermos de mãos à abanar e lá fomos. Pelo caminho apanhamos uma outra Austríaca amiga da Doris, essa sim que tinha sido convidada mas que lhe tinham dito para levar quem quisesse. Depois de uma aventura a subir num Elevador mais velho que o meu avô se fosse vivo, lá chegamos ao apartamento. Aquilo estava cheio de pessoal, tudo de bebida na mão em amena cavaqueira. Finalmente lá conheci o organizador da Festa, um inglês de nome Richard que está também a trabalhar por aqui por Barcelona mas não sei bem em quê, ele bem me disse mas já não me lembro, mas já vão perceber porque é que já não me lembro. É que entretanto começamos a falar com os outros convivas, ora em Espanhol ora em Inglês, e eles eram tantos que me esqueci dos tantos nomes, profissões e razões de estar em Barcelona. Ora vejam, é que pelo menos as nacionalidades acho que ainda me lembro: um Inglês, o anfitrião como já tinha dito, dois Suecos, uma Italiana, uma Suíça, mais dois Austríacos, um Francês, um Belga, dois alemães, uma Mexicana, uma Argentina para além de uma mão cheia de Espanhóis, isto que me lembre. E imaginem a coincidência um dos Alemães tem os pais a morar no Algarve e até falava Português. Por isso quando saí da festa já estava era com sérias dificuldades em saber o meu nome, a minha profissão e acima de tudo a minha nacionalidade, e acreditem que não foi de beber muito. Há, é verdade, acho que só não consegui saber a nacionalidade de duas tartarugas que estavam dentro de um Aquário, é que elas não falavam nem Espanhol nem Inglês.
No entanto o mais engraçado da festa foi ver o ar um pouco embaraçado de uma “chica” Sueca quando eu como bom Português cumprimentei as meninas com dois beijinhos (na face seus malandros). É que por exemplo, e vim eu mais tarde a saber, na Suécia cumprimenta-se uma “chica” com um aperto de mão, ou então quando é um comprimento mais intimo, ou seja de alguém que já se conhece à mais tempo dá-se um terno abraço e pronto, mas beijinhos é que não. Mas enfim já estava dado por isso, paciência. Estava lá na festa um Belga com cara de quem não se importaria de levar um beijo doutro homem, mas teve de se contentar com um aperto de mão, xiça.

Nota: Uma clara é uma cerveja com limonada de garrafa. É como o nosso panachê, mas por aqui em vez de gasosa usam limonada e geralmente da mais rasca que é para ficar melhor.

Crónicas Barcelonistas 27 - Visitas de Portugal

30 de setembro de 2004

Cá veio mais uma “fornada” de Amigos fazer-me uma visitinha a Barcelona. O Rafa e a Sandrinha vieram de carro, grande coragem, a Rita e o Paulo de Avião. Por isso foi uma semana complicada, muito complicada, é que para além do fim de semana sempre a abrir, em que incluiu um passeio a Monserat e uma jantarada de aniversário do Paulo, durante a semana fui “forçado” a sair para beber uns copos e para dar uns passitos de dança. Eu bem que não queria, mas os meus amigos coagiram-me a sair com eles. Eu bem tentei resistir com todas as minhas forças mas de nada serviu. Que fique aqui bem claro que eu não queria mesmo sair, pois sou um rapaz muito caseiro aqui em Barcelona. Mas enfim o que uma pessoa faz pelos amigos, é que não os queria deixar sozinhos pelas ruas desta cidade. E claro que com as minhas orientações estariam bem mais seguros, agora que já sei bem onde fica a Obliqua... perdão a Diagonal.... Aliás isso notou-se bem numa das noites em que saímos todos de carro. Fomos direitinhos ao lugar pretendido, claro que direitinho é como quem diz, é que existem sempre montes de cruzamentos e sentidos proibidos que dificultam uma trajectória direitinha. O facto de haver um jogo do Barcelona não ajudou em nada, pois obrigou-nos a efectuar um desvio de trajectória para fugir ao transito. É claro que esse desvio custou para aí uns 30 minutos a mais do que eu estava à espera mas sempre tornou a viagem mais empolgante, é que de repente encontrávamo-nos numas ruas onde nunca tinha estado antes, é claro que tentei sempre dar um ar de quem têm tudo sob controlo e que sabia perfeitamente onde estava. Lá ar dei eu, não penso é que não tenha sido assim muito convincente, pois o Paulo às tantas já bufava no banco de traz do carro, bem, mas se calhar era de estarmos 4 dentro de um corsa e o calor apertava, sim devia ser disso. Mas o que interessa é que chegamos... quase uma hora depois do previsto mas chegamos. Um amigo do Paulo que estava à nossa espera no restaurante é que coitado, deve ter apanhado cá uma seca.

