Crónicas Barcelonistas 23 – El Matrix

27 de agosto de 2004

Bem isto aqui no apartamento em Barcelona é uma diversão pegada. Nem queiram saber. Quando não saio para ir dar uma volita pela cidade e fico aqui no apartamento é sempre uma animação danada. Agora que já cortaram a RTP internacional vá-se lá saber porquê, tive que me voltar para os canais locais. A televisão aqui está sempre a dar bons programas, principalmente os canais Catalães, é que como não os percebo, sempre posso imaginar que estão a falar de coisas interessantes como dos problemas internacionais, do terrorismo, da fome do mundo, de cultura e deste género de coisas. Está bem que as apresentadoras destes programas de seios voluptuosos quase a saltar da parca roupa que trazem vestida não levariam a semelhante conclusão, mas como não percebo quase nada do que dizem não posso fazer semelhantes juízos de valor. Quem sabe aquelas meninas não são um poço de cultura e estão a fazer entrevistas com uma profundidade tão grande como a dos seus decotes. Os entrevistados que aparecem com grandes caras de parvos e de cabelo cheio de gel, poderão ser, quem sabe, grandes cientistas e pensadores daqui cá da zona. Se calhar colocam o nosso Professor Marcelo a um canto.
De vez em quando lá apanho uns filmes porreiros. No outro dia lá passou o Matrix, dobrado em castelhano claro está. Bem se fosse em catalão era pior. Então lá assisti quase incrédulo a uma conversa entre Leo e Morfeu onde este lhe explicava o que era a Matrix. Conforme o filme se foi desenrolando eu mal esperava pela conversa do Leo à Oráculo, como ficariam em castelhano por exemplo a frase “You can't see boyond a chance you can't understand”, e a tradução das frases de Morpheus como “Don't think you are. Know you are”. Mas infelizmente não consegui aí chegar a ouvir. Adormeci. Acordei com uma terrível dor de costas. Raios partam não me posso deixar adormecer em posições esquisitas no sofá. Uma coisa é certa se calhar até vou comprar uns Dvd’s em castelhano, aquilo para ajudar a adormecer é um espectáculo.

Crónicas Barcelonistas 22 - Luis Da Silva

22 de agosto de 2004

Lá fui a mais uma aula de salsa aqui em Barcelona. Mal cheguei à porta o professor para meu duplo espanto disse logo num perfeito Português “Ainda bem que regressou, desde que veio para a nossa escola que o número de alunas não parou de aumentar. Agora que esteve de férias elas não param de perguntar quando regressa o grande bailarino português Luis Da Silva”. Agradeci muito espantado e lá entrei na sala de aulas. As garotas, incluindo a professora lá estavam muito sorridentes, e meteram logo conversa comigo, os restantes rapazes da turma é que não gostaram nada da conversa, mas que culpa tenho eu dos Tugas serem mui mais charmosos que os Catalães. Também a falarem naquela língua de trapos não é de admirar. Lá começamos as aulas, entretanto fora da sala estavam umas dezenas de raparigas acotovelarem-se umas às outras e a olhar para dentro da sala a cochicharem uma com as outras, de vez enquanto apanhava uma palavra ou outra mas a palavra mais ouvida era a de “Luis Da Silva”. Isto é que é, finalmente o meu mérito reconhecido, é preciso uma pessoa ir dançar para um pais estrangeiro para vermos o nosso valor reconhecido. Bem a aula lá foi decorrendo com as chicas quase sempre engalfinhadas a tentar ultrapassarem-se umas às outras para irem dançar comigo. No fim ficamos na conversa um pouco e lá começou um ataque cerrado a pedirem-me o telemóvel, mas eu não dei não senhora, vão sofrer bastante até terem o meu contacto, mas pensam que os Português são fáceis ou quê. À saída estava uma limosine parada à beira da rua, mal me viram a porta abriu-se e um matulão que estava especado à porta da escola disse-me para o seguir até à limusine, embora um pouco desconfiado e até confuso lá o segui em direcção ao carro tendo dado uma espreitade-la para o seu interior mal a distancia assim o permitiu, lá dentro estava o meu grande amigo príncipe Filipe sentado que fez um enorme sorriso de alegria ao ver-me aproximar, “Luis Da Silva” que prazer em rever-te, então como vai isso?” – disse ele. Na mão tinha uma garrafa de Cava (Espumante Espanhol) pronta a abrir. Conforme fui entrando verifiquei que o meu amigo Filipe não estava sozinho, no banco em frente ao banco onde se encontrava sentado e de costas para o banco do condutor, que não se via devido ao vidro escuro que nos separava da parte da frente da limisone, estavam duas louras deslumbrantes, uma vestida de vermelho e outra de lantejoulas pretas ambas com vestidos bastante justos ao corpo e cada uma com o decote maior que a outra, as saias dos vestidos eram compridas mas umas com enormes rachas até.. até onde a vossa imaginação (dos homens claro) permitir. Entrei e sentei-me confortávelmente e estava a dar um caloroso aperto de mão ao príncipe quando nisto voo um galo que poisou mesmo em cima do “frapé” do champanhe, perdão, da cava. Um galo, mas de onde raio veio o galo. Depois de alguns momento de confusão e desorientação lá acordei... era o raio do despertador que tenho no telemóvel que estava a tocar com o som do galo. Já ando à que tempos para mudar aquele maldito som do despertador/telemóvel . Qualquer dia atiro o galo, perdão o despertador, perdão o telemóvel pela janela fora. Bem lá me levantei e fui tomar o duche matinal antes de ir trabalhar para a Nestlé. Afinal as aulas de salsa aqui até já acabaram. “Bolas” – pensei eu antes de entrar na banheira e já com a imagem das louras a esfumar-se – “maldito galo, bem podia ter aparecido mais tarde”.