Destaco aqui também a grande animação da Rita numa das noites que saímos à noite, mal se afundou num dos sofás do bar, resolveu fazer uma profunda reflexão interior, ou seja resolveu passar pelas brasas, turista sofre.

Como não podia deixar de ser eu, o Rafa e a Sandra um dia lá fomos salsar um pouquinho. É verdade que já tínhamos dado uns passitos nalguns dos locais onde tínhamos estado e onde nem era muito
apropriado essa dança, mas uma saída 100% salseira tinha que ser feita ou não fosse eu célebre salseiro Luis Da Silva, cooof, cooof, pronto e eu que já não me engasgava à tanto tempo a escrever estas crónicas.
Então um dia lá fomos á procura de um locar para salsar, depois de ter saído é que verifique que me tinha esquecido a folha onde tinha apontado os nomes das ruas dos bares de salsa. Mas isto não impossibilita um salseiro de ir procurar os bares de salsa e até transformam essa procura num desafio. Tivemos foi um azar do diabo, então não é que 3 dos locais que conhecia estavam fechados. Puro boicote, é o que vos digo, estes espanhóis tentaram boicotar-nos, mas não desistimos, o quarto bar que conhecia estava aberto, e ainda bem porque não conhecia mais nenhum. Quando nos dirigíamos ao último local que conhecia de salsa aind
a ponderamos em salsar junto a um carrinho de cachorros quentes que em pleno Porto Velho que estava a p
assar musica latina nos altifalantes, mas felizmente não foi preciso voltar a carrinho de Hot-Dogs, o bar SALSA no Porto Olímpico estava aberto e assim poderíamos dar uma perninha de salsa. O bar era hiper pequeno, mal dava para lá estarem pessoas de pé sem fazer nada quanto mais para dançar, mas mesmo assim não hesitamos. La iniciamos a dançar deixando os restantes salseiros que estavam no local de boca aberta pois estes estavam para ali só a abanar o rabo.... Mostramos a verdadeira fibra de que são feitos os Salseiros Tugas e como é que se dança salsa em Portugal.
No outro dia no trabalho é que foi pior, pois as pálpebras pareciam que pesavam para ai umas 2 toneladas cada uma. Mas é o que eu vos digo, acima de tudo temos que ser bons anfitriões, e volto a repetir, só por isso e apenas por isso é que fiz o enorme sacrifício destas noitadas, eu nem gosto de sair à noite para dançar.

Crónicas Barcelonistas 26 - Pobres moças

18 de setembro de 2004

Estava num daqueles dias que não me estava nada a apetecer ficar fechado à noite no assim saí da Nestlé em direcção ao apartamento mas apenas para ir trocar de farpela. Poucos minutos depois já estava no autocarro 63 da TMB (que é a carris cá da zona) a caminho do centro de Barcelona, para mais uma incursão exploratória. Desta vez resolvi ir em busca de um dos cinemas com V.O., ou seja que não passa os filmes dobrados em castelhano mas sim na língua original do próprio filme. Munido de um papel com o nome da a rua do cinema, lá saí do Autocarro na Avenida Diagonal perto do ElcorteInglês. Segundo as informações recolhidas junto a uma das catalãs que trabalha comigo, era mais ou menos naquela zona que ficava o Cinema Renoir. Comecei a andar pelas ruas tentando seguir o melhor possível o caminho que me tinha sido indicado, mas o raio do cinema ficava numa daquelas ruas bastante escondidas e que estão sempre a fugir. Assim tive ainda que perguntar a uns Catalão-o-transiuntes onde ficava o raio do Cinema. Finalmente lá encontrei o dito Renoir e as suas 6 salsas. Pode-se dizer que este cinema é assim como que o cinema King aqui do Burgo. Mal cheguei comecei a observar que filmes estavam em cartaz, mas, ora bolas, as sessões eram todas por volta das 20:30 e já eram quase 21:00. Como as próximas sessões eram muito tarde, resolvi desistir de ir ao cinema nesse dia. E como a fomeca já apertava, que tal umas tapas para aconchegar o estômago? Umas ruas abaixo lá estava um restaurante com bom aspecto. Entrei, sentei-me numa mesa e quando apareceu o empregado caí na asneira de lhe pedir algumas sugestões, e já vão ver porquê é que eu digo “caí na asneira”. Comecei por um pratito de presunto pata negra e depois seguiu-se mais um duma especialidade daqui da zona, os polvitos, que são polvos guisados, mas polvos muito muito pequenos. No fim e para acabar foi um pratito de queijo, e já está. O pior foi depois a conta. Depois de receber a conta, dei uma vista de olhos para ver em quanto tinha ficado o estrago e....xiça. O prato de polvitos tinha custado 20€.... vocês não estão bem a ver a coisa. Aquilo eram aí um prato no máximo com 8 polvitos minúsculos, cada um cabia na toca de um dente, por isso, e fazendo as contas ficava aí a 2,5 euros cada polvito, sim 500 paus por cada polvo cujo comprimento não era maior que o de uma petinga.... Bem, se dividir o preço pelos tentáculos, sempre posso dizer que comi 64 tentáculos por volta de 0,3 cêntimos cada, até que não é caro, o que é que é 0,3€ nos tempos de hoje. Depois de fazer estas contas lá fiquei um pouco mais descansado, é que temos que arranjar assim uns estratagemas para nos ajudar a digerir a conta, sim que os polvos esses quando acabei de comer o queijo, de certeza absoluta que já estavam digeridos. Como já se fazia tarde e não me estava a apetecer ir de autocarro para casa, resolvi apanhar um taxi, um dia não são dias. Foi então que o inesperado aconteceu. Apanhei um taxi numa rua perto do restaurante e este no seu percurso passou junto ao Estádio do Barcelona. Então, quando o taxista “se quedava”, perdão, parava num semáforo, e para meu grande espanto, vejo umas singelas meninas ali mesmo no meio da rua àquela hora da noite junto ao Estádio. O que me chamou ainda mais a atenção foi roupa que traziam, ou melhor dizendo, a roupa que não traziam. Uma das raparigas estava quase nua, somente com um fio dental e umas botas de cabedal branco até aos joelhos. Provavelmente aquelas raparigas tinham sido roubadas, coitadinhas, e a uma delas pelos vistos inclusive até a roupa lhe tinham roubado. A pobre rapariga estava para ali no meio da rua a gesticular fazendo uns gestos chamativos para a sua incomoda situação, apontando para os seios desnudados provavelmente a dizer, “ajudem-me vejam o que me fizeram”, depois apontava para o fio-dental quem sabe a tentar demostrar “só me deixaram isto, vejam bem”. Ou será que as miúdas também tinham ido comer polvitos a algum restaurante e porventura não tinha tido dinheiro para pagar a conta, tendo que deixar a roupa no restaurante como forma de pagamento? Quem sabe. Com o meu espirito de bom samaritano ainda pensei ajudar a rapariga dando-lhe boleia, mas como não estou no meu país deixei isso para os conterrâneos da pobre moça. Ainda estava para pedir ao taxista para dar mais uma volta ao estádio para ver se entretanto alguma alma caridosa já a tinham ajudado, mas como já se fazia tarde e no outro dia era dia de trabalho, achei melhor não. Assim como assim, já tinha dado à pouco 30 cêntimos a um pedinte pelo que a minha boa acção da semana já estava feita.