Crónicas Barcelonistas 21 - Regresso de Férias

18 de agosto de 2004

Pois, lá se acabaram as férias. Depois de umas fériasitas lá recomeçaram as viagens de avião. Parece que anda tudo ao contrario, antes andava de avião quando ia de férias agora ando de avião quando não estou de férias. Na segunda feira lá me apresentei ao serviço revigorado e pronto para trabalhar. Entrei na sala e qual não é o meu espanto quando vejo a sala completamente vazia. Será que me enganei e era feriado nacional na Catalunha? Ou será que me queriam pregar alguma partida. Ainda estava a ver se aparecia alguém de traz dos armários a dizer “surpresa” mas em castelhano claro, mas não. Não estava mesmo ninguém na sala. A sala onde costumam estar mais de 20 pessoas a trabalhar estava completamente vazia. Estes Espanhóis não brincam em serviço, quando dizem que vão de férias vão mesmo. Lá montei o meu estaminé (ou seja o meu PC portátil) e lá me preparei para iniciar mais uma semanita. Verifiquei se tinha e-mails com “instruciones” de que deveria fazer, mas somente uns e-mailesitos com informação diversa, mas sem nada em concreto sobre que fazer. “Bonito serviço”, pensei eu, então e agora que é que vou fazer. Bem lá comecei a ler mais uns manuais de SAP, mas aquilo, ainda por cima ali sozinho, dava cá uma soneira, assim para não adormecer vali-me das novas tecnologias, ou seja de vez enquanto navegava um pouco na Net e ia enviava uns e-mails pró pessoal. Agora sim podia navegar à vontade sem ter nenhum mirone atrás de mim a ver o que estava eu a fazer e a ver as páginas de Net que frequento. Não quer isso dizer que as páginas da Net sejam impróprias, essas vejo eu em casa... quando digo impróprias digo impróprias para o trabalho claro, seu depravados. Mais tarde lá apareceu o chefe mor cá da zona para ver quem estava na sala. Foi a primeira vez que gostei de o ver, pois sempre interrompeu a monotonia onde estava mergulhado – “Olá Luis enton essas férias” lá começou ele a tentar falar Português para me agradar. Bla, bla, bla, e lá fizemos uma conversazita de circunstancia como apanágio nestas ocasiões, e lá se foi embora.
De vez enquanto lá ia beber um cafézito noutros pisos na esperança de ir encontrando alguns desgraçados que como eu tivessem vindo trabalhar antes do fim de Agosto, mas quase não se via vivalma, parecia um prédio fantasma, não havia quase ninguém. Pirei-me por volta das 5 da tarde que já estava farto daquilo. Na paragem de autocarro lá parou mais um carro a perguntar-me o caminho para a A2 cá da zona. Sim eu disse mais um, leram bem, é que não sei o que se passa mas o pessoal que anda por aqui perdido acho que resolveu todo fazer-me perguntas sobre direcções e indicações da cidade. É que é uma coisa impressionante, é rara a semana que não haja alguém a pedir-me alguma indicação. “Para ir para a calle (rua em espanhol) X.P.T.O por favor”, devo ter mesmo cara de quem é conhecedor da zona, mal sabem eles que tomara eu saber muitas vezes por onde ando eu quanto mais dar informações aos outros. Mas é claro que como qualquer homem que se preze, nunca digo que não sei, tento sempre ser prestável, principalmente se for uma chica, e dar um ar de quem percebe da coisa. Faço um ar pensador como quem está a pensar onde ficará a dita zona que perguntam, e lá dou a indicação de mais ou menos onde eu acho que ficará localizada a zona pretendida. É provável que a indicação seja completamente errada mas um homem nunca diz que não sabe onde fica um local, mesmo numa cidade estrangeira, e de facto a convicção com que algumas vezes dou as informações até deve dar um ar de “viemos ter com o gajo correcto, é este fulano que nos vai indicar o bom caminho”. Claro que as chicas vêm perguntar-me estas informações só para meter conversa, mas enfim eu já nem ligo. Resumindo já foram para aí 2 dezenas de pessoas a pedir-me informações e o entranho é que ainda nenhuma de perguntou onde era a Avenida Obliqua essa Avenida tão conhecida em Barcelona, porque será?

Mini Barcelona Tour

25 de julho de 2004

A Catedral:

Construção gótica levantada sobre a planta de um templo romano e uma mesquita, tem 28 capelas em torno da nave central. Destaca-se a capela românica de Santa Llúcia, o coro e a cripta, onde está enterrada Santa Eulália (1339), Patrona da Cidade.




Sagrada Família:
Obra emblemática de Barcelona, projectada por Villar em 1882, mas remodelada e criada por Antonio Gaudí.
Casa Milà (A Pedreira)