Crónicas Barcelonistas 25 - TAP-Terror A Potes

14 de setembro de 2004


Porreiro, estava tudo a correr bem, era quinta feira e lá ia eu de novo a Portugal. O Avião da TAP estranhamente até ia partir a horas e tudo. Desta vez o Avião estava à pinha, parecia o 51 da Carris em hora de ponta, só faltava mesmo pessoal de pé agarrados aos locais mais improváveis, aos solavancos de um lado para o outro, a partilhar alegremente os odores “sovacais” uns dos outros. Os últimos passageiros a entrar tiveram que meter as malas de mão quase à cabeçada nos porta malas que ficam em cima dos bancos, pois estes já estavam a rebentar pelas costuras. Depois das últimas malas terem sido literalmente entaladas à força nos últimos centímetros disponíveis, lá conseguiram finalmente as hospedeiras fechar os compartimentos das malas. Eu entretanto observava calmamente sentado todas estas atribuladas movimentações e depois de ter visto a dificuldade com que alguns dos compartimentos tinham sido fechados, logo começou a crescer dentro de mim uma esperança de que um daqueles porta malas pudesse não aguentar tamanha pressão. E que eventualmente pudessem estourar de tal forma que as bagagens do seu interior saíssem projectadas pelo corredor do Avião a fora, espalhando assim alguns os pertences mais íntimos de alguns passageiros pelo chão fora. Digam lá , não era um espectáculo digno de ver. E se fosse a minha mala? Não se preocupem só coloco no porta malas o Portátil do trabalho, e o mais importante que lá está são as cónicas Barcelonistas, mas como faço regularmente uma segurança destes precioso documentos, não havia problema.
Caso eventualmente aquilo não cedesse poderia dar eu uma ajuda no aliiar da dor de pelo menos um daqueles compartimentos, é que sou mito sensível e não gosto de ver ninguém sofrer, nem mesmo um pobre porta malas de avião.
Enquanto estava eu nestes pensamentos profundos, o Avião iniciou a descolagem do Aeroporto de Barcelona rumo a Lisboa. O Nuno, que ia ao meu lado, tinha acabado entretanto de encher a sua agronómica e insuflável almofada de viagem que colocou à volta do pescoço. Aconchegou-se e resolveu passar pelas brasas. Minutos depois do Avião ter levantado voo e como o raio dos compartimentos das malas continuavam a resistir heroicamente à sobrecarga de bagagens, resolvi também eu tirar uma soneca até chegar a hora do lanche.
Estava já eu a roncar profundamente, fazendo de certeza concorrência ao barulho dos motores do A310 da TAP, quando levo uma bruta cotovelada do Nuno. Acordo e “está na hora das sandes” pensei. Já ia preparado para abrir a mesinha do meu lugar quando o Nuno me diz – “Houve”. Então lá estava o Piloto a dizer qualquer coisa parecida com isto: Srs. passageiros devido a uma avaria técnica somos forçados a regressar a Barcelona .Informamos que o Avião não fez correctamente a despresurisação e que não estamos a conseguir atingir a altitude necessária para entrarmos na velocidade de cruzeiro, pedimos muitas desculpas. ..bla...bla...bla”. Estava ainda meio estremunhado daquele súbito acordar causado pela “subtil” e “suave” cotovelada do Nuno, pelo que fiquei um bocado apardalado. Lá ouvi a mesma cantilena do piloto mas agora em Inglês e Espanhol. Olhei para o Nuno e ele para mim. A primeira coisa que me veio à ideia foi, “porra, hoje que o avião até tinha partido a horas e eu ia chegar a tempo às aulas de salsa é que esta lata velha resolve avariar-se”, claro que depois veio-me outra ideia à cabeça. “Porra e se esta porcaria resolve “aterrar” antes de Barcelona”.
Entretanto eu e o Nuno lá começamos a conversar sobre o assunto e, para desoprimir o ambiente, o Nuno lá disse: “Ora Bolas, não devia ter enchido a almofada de ar, foi o suficiente para a falta de pressão no Avião”. Nesta altura o Avião já tinha dado a volta iniciando o regresso a Barcelona. Claro que com as explicações do Piloto estava tudo mais ao menos calmo, mas e suponhamos que a avaria era muito pior do que o Piloto dizia. Se fosse de facto uma avaria grava será que ele contar a verdade aos microfones? Estou mesmo a imaginar: “Srs. Passageiros, eu sou o comandante deste Avião e queria-vos informar de que o único motor que ainda funcionava no nosso Avião acaba de se avariar, aproveito também para dizer que o trem de aterragem está encravado e que perdemos a asa esquerda do avião. No entanto não se preocupem que estamos e efectuar todos os esforços possíveis por aterrar em segurança. Aproveito entretanto mais uma vez para agradecer o facto de terem escolhido a nossa companhia aérea, obrigado”.
O facto de efectuarmos estes voos com regularidade pelo menos têm o condão de nos darem mais alguma experiência e sangue frio nestas situações. Mas diga-se de passagem que nunca pareceu que a situação estivesse fora de controlo, ou então os gajos disfarçaram bem. No entanto havia alguns passageiros que mostravam já alguma inquietude e nervosismo pelo que o Nuno e eu resolvemos meter alguma água na fervura. “Não te cheira a queimado Luis?” “Sim, Nuno, de facto cheira-me a qualquer coisa”... Claro que ficamos por ali pois poderíamos ter que responder em tribunal por tentativa de homicídio a algum dos passageiro que viajavam junto a nos. O Senhor que ia no banco da frente já estava nomeadamente com um crucifixo nas mãos, o Nuno verificou que se tratava de um padre.
– “Bem” - pensei eu -“Pelo menos se isto correr mal já tenho onde confessar os meus pecados”. Não é que eu os tenha, mas há sempre alguma coisita ou outra a dizer, e se o avião se aguentasse mais uma horita no ar e eu aplicasse o meu extraordinário poder de síntese até que dava tempo.
Mais uns 10 minutos e o avião lá aterrou em segurança e sem nenhum problema. Ouvimos então mais umas palavritas de reconforto do comandante. Depois de mais alguns minutos de espera lá veio uma equipa de técnicos do Aeroporto averiguar se era possível reparar rapidamente a avaria do aparelho, e o facto é que meia hora mais tarde lá nos deram a noticia que iríamos reabastecer o Avião e que iraríamos recomeçar o voo para Lisboa. Aquilo tinha sido do tipo falsa partida, esta não valeu..., agora é que é...., ou vamos lá a ver se agora é que é.... Quando levantamos voo ainda estávamos à espera de retornar de novo a Barcelona, mas felizmente a caranguejola lá se aguentou, e o raio dos porta malas também.
Claro que todos estes contratempos chegamos a Lisboa quase 2 horas atrasados. Uma coisa é certa, acho vou pedir uma indemnização à TAP por danos Salseiros.

Crónicas Barcelonistas 24 - Nuticias

3 de setembro de 2004

No outro dia li uma noticia aqui em Barcelona que me levantou bastante a moral e que passo a transcrever:

Barcelona reconhece o direito de andar nu nas ruas.
A prefeitura de Barcelona reconheceu o direito de qualquer cidadão andar nu pelas ruas se assim o desejar, uma "primícia internacional", segundo consideraram as duas associações nudistas que desenvolveram a ideia.
O prefeito de Barcelona, Joan Clos, se limitou a declarar que "a prefeitura não propõe que as pessoas andem nuas pela rua", ao responder laconicamente sobre o tema numa entrevista concedida hoje por outras questões. Segundo publicou nesta segunda-feira o jornal El Periodico, a prefeitura de Barcelona fomenta o respeito cidadão à liberdade de indumentária. A iniciativa foi promovida pelas associações de nudismo Addan e Aleteia, cujos presidentes Jacint Ribas e Just Roca aparecem fotografados nus lendo um folheto na avenida Diagonal. O folheto, que inclui o logo da Prefeitura, do Conselho da Mulher e dos Direitos Civis, traz na primeira página uma foto de duas mulheres nuas nas escadarias das fontes de Montjuic, sob o título "Expressar-se em nudez, o direito individual à indumentária livre".

Pois é amigos e amigas, isto aqui é que é uma sociedade avançada. Agora é que não vou ficar quieto em casa, toca a andar por aí a passear pelas ruas a observar bem os monumentos desta linda cidade. Existe uma questão que não foi levantada naquela noticia mas que gostaria de a colocar aqui. É que se de facto começarem a aparecer por aí pessoas nuas pela rua, infelizmente ainda não vi ninguém a exercer este direito de cidadania, poderão ter que vir a aumentar o numero de pessoal na área clinica de cardiologia dos serviços de urgência dos hospitais de Barcelona. Não só por causa de algumas senhoras que possam vir a ter problemas cardíacos ao lhes aparecer de repente um rapaz completamente nu pela frente, mas também, e ainda mais grave, se por exemplo algumas senhoras de uma certa idade resolvem começar também a passear pela cidade tal como vieram ao mundo.
Outra coisa, queria só deixar um alerta para as autoridades de Portugal, - Ponham os olhos nisto (esta é boa), e vejam se modernizam Portugal. Vejam os bons exemplos que “nostros Ermanos” estão a dar, não é só aprovar a compra de empresas portuguesas por Espanhóis, nem deixar que eles abram lojas e lojas em Portugal de forma a que o nosso comercio tradicional quase acabe, não é só importar presuntos e roupas espanholas, há que importar também alguns costumes e leis que são do maior interesse para a evolução da nossa queria comunidade tuga.
Pensem bem nas vantagens que traríamos se implementássemos este direito também em Portugal. Como seria espectacular por exemplo ver a nossa querida deputada Odete Santos completamente nua a subir a escadaria da nossa assembleia da republica. Como poderia ser vantajoso por exemplo ir à feira do relógio completamente nus, só com o passe social na mão, evitando assim os problemas dos roubos. Como subiriam as audiências, e não só, de programas culturais quando houvessem entrevistadas “interessantes” que resolvessem ser entrevistadas em pelota. Como seria radical andar nos transportes públicos na hora de ponta. E já imaginaram um conselho de ministros com estes completamente nus mas com a respectiva gravata colocada de forma a manter uma certa postura? Como vêm era só vantagens.
Por falar em radical, a Sic no seu canal Sic-Radical estava já muito há frente quando começou a transmitir aquele nuticiário com uma apresentadora (excelente diga-se de passagem) a despir-se enquanto dava as noticias. Não é que eu tenha visto, ouvi dizer. É assim, em Portugal as pessoas lá ideias têm, não são acompanhadas é pelos nossos governantes.
No entanto há uma coisa que me provoca uma profunda dor e agonia só de pensar nela, é nas portas dos elevadores... uuuuiiiiii