Crónicas Barcelonistas 20 – Piratas aéreos

24 de julho de 2004

O ambiente no avião estava bastante calmo, eu e o Nuno pedimos à hospedeira uma almofada para encostar a cabeça na esperança que ela metesse conversa, mas está quieto, era uma carrancuda do caraças, tive mesmo que pegar na almofada e preparar-me para passar pelas brasas até chegarem as sandochas da praxe na hora do lanche da TAP. Estávamos já aconchegados e preparados para mais uma viagem de Lisboa para Barcelona quando entramram ainda mais uns passageiros. Dois deles tinham um ar bastante suspeito e ameaçador e foram sentar-se mesmo na fila à nossa frente. Eu e o Nuno olhamos um para o outro com cara de desconfiados. “Hummm... acho que não deveríamos ter vindo neste voo” - disse o Nuno, - “algo me diz que isto não vai correr nada bem”. Bem mas o que é que haviamos de fazer, sair do avião quando este estava quase a arrancar, lá vontade não faltou. Lá nos tentamos descontrair, mas nunca mais fui capaz de tirar os olhos de tão sinistras figuras. Então lá levantou voo o avião, e as nossas piores suspeitas concretizaram-se, tinha-mos de facto 2 terroristas a bordo, tudo aconteceu num instante, nem deu para ter qualquer reacção, mal o avião levantou as rodas do chão o ataque terrorista começou. O primeiro sinal foi uma enorme berraria que se fez ouvir pelo avião todo. Dois putos de mais ou menos 3 anos que se tinham sentado mesmo á nossa frente começaram a berrar e gesticular freneticamente de uma tal forma que nem as respectivas progenitoras e nem mesmo as hospedeiras conseguiram acalmar os seus ânimos. Nem mesmo uns livritos para pintarem que uma das hospedeira ofereceu os acalmou, Alguns segundo depois já os livros se encontravam a voar pelo avião a fora. De quando em vez emitiam uma olhar ameaçador na minha direcção e eu tremia de cima a baixo. Lá desviava o olhar tentando fazer contas que o que se estava a passar no avião era a coisa mais normal deste mundo, tentando desta forma disfarçar os meus medos mais profundos. Enquanto isto os bancos do avião começavam a ser literalmente demolidos, como se estivesse a ser atacado por 2 Gremlins que tinham estado recentemente em contacto com água. A mães lá iam tentando consertar os estragos mas estava a ser bastante difícil pois os miúdos parece que tinham mais braços que as mães, pareciam uns autênticos polvos. Enquanto recolocavam as coisa no lugar, lá iam fazendo uns sorrisos meio de orgulho, por tamanha energia demostrada dos seus rebentos, meio de vergonha por não estarem a conseguir mante-los debaixo de controlo. Bem mas lá pinta tinham os putos, aquilo foi de facto a viagem mais animada que já tive. Finalmente ao fim de algum tempo lá se foram acalmando pois as energias também não duram sempre, mesmo as pilhas Duracel acabam por se esgotar. Que chatice.... Aquilo até estava a ser divertido e sempre se pode dizer que foi uma viagem bem diferente do habitual, sim eu que me estou sempre a queixar da monotonia destes voos, lá emoção, aventura e efeitos especiais não faltaram.

Crónicas Barcelonistas 19 - Homens Estatua.

20 de julho de 2004

Nas passeatas que tenho feito pelas Ramblas umas das coisas que mais tenho encontrado por aqui são homens e mulheres estatuas. Não, não estou a falar de alantejanos que imigraram para Espanha e que estão a trabalhar por estas bandas, são simplesmente uns malucos que se colocam aqui pelas ruas, principalmente nas Ramblas, normalmente com o corpo completamente pintado a fazer de estátuas. Assim lá vão ganhando uns cobres sem fazer nada, simplesmente estando para ali especados. Há-os para todos gosto, a fazerem de Chekvara, de Fidel Castro, de Egípcio, de Morte, de Anjo, e de algumas figuras que por muito que puxemos pela carola não somos capazes de descobrir. Aquilo é preciso pachorra, estar ali umas porrada de horas parados só se mexendo quando se colocam umas moeditas na caixa que têm colocada à sua frente. Sim a maior parte destes homens estátua quando os turistas colocam a algum “pilim” nas caixas lá fazem uma habilidadezita. Alguns acenam, outros mexem-se freneticamente tentando assustar os transeuntes, outros fazem uma vénia, ou seja cada um puxa pela imaginação para tentar sacar umas massas.
No outro dia estava uma fulana a fazer de Egípcia, parada como... como... como uma estátua, claro. Mas raios partam não havia nenhum turista a querer largar o cacau para a eu ver o que é que esta mulher estátua faria para agradecer as moedas. Assim, e como estava com curiosidade em ver a fulana mexer-se, lá tive que ser eu a largar o guito. O problema é que só tinha 3 moedas no bolso, e todas elas pretas. Duas de 5 cêntimos e uma de 2 cêntimos. Bem mas mesmo assim arrisquei. Levei a mão fechada, com as moedas que tinha, até à caixa onde se colocavam as gratificações e atirei com a força e a convicção de quem está a atirar para a caixa umas 3 moedas de Euro ou mesmo mais. Então a fulana lá agradeceu, coitada mal sabia ela que só lá tinha posto 12 cêntimos, e lá fez una meia dúzia de gestos sensuais. “O quê só isto” - pensei eu. Mas pensando melhor o que eu estava à espera por 12 cêntimos, que ela se despisse? Bem, se eu tivesse a certeza que ela se despia por exemplo com 5 Euros até tinha largado uma notita pois a rapariga até que era geitosa.....
É verdade, lembrei-me agora, como tenho aí em Portugal umas moedas velhinhas de Escudo que já não valem nada, estou a pensar traze-las para aqui para gastar neste homens estátuas. Assim sempre terão alguma utilidade para mim e estes artistas sempre poderão guarda-las como recordação, não acham uma boa ideia?
Já comecei também a pensar meter-me eu neste negócio, sim, mas não pensem que era eu que ia fazer de estátua, isso é que era bom, para isso já basta o tempo que estou, aqui na Nestlé Espanha, especado em frente ao computador a fingir que percebo alguma coisa daquilo. Além disso como diz a minha mãe eu tenho bichos carpinteiros no corpo, mas de 15 minutos no parado no mesmo local davam comigo em doido, principalmente agora com o calor, só se fosse parado a roncar numa praia, ou então a fazer de estátua numa esplanada com uma cervejola na mão e com movimentos
elevatórios do braço e mão de quando em vez. Neste último caso o problema era que o dinheiro que ganhasse dos turistas não chegava para as cervejas. Bem mas voltando à minha ideia do negócio. Era assim: Na madrugada colocava um manequim de plástico, daqueles das montras das lojas, a fazer de homem estátua. Todo pintado e maquilhado a imitar uma figura qualquer mundialmente famosa, por exemplo a Lili Caneças. Não essa não que era difícil arranjar um manequim assim tão feio. Mas poderia ser do Durão Barroso por exemplo, agora que ele é um peixe... perdão uma figura Europeia. Colocava o manequim/estátua numa das ruas mais movimentadas e turísticas de Barcelona e depois ia buscar o dinheiro e o manequim/estátua à noite. Mesmo que não tivesse muitas moedas tb não havia problema, o trabalho também não era muito. Mas perguntam vocês seus descrentes “Mas e os turistas não desconfiariam de ver um homem estátua tanto tempo parado sem se mexer”. Mas vejam bem: 1º - O realismo seria grande porque o Durão Barroso na vida real também não faz nada, como é habito em qualquer político Português. 2º - O facto de estar tão quietinho até poderia impressionar, estou mesmo já a ver os putos a dizerem. “Ena.. mãe aquele ali não se mexe nem um milímetro, aquilo é que é um verdadeiro profissional”. De qualquer maneira se o pessoal começasse a desconfiar que estava muito parado, poderia sempre colocar um gato vivo dentro do manequim, quando o calor começasse a apertar iam ver se o manequim não se mexia, neste caso o único problema era o miar do gato, mas assim em vez do nosso Durão Barroso podia disfarçar o manequim com uma farpela daquelas do espectáculo da Brodhay, do CATS. O manequim teria é que ficar bem preso ao chão para aguentar os abanões do gato.
Bem agora não me estraguem o negocio e não comecem a divulgar esta cena, senão ainda vou ter problemas com a sociedade protectora de animais espanhola antes de poder fazer alguns cobres.