Crónicas Barcelonistas 23 – El Matrix

27 de agosto de 2004

Bem isto aqui no apartamento em Barcelona é uma diversão pegada. Nem queiram saber. Quando não saio para ir dar uma volita pela cidade e fico aqui no apartamento é sempre uma animação danada. Agora que já cortaram a RTP internacional vá-se lá saber porquê, tive que me voltar para os canais locais. A televisão aqui está sempre a dar bons programas, principalmente os canais Catalães, é que como não os percebo, sempre posso imaginar que estão a falar de coisas interessantes como dos problemas internacionais, do terrorismo, da fome do mundo, de cultura e deste género de coisas. Está bem que as apresentadoras destes programas de seios voluptuosos quase a saltar da parca roupa que trazem vestida não levariam a semelhante conclusão, mas como não percebo quase nada do que dizem não posso fazer semelhantes juízos de valor. Quem sabe aquelas meninas não são um poço de cultura e estão a fazer entrevistas com uma profundidade tão grande como a dos seus decotes. Os entrevistados que aparecem com grandes caras de parvos e de cabelo cheio de gel, poderão ser, quem sabe, grandes cientistas e pensadores daqui cá da zona. Se calhar colocam o nosso Professor Marcelo a um canto.
De vez em quando lá apanho uns filmes porreiros. No outro dia lá passou o Matrix, dobrado em castelhano claro está. Bem se fosse em catalão era pior. Então lá assisti quase incrédulo a uma conversa entre Leo e Morfeu onde este lhe explicava o que era a Matrix. Conforme o filme se foi desenrolando eu mal esperava pela conversa do Leo à Oráculo, como ficariam em castelhano por exemplo a frase “You can't see boyond a chance you can't understand”, e a tradução das frases de Morpheus como “Don't think you are. Know you are”. Mas infelizmente não consegui aí chegar a ouvir. Adormeci. Acordei com uma terrível dor de costas. Raios partam não me posso deixar adormecer em posições esquisitas no sofá. Uma coisa é certa se calhar até vou comprar uns Dvd’s em castelhano, aquilo para ajudar a adormecer é um espectáculo.

Crónicas Barcelonistas 22 - Luis Da Silva

22 de agosto de 2004

Lá fui a mais uma aula de salsa aqui em Barcelona. Mal cheguei à porta o professor para meu duplo espanto disse logo num perfeito Português “Ainda bem que regressou, desde que veio para a nossa escola que o número de alunas não parou de aumentar. Agora que esteve de férias elas não param de perguntar quando regressa o grande bailarino português Luis Da Silva”. Agradeci muito espantado e lá entrei na sala de aulas. As garotas, incluindo a professora lá estavam muito sorridentes, e meteram logo conversa comigo, os restantes rapazes da turma é que não gostaram nada da conversa, mas que culpa tenho eu dos Tugas serem mui mais charmosos que os Catalães. Também a falarem naquela língua de trapos não é de admirar. Lá começamos as aulas, entretanto fora da sala estavam umas dezenas de raparigas acotovelarem-se umas às outras e a olhar para dentro da sala a cochicharem uma com as outras, de vez enquanto apanhava uma palavra ou outra mas a palavra mais ouvida era a de “Luis Da Silva”. Isto é que é, finalmente o meu mérito reconhecido, é preciso uma pessoa ir dançar para um pais estrangeiro para vermos o nosso valor reconhecido. Bem a aula lá foi decorrendo com as chicas quase sempre engalfinhadas a tentar ultrapassarem-se umas às outras para irem dançar comigo. No fim ficamos na conversa um pouco e lá começou um ataque cerrado a pedirem-me o telemóvel, mas eu não dei não senhora, vão sofrer bastante até terem o meu contacto, mas pensam que os Português são fáceis ou quê. À saída estava uma limosine parada à beira da rua, mal me viram a porta abriu-se e um matulão que estava especado à porta da escola disse-me para o seguir até à limusine, embora um pouco desconfiado e até confuso lá o segui em direcção ao carro tendo dado uma espreitade-la para o seu interior mal a distancia assim o permitiu, lá dentro estava o meu grande amigo príncipe Filipe sentado que fez um enorme sorriso de alegria ao ver-me aproximar, “Luis Da Silva” que prazer em rever-te, então como vai isso?” – disse ele. Na mão tinha uma garrafa de Cava (Espumante Espanhol) pronta a abrir. Conforme fui entrando verifiquei que o meu amigo Filipe não estava sozinho, no banco em frente ao banco onde se encontrava sentado e de costas para o banco do condutor, que não se via devido ao vidro escuro que nos separava da parte da frente da limisone, estavam duas louras deslumbrantes, uma vestida de vermelho e outra de lantejoulas pretas ambas com vestidos bastante justos ao corpo e cada uma com o decote maior que a outra, as saias dos vestidos eram compridas mas umas com enormes rachas até.. até onde a vossa imaginação (dos homens claro) permitir. Entrei e sentei-me confortávelmente e estava a dar um caloroso aperto de mão ao príncipe quando nisto voo um galo que poisou mesmo em cima do “frapé” do champanhe, perdão, da cava. Um galo, mas de onde raio veio o galo. Depois de alguns momento de confusão e desorientação lá acordei... era o raio do despertador que tenho no telemóvel que estava a tocar com o som do galo. Já ando à que tempos para mudar aquele maldito som do despertador/telemóvel . Qualquer dia atiro o galo, perdão o despertador, perdão o telemóvel pela janela fora. Bem lá me levantei e fui tomar o duche matinal antes de ir trabalhar para a Nestlé. Afinal as aulas de salsa aqui até já acabaram. “Bolas” – pensei eu antes de entrar na banheira e já com a imagem das louras a esfumar-se – “maldito galo, bem podia ter aparecido mais tarde”.