Dialogos - Tugas in Spain

18 de julho de 2004

Exercicio:
Vamos lá a ver se aprenderam bem as palavras que vos ensinei no dicionário Tuga <> Castelhano
Um casal de recém namorados Tugas está de férias em Espanha e resolve ir a um Restaurante, ao sentarem-se à mesa o namorado repara que por acaso ainda não tinham colocado os talheres na mesa e resolve fazer um brilharete frente à namorada:

Tuga (ele) - Los "talheres" por favori.
Empregado - No, aquí es un restaurante no es un taller, para reparar su coche es mejor ir a la tienda que queda mismo aquí al lado que es un taller.
Tuga (ele) - Eu sei que aqui és un restaurante, mas não tiem niem um tallere? Mas que riaio de restaurante é este? - nisto vira-se para a namorada e diz-lhe baixinho - Será que nos mandou simplesmente esperar um coche enquanto lavam os talheres ou coisa assim?
Tuga (ela) - Se calhar – diz ela também baixinho.
Tuga (ele) - O.k., nós espieramos um coche pelos talheres.
Empregado - Como? Están esperando un rato enquanto lo vuestro coche queda pronto en la taller allí del lado?
Tuga (ela) - Aiiii um rato ... onde – grita a namorada colocando-se de pé em cima da cadeira e tombando para o chão o fraco de molho de tomate que estava em cima da mesa.
Empregado - Pronto ahora umbaron a salsa.
Tuga (ele) - Não a minhia namoradia não estia a dançiar salsa, esta com miedo do rato.
Empregado - Sim pero puede esperar um rato sentada, no era preciso partir la botelha de salsa.
Tuga (ele) - O que é que o meu avô, o Sr. Botelho é para aqui chamiado, ele niem dançava salsa, e além disso era muito homem não esteja para ai a chama-lo de Botelha.
Empregado – Pronto, no hay infortunio voy a buscar otra botelha de salsa. – disse o Empregado de forma a tentar acalmar os ânimos.
Tuga (ele) – E ele a dar-lhe hem, o que é que o meu avô tem a vier com a salsa?
Tuga (ela) – Desculpem ter-me assustado, agora fico embaraçada. – Diz entretanto a rapariga depois de ter descido finalmente da cadeira para o chão e após ter verificado que não existia nenhum rato por perto..
Empregado – Está embarazada señoraita? Mis felicidades, e al señor también. Voy a buscar una copa de Cava para conmemorar. Esperen un ratito. – e afastou-se para ir buscar a cava.
Tuga (ele) – Estes Espanhois são doidos – disse o rapaz após o empregado se ter afastado. – Vamos dar mas é dar o cava daqui para fora.

Dicionário <> Tuga - Castelhano (3)

17 de julho de 2004







Castelhano: Taller
Tuga: Oficina mecânica
Confundir uns simples talheres com uma oficina só mesmo nossos ermanos.

Castelhano: Rato
Tuga: Período curto de tempo. “Espere un rato” significa, espere um momento.
- Ainda bem que aprendi esta se não algum dia ainda pensava que o pessoal tinha alguma tara por ratos, sempre à espera deles.
.
Castelhano: Coche
Tuga: Carro
- Aqui pelos visto não evoluíram continuam a andar de coche.

Castelhano: Cava
Tuga: Espumante local
- Cava é um espumante local que segundo os modestos catalãos é melhor que Champanhe. Portanto, se vos oferecerem uma Cava não vos estão a convidar para cavar batatas. E até que não é mauzito aquilo da Cava, geladinha marcha que é uma maravilha.

Castelhano: Embarazar
Tuga: Engravidar.
Por exemplo se a Carmen estiver grávida diz-se. “Carmen está embarazada”. Neste caso fica a Carmen embarazada e o namorado que pensava que ela andava a tomar a pílula.

Crónicas Barcelonistas 18 - Reuniões e Salsa

15 de julho de 2004

Raios partam, isto. Agora já nem me dão tempo para navegar na net. O raio dos espanhóis lá começaram a ver que estava na hora de eu começar a bulir e agora não me largam a berguilha. Estão sempre a pedir-me coisas. Mas eu vim aqui para descansar ou para trabalhar.. É verdade vim para trabalhar, que chatice. As reuniões é que são muito chatas, no outro dia numa reunião quase que caia de sono duma cadeira abaixo. De tanto falarem e discutirem um determinado assunto lá arrastaram a reunião de uma forma interminável. Era só pontos e contrapontos e recontrapontos, irra... primeiro que se decidissem sobre um assunto, e eu a ver as horas a passarem. Uma reunião que era para ser de uma meia horazita, tinham eles dito, já ia em 2 horas e tal. Dava vontade de dar um murro na mesa e dizer “Decidam-se que quero ir para a minha aula de Salsa.
Sim é verdade comecei umas aulitas de salsa também aqui na capital da Catalunha. Vocês devem pensar que com tantas aulas, eu já estou um “expert” em Salsa, mas não pensem nisso, tenho é que arranjar com que me entreter por aqui. É que se não arranjo algo que ir fazendo estamos todos lixados. Sim, eu e vocês.
- Eu porque meto-me aqui na loja da Fnac, e é claro que cada vez que lá tem a carteira um ataque de esvaziamento agudo, e infelizmente as facturas da Fnac não dão para apresentar como despesa nem na Nestlé nem no IRS.
- Vocês porque se não me vou entretendo com outras coisa ainda recebem mais crónicas, e vocês também não assim tão maus como isso, já chega uma cróniquita de vez enquanto. Estou mesmo a ver os leitores deste periódico de periodicidade oscilante a dizer uns para os outros – “Mas aquele gajo não arranja nada que fazer, é que já estou farto das crónicas, e o problemas é que temos que dizer que as lemos para o gajo não chatear”. - Sim senhora que ricos amigos que fui arranjar.
Mas voltando às aulas de Salsa aqui de Barcelona. Depois de consultar uma série de escolas, lá optei por uma escola cuja professora me pareceu a mais jeitosa.. Não, não é isso, suas mentes depravadas, pareceu-me que dançava bem, ou seja era jeitosa a dançar. Levam tudo para o mal, um verdadeiro profissional da dança não se deixa influenciar por essas coisas.
Assim lá comecei “las” aulitas. Um curso intensivo de verão. Como era um curso de verão ainda pensei que as fulanas fossem para as aulas de bikini, mas infelizmente não é assim, ora bolas. Primeiro fui fazer um testes para ver as minhas aptidões e verificar qual o nível para o qual deveria entrar. A professora não resistiu ao meu encanto e colocaram-me num nível um pouco mais avançado para os meus parcos conhecimentos da coisa. E a coisa está a ser bastante difícil, nem queiram saber. É cada passo mais complicado que qualquer dia ainda saio disparado pela janela da sala de aulas a tentar fazer algum dos passos. Sim, e o pior é que as aulas são num 1º andar. “Que pena não ser um 9º andar” estão para aí vocês já a pensar. É o que eu digo, ricos amigos.
Cada vez que saio das aulas parece que levei uma tareia. Quando eu me meti nisto da dança era para conhecer outras pessoas (gajas) e não para andar aqui a suar que nem um cão, enfim, o que uma pessoa faz em prol da arte.
No outro dia por causa de mais uma reunião lá perdi eu uma aula, quando cheguei já a aula estava quase a acabar, assim mandaram-me ir no dia seguinte a uma aula de uma outra turma. No dia seguinte, Infelizmente houve uma falta de raparigas que foi uma coisa doida, acho que tinham ido todas no dia anterior ao saber que eu estava lá, mas coitadas devem ter ficado desoladas pelo facto de eu ter faltado.
Como havia falta de elementos femininos na aula o professor teve que fazer os passos de mulher. Ou seja tive que dançar com o professor, eu e os outros rapazes da turma. Nunca pensei que viesse a chegar tão baixo. O que vale é que estas contingências, contratempos e adversidades são todas atenuadas pelo prazer que me dá olhar para o cartão de utente da escola, leiam bem e chorem de inveja, resolveram colocar no cartão o seguinte nome: Luis Da Silva. Digam lá que não tem estilo, ou seja lá estilo tenho eu falta-me é jeito, mas enfim não se pode ter tudo nesta vida.

Dicionário <> Tuga - Castelhano (2)

13 de julho de 2004








Castelhano: Borrar
Tuga: Apagar
- Imaginem uma moça espanhola que cuide de crianças portuguesas na seguinte situação: Um dos miúdos resolve começar a escrever numas das paredes com uma caneta de filtro. Nisto a moça vira-se para o puto e diz - Ninhõ, qiuero essa pariede toda “borrada” imediatamente...

Castelhano: Experto
Tuga: É a pessoa especialista num determinado assunto.
- Esta é engraçada, pois aplicasse muito aí em Portugal, há para ai cada “experto”.... Bem deixem estar que aqui deve ser o mesmo. É que aqui para além de serem “expertos” são espanhóis que ainda é pior...

Castelhano: Vaso
Tuga: Copo
- Este pessoal aquí bebe bem hem. Não se contentam com uma cervejita num copo têm que ser num vazo...