Crónicas Barcelonistas 21 - Regresso de Férias

18 de agosto de 2004

Pois, lá se acabaram as férias. Depois de umas fériasitas lá recomeçaram as viagens de avião. Parece que anda tudo ao contrario, antes andava de avião quando ia de férias agora ando de avião quando não estou de férias. Na segunda feira lá me apresentei ao serviço revigorado e pronto para trabalhar. Entrei na sala e qual não é o meu espanto quando vejo a sala completamente vazia. Será que me enganei e era feriado nacional na Catalunha? Ou será que me queriam pregar alguma partida. Ainda estava a ver se aparecia alguém de traz dos armários a dizer “surpresa” mas em castelhano claro, mas não. Não estava mesmo ninguém na sala. A sala onde costumam estar mais de 20 pessoas a trabalhar estava completamente vazia. Estes Espanhóis não brincam em serviço, quando dizem que vão de férias vão mesmo. Lá montei o meu estaminé (ou seja o meu PC portátil) e lá me preparei para iniciar mais uma semanita. Verifiquei se tinha e-mails com “instruciones” de que deveria fazer, mas somente uns e-mailesitos com informação diversa, mas sem nada em concreto sobre que fazer. “Bonito serviço”, pensei eu, então e agora que é que vou fazer. Bem lá comecei a ler mais uns manuais de SAP, mas aquilo, ainda por cima ali sozinho, dava cá uma soneira, assim para não adormecer vali-me das novas tecnologias, ou seja de vez enquanto navegava um pouco na Net e ia enviava uns e-mails pró pessoal. Agora sim podia navegar à vontade sem ter nenhum mirone atrás de mim a ver o que estava eu a fazer e a ver as páginas de Net que frequento. Não quer isso dizer que as páginas da Net sejam impróprias, essas vejo eu em casa... quando digo impróprias digo impróprias para o trabalho claro, seu depravados. Mais tarde lá apareceu o chefe mor cá da zona para ver quem estava na sala. Foi a primeira vez que gostei de o ver, pois sempre interrompeu a monotonia onde estava mergulhado – “Olá Luis enton essas férias” lá começou ele a tentar falar Português para me agradar. Bla, bla, bla, e lá fizemos uma conversazita de circunstancia como apanágio nestas ocasiões, e lá se foi embora.
De vez enquanto lá ia beber um cafézito noutros pisos na esperança de ir encontrando alguns desgraçados que como eu tivessem vindo trabalhar antes do fim de Agosto, mas quase não se via vivalma, parecia um prédio fantasma, não havia quase ninguém. Pirei-me por volta das 5 da tarde que já estava farto daquilo. Na paragem de autocarro lá parou mais um carro a perguntar-me o caminho para a A2 cá da zona. Sim eu disse mais um, leram bem, é que não sei o que se passa mas o pessoal que anda por aqui perdido acho que resolveu todo fazer-me perguntas sobre direcções e indicações da cidade. É que é uma coisa impressionante, é rara a semana que não haja alguém a pedir-me alguma indicação. “Para ir para a calle (rua em espanhol) X.P.T.O por favor”, devo ter mesmo cara de quem é conhecedor da zona, mal sabem eles que tomara eu saber muitas vezes por onde ando eu quanto mais dar informações aos outros. Mas é claro que como qualquer homem que se preze, nunca digo que não sei, tento sempre ser prestável, principalmente se for uma chica, e dar um ar de quem percebe da coisa. Faço um ar pensador como quem está a pensar onde ficará a dita zona que perguntam, e lá dou a indicação de mais ou menos onde eu acho que ficará localizada a zona pretendida. É provável que a indicação seja completamente errada mas um homem nunca diz que não sabe onde fica um local, mesmo numa cidade estrangeira, e de facto a convicção com que algumas vezes dou as informações até deve dar um ar de “viemos ter com o gajo correcto, é este fulano que nos vai indicar o bom caminho”. Claro que as chicas vêm perguntar-me estas informações só para meter conversa, mas enfim eu já nem ligo. Resumindo já foram para aí 2 dezenas de pessoas a pedir-me informações e o entranho é que ainda nenhuma de perguntou onde era a Avenida Obliqua essa Avenida tão conhecida em Barcelona, porque será?