Crónicas Barcelonistas 17 – Splashhh finalmente

8 de julho de 2004

No outro dia lá iniciei eu as minhas idas à piscina aqui em Barcelona. Quando cheguei no primeiro dia as meninas da recepção reconheceram-me da semana anterior, altura em que me fui inscrever. Olharam para mim e disseram em catalão qualquer coisa entre elas quando entrei à porta, o que é que terão dito:
- Olha é aquele borracho Português que esteve aqui na semana passada a inscrever-se.
Ou
- Olha é o Português que têm a mania que fala espanhol.
Depois de pedir “instruciones” às chicas catalãs da recepção sobre os pormenores da utilização da Piscina, lá entrei. Claro que as fulanas disseram que me acompanhavam aos balneários para me explicar tudo bem, mas eu achei melhor não. Coooff coofff, é pá esta maldita tosse continua , tenho de deixar de fumar.
Entrei por um corredor que ficava em frente á recepção e do lado esquerdo lá estavam os balneários, entrei, despi-me e preparei-me para ir em fato de banho colocar no cacifo os meus preciosos valores. Mas de repente reparei numa coisa, os cacifos ficavam no corredor fora dos balneários, mesmo em frente à recepção. Então agora vou em cuecas, perdão em calção de banho para o corredor com toda gente da recepção a ver? Mas este pessoal aqui é “voyeur“ ou quê? Bem o melhor era esperar que algum utente catalão fosse até ao cacifo para eu verificar como é que ele se desenrascava. Mas claro nestas ocasiões nunca as coisas correm como nos queremos, assim tive que esperar ai uns 10 minutos até que alguém fosse aos cacifos. Até parecia que o pessoal que estava no balneário comigo estava à espera de ver como é que eu me ia desenrascava. Estou mesmo a ver os gajos a falarem em catalão para eu não perceber.
- Olha un Tuga maçarico aqui na piscina, vamos lá a ver como é que este se desenrasca com os cacifos, hehehehe.
Para fazer tempo lá fui lendo todos os placares de informação e intrusões de utilização da piscina que estavam afixados nas paredes, tendo inclusive aqueles que só havia em catalão. Bem, ler é uma força de expressão, foi mais olhar para os placares pois aquilo em catalão é um pouco complicado. Então finalmente lá foi um aos cacifos, devem ter pensado “bem este Tuga é ainda mais teimoso que nós”. Atou a toalha à volta da cintura e pronto, já está. Bem, lá fiz o mesmo. Mas assim seria tecnicamente impossível deixar a toalha no cacifo como estava a pensar. Enfim, lá tirei a toalha da mochila e lá fui colocar as coisas no cacifo tentando não olhar para a recepção onde de certeza absoluta estava uma “riesmas” de chicas à espera de me verem aparecer.
Coloquei os 2 Euros necessários para fechar o cacifo e pronto, ai vai ele, preparado para meter água....
Já na piscina e no meio das braçadas fui analisando as instalações à minha volta. Ao lado da piscina principal existia uma piscina mais pequena onde existiam uns jactos de água e uns jacuzis. Durante o período em que estive
a nadar verifiquei que alguns utentes permaneceram sempre no jacuzi, nem uma braçada foram dar. Ora ai está uma boa forma de fazer natação e exercício, para a próxima acho que vou experimentar aquele estilo, é que deve cansar menos que nadar os estilos Crawl, Costas ou Bruços.