Mini Barcelona Tour

25 de julho de 2004

A Catedral:

Construção gótica levantada sobre a planta de um templo romano e uma mesquita, tem 28 capelas em torno da nave central. Destaca-se a capela românica de Santa Llúcia, o coro e a cripta, onde está enterrada Santa Eulália (1339), Patrona da Cidade.




Sagrada Família:
Obra emblemática de Barcelona, projectada por Villar em 1882, mas remodelada e criada por Antonio Gaudí.
Casa Milà (A Pedreira)

Crónicas Barcelonistas 20 – Piratas aéreos

24 de julho de 2004

O ambiente no avião estava bastante calmo, eu e o Nuno pedimos à hospedeira uma almofada para encostar a cabeça na esperança que ela metesse conversa, mas está quieto, era uma carrancuda do caraças, tive mesmo que pegar na almofada e preparar-me para passar pelas brasas até chegarem as sandochas da praxe na hora do lanche da TAP. Estávamos já aconchegados e preparados para mais uma viagem de Lisboa para Barcelona quando entramram ainda mais uns passageiros. Dois deles tinham um ar bastante suspeito e ameaçador e foram sentar-se mesmo na fila à nossa frente. Eu e o Nuno olhamos um para o outro com cara de desconfiados. “Hummm... acho que não deveríamos ter vindo neste voo” - disse o Nuno, - “algo me diz que isto não vai correr nada bem”. Bem mas o que é que haviamos de fazer, sair do avião quando este estava quase a arrancar, lá vontade não faltou. Lá nos tentamos descontrair, mas nunca mais fui capaz de tirar os olhos de tão sinistras figuras. Então lá levantou voo o avião, e as nossas piores suspeitas concretizaram-se, tinha-mos de facto 2 terroristas a bordo, tudo aconteceu num instante, nem deu para ter qualquer reacção, mal o avião levantou as rodas do chão o ataque terrorista começou. O primeiro sinal foi uma enorme berraria que se fez ouvir pelo avião todo. Dois putos de mais ou menos 3 anos que se tinham sentado mesmo á nossa frente começaram a berrar e gesticular freneticamente de uma tal forma que nem as respectivas progenitoras e nem mesmo as hospedeiras conseguiram acalmar os seus ânimos. Nem mesmo uns livritos para pintarem que uma das hospedeira ofereceu os acalmou, Alguns segundo depois já os livros se encontravam a voar pelo avião a fora. De quando em vez emitiam uma olhar ameaçador na minha direcção e eu tremia de cima a baixo. Lá desviava o olhar tentando fazer contas que o que se estava a passar no avião era a coisa mais normal deste mundo, tentando desta forma disfarçar os meus medos mais profundos. Enquanto isto os bancos do avião começavam a ser literalmente demolidos, como se estivesse a ser atacado por 2 Gremlins que tinham estado recentemente em contacto com água. A mães lá iam tentando consertar os estragos mas estava a ser bastante difícil pois os miúdos parece que tinham mais braços que as mães, pareciam uns autênticos polvos. Enquanto recolocavam as coisa no lugar, lá iam fazendo uns sorrisos meio de orgulho, por tamanha energia demostrada dos seus rebentos, meio de vergonha por não estarem a conseguir mante-los debaixo de controlo. Bem mas lá pinta tinham os putos, aquilo foi de facto a viagem mais animada que já tive. Finalmente ao fim de algum tempo lá se foram acalmando pois as energias também não duram sempre, mesmo as pilhas Duracel acabam por se esgotar. Que chatice.... Aquilo até estava a ser divertido e sempre se pode dizer que foi uma viagem bem diferente do habitual, sim eu que me estou sempre a queixar da monotonia destes voos, lá emoção, aventura e efeitos especiais não faltaram.

 
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