Crónicas Barcelonistas 16 – Ai meu querido Santo António

4 de julho de 2004

Tudo começou no Sábado de Santo António. Eu e um grupo de amigos da salsa lá nos encontramos para ver o primeiro Portugal Grécia. Aquilo começou mal, pois perdemos o jogo, e embora a nossa claque tenha estado muito ruidosa e entusiasmada, esse entusiasmo não passou para os jogadores da selecção Portuguesa. Se calhar por estarmos a uns 300 quilómetros do Estádio do Dragon onde decorreu o jogo. Estávamos na EXPO, no bar Havana, onde tínhamos ocupado 2 mesas em frete a uma televisão. Bem não era bem uma televisão, era uma écran gigante composto por 12 televisões normais, género puzzle de peças rectangulares já montadas. Esse facto tornava o visionamento do jogo algo estranho, de vez enquanto perdiamos o contacto com parte das jogadas. Quando os jogadores teimosamente resolviam atravessar o campo passando assim de uma televisão para outra, perdíamos momentaneamente a visão completa da jogada, muitas vezes não sabíamos se eram os jogadores que estavam a jogar mal ou se era culpa daquela maldita televisão.
Mas devia ser da televisão (aos quadradinhos), pois Portugal não joga assim tão mal. Aliás isso veio a comprovar-se em quase todos os jogos seguintes.
Acabado o Jogo e desanimados lá fomos para a noite de santo António, para afogar as mágoas da derrota Tuga. Primeiro fomos para um restaurante jantar uma sardinhada à maneira e buer uma bela duma sangria. Após a paparoca, e depois de termos quase sido corridos à vassourada do restaurante devido ao bom comportamento, lá fomos 11 manfios e manfias pela noite dos santos populares de Lisboa a dentro.
Mas desta noite de Santo António queria falar essencialmente duma ideia que foi surgindo durante a nossa peregrinação pelas ruelas do Castelo. Surgiu a espectacular ideia de abrir uma bancada do pessoal da salsa para as festas de Stº António do ano que vem. Ideias para vender cervejolas, pitéus e manjericos foram muitas, não sei se devido à imaginação fértil da malta se devido à inspiração divina do álcool hic...
Mas perguntarão vocês, que raio têm a salsa a ver com o Santo António. Perguntam bem, mas se lá tivessem estado, percebiam. É que durante a esta longa caminhada fomos ouvindo pelos becos e ruelas musicas como Samba, musica popular brasileira, musica latina, Rock, Havy Metal, musica Pimba, musica de tunas académicas, enfim quase tudo menos musica dos santos populares.
Assim, e com a ideia de abrir uma bancada de Santo António no ano que vêm ainda a germinar nas nossas cabeças, lá fomos continuando pelas ruas aproveitando para fazer um levantamento exaustivo das diferentes técnicas de marketing existentes nas bancada deste ano de forma a analisar onde poderíamos ser superiores à concorrência na nossa bancada no ano que vem. E o conceito da bancada de Salsa/Santo António lá se foi formando. Passo a fazer aqui um resumo das principais ideias que surgiram ao longo da noite para a barraca dos Salseiros:
A grande atracção da nossa bancada vai ser sem sombra de duvida a salsa. Vamos colocar demonstrações de Salsa durante toda a noite, irá estar sempre um par a dançar salsa e a ensinar uns passitos aos transeuntes. O pessoal que vier a passar pela bancada sempre irá parar para nos observar e sempre pode ser que compre umas cervejolas. Também inovador foi a ideia de 2 novas modalidades de salsa devidamente testadas durante essa noite. Não pensem que poderão roubar a patente pois já as registamos em nome da irmandade da Salsa, que para quem não sabe é o grupo de malucos que anda comigo nestas ensalsadas. Trata-se pois então da SalsoFado® e da PimboSalsa®. Um mimo, conforme já disse, foram já devidamente testadas e comprovadas em plena festas de Santo António deste ano. Trata-se de Salsa dançada ao som de faduchos e de musicas pimba, vão ser um megasucesso, vão ver.
Para sacar mais algum dinheiro vamos colocar algumas das nossas bailarinas a dançar com os transeuntes. Quem quiser dançar uma salsinha é só largar uns 10 Euros e têm direito a dançar com uma das raparigas da bancada, para dançar com os homens são também 10 Euros, claro, nós não fazemos discriminações sexuais, mas também é claro que se as candidatas à dança forem jeitosas até somos nós que pagamos os 10 Euros......Tudo em prole da divulgação salseira, o que os “homes” estão dispostos a fazer em prole da dança. No caso das raparigas existe mais uma clausula, que é, os 10 Euros é para aqueles que estiverem sóbrios, se tiverem bêbados e com mais de 0,5 graus de alcolémia serão mais 5 Euros adicionais por cada 0,1 graus a mais. É que somos muito respeitadores das leis rodoviárias.
Foram também já pensadas algumas técnicas espectaculares de venda de manjericos, assim:
- Cheiradelas de manjerico com a mão a 50 cêntimos - para as meninas encalhadas que queiram arranjar rapaz casadoiro. É só ir cheirar um dos nossos manjericos salseiros por apenas 1 Euro e garantimos que irá encontrar o rapaz (o home) da sua vida. É claro que tudo feito como deve ser , sim, quem cheirar terá direito a um certificado de garantia. Claro que em letras minúsculas e que ninguém conseguirá ler estará uma clausula que nos dará também a nós alguma segurança para o caso do milagre não funcionar a 100%. A clausula será “O efeito milagroso desta cheiradela poderá eventualmente só vir a ter efeito numa das suas próximas 10 reencarnações”.
O Slogan para vender estas cheiradelas de manjerico vai ser:
As velas do António
Já deram o que tinham a dar
Cheire aqui o nosso manjerico
E vai ver que vai desencalhar
Para além das cheiradelas iremos também ter à venda o produto genuíno, os próprios manjericos. Mas não serão uns manjericos quaisqueres, disso estão os santos populares cheios. Mas sim manjericos para todas as classes sociais, iremos ter:
- Manjericos para Ricos - 50 Euros
- Manjericos para Pobres - 2 Euros
- Manjericos para Ricos mas vendidos na candonga (às escondidas das autoridades fiscalizadoras) - 25 Euros
Os manjericos serão todos rigorosamente iguais, mas quando alguém quiser comprar um manjerico de 2 Euros, fazemos assim uma cara de como quem está a olhar para um pelintra que ele corre logo a comprar um manjerico para ricos, e se virmos que de facto que o comprador não têm posses para manjericos de gente rica, chamamo-lo à parte de traz da barraquita e mostramos-lhe os manjericos para ricos da candonga a metade do preço e já está. Vão ser um sucesso do caraças.
Para vendermos mais cervejas que a concorrência também já estudamos o assunto. Iremos vender as cervejas a 95 cêntimos para arrasar a concorrência que vende no mínimo a 1 Euro, claro que naquela noite vamos estar com uma falta de trocos incrível.
Bem, venha lá o ano que vem que isto é que vai ser facturar.

Crónicas Barcelonistas 15 - La Sinhoria de los anilhos

2 de julho de 2004

No aeroporto lá apanhamos mais uma ave rara, daquelas que parece saída de algum livro de banda desenhada futurista ou de um filme do Almodovar. Uma senhora já entradota que para além de uma maquilhagem no mínimo estranha tinha também um peculiar gosto por anéis. Bem gostar de anéis não é nada de estranho, existe muita mulher por ai que gosta de usar anéis, umas até os colocam em todos os dedos, a questão não era a quantidade de anéis que por acaso até eram bastantes, ai uns 3 em cada mão, o mais estranho era a forma e a dimensão dos ditos cujos. É que a dimensão dos anéis era algo que tenho dificuldade em descrever, por exemplo um deles parecia metade de um pires de uma chávena de café. Não, não estou a exagerar. Os restantes anéis que tinha também eram enormes mas comparados com aquele até pareciam pequenos. Nem sei como ela pôde entrar no avião sem pagar excesso de peso de bagagem. Eu e o Nuno começamos logo a imaginar o perigo que representava por exemplo uma bofetada dada por uma das suas mãos. Quem se metesse com a senhora poderia ter um triste fim, pois se levasse um tabefe teria que efectuar diversas cirurgias plásticas para conseguir reconstruir a sua fisionomia facial. O “Fantasma”, aquela figura de banda desenhada que quando dava um murro num vilão o deixava com uma marca de uma caveira nos queixos, é uma amador perante esta senhora. Aquilo era um verdadeiro arsenal de armas brancas dissimuladas de inofensivos anéis. Ainda estava com medo que a fulana fosse alguma terrorista que com a ameaça dos anéis iria sequestrar o avião, ameaçando de morte algum pobre refém, é que com um simples movimento, zás, podia cortar a veia jacular de uma pobre hospedeira ou passageiro que se opusesse ao sequestro do avião. Outro perigo era o movimento brusco das suas mão, em qualquer altura poderia sair disparado um dos anéis que, tais como as laminas assassinas de um Ninja, atravessariam o espaço velozmente procurando uma qualquer pobre e inofensiva vitima que tivesse o azar atravessar na trajectória de tão mortal objecto.
Já em Barcelona, enquanto esperávamos as malas, não tiramos os olhos das mãos da senhora para nos podermos desviar caso tal facto acontecesse.
Outra coisa que não tive oportunidade de observar foi como é que a senhora conseguia tirar alguma coisa da mala sem a esfarrapar completamente.Bem lá conseguimos sair inteiros do Aeroporto após mais esta perigosa aventura. Se soubesse que as viagens para Barcelona iam ter tantos perigos teria pedido à Nestlé um subsidio de risco.

Crónicas Barcelonistas 14 – Japonesises

28 de junho de 2004

No outro dia fui Jantar ao um restaurante Japonês. Primeiro e acompanhado do Nuno fui gastar alguns cobres à Fnac, uma loja que há em Barcelona muito gira e muito diferente das que por aí há. É que em Portugal confunde-se esta loja com uma firma falida de aparelhos de ar condicionado, aqui não, acho que é a única diferença. Depois de gastar mais do que estava à espera, o costume, resolvi dar mais uma volta pela cidade, O Nuno resolveu voltar para o “Apartement” e então lá fui eu de mochila às costas per ai a fora. Agora já não me perco com tanta dificuldade, é que já consigo dizer quase sempre Diagonal em vez de Obliqua, e já consigo pensar nos autocarros daqui sem fazer comparações com os daí, género, “o 36... ora bem o 36 vai para Odivelas”.
Depois de andar uns quarteirões a foméca apertou, e que tal ir a um restaurante Japonês, já estava farto de tapas... não das tapas das espanholas, sim que as espanholas a mim nunca me dão tapas. Bem mas isso é assunto que não quero aprofundar, fica para outra crónica, talvez a crónica numero 9999. Lá entrei eu num Japonês, restaurante entenda-se.
- Buffet ou a lá calt sehnol - lá disse o criado num espanhol macarrónico. “ A lá Calt senhol - que raio será isso?” Questionei eu? Depois percebi que queria dizer “á lá Cart Senhor”. Bem aqui pelos vistos os orientais também comem os rrrs, também pudera a comer comida oriental todos os dias... sempre se têm de alimentar de mais alguma coisa.
Fui para o buffet. Aquilo é que era curtido, género Suchi Bar, estão a ver, um balcão no meio do pessoal onde iam rodando numa passadeira rolante pequenos pratos com porções de comida Nipónica. Lá me sentei e comecei a petiscar aqueles pitéus que o pessoal de olhos em bico confecciona: pernas de rã fritas, suchis diversos, tempuras, etc.
As tigelas e travessas lá iam passando e nós iamo-las retirando em pleno andamento da passadeira, tentando não partir nenhuma. Quando me sentei estava na mesa da minha frente, do outro lado do balcão/passadeira um casal jovem mas bem constituído, ou seja anafadito que já se estava a servir antes de eu me sentar. Eu acabei quase a rebentar pelas costuras, pois o preço era fixo independentemente da quantidade que comecemos, e eles ainda lá ficaram como se tivessem sentado à pouco. Saí de lá já não sei se cheio pelo que comi se pelo que vi este casal espanhol morfar. Podera... sempre a comer tapas, de vez enquanto também se têm de alimentar.

Crónicas Barcelonistas 13 –Aeroportos e Compª

22 de junho de 2004

Pois é as aventuras no aeroporto são sempre uma constante.
O Chek-in é sempre um “must” em qualquer aeroporto, aquela espera para despachar as malas é sempre uma experiência inovadora e refrescante.
- B.I. ou passaporte por favor. - É só esta bagagem que leva? - Porta 17, obrigado e boa viagem – é sempre a mesma uma conversa, as raparigas bem podiam diversificar e dizer qualquer coisita mais interessante e simpático, por exemplo - “Vai para Barcelona? Que interessante, um dia destes quando passar por lá vou beber um copo consigo, olhe aqui tem o meu telefone, etc, etc.
Bem isto de andar de avião anda-me a fazer voar muito a imaginação, vamos lá a aterrar.
Enquanto se está à espera do “chek-in” vou observando os restantes passageiros que connosco vão partilhar o avião, tentando adivinhar o que os levará ao mesmo destino que nós. E o que levarão dentro das malas? Drogas, contrabando, alguma obra de arte roubada? Bem pelo menos assim torna a espera menos monótona do que imaginar que, levam simplesmente camisas, cuecas, peúgas, escova de dentes, comprimidos para o reumático e fixador para a dentadura.
Observando as pessoas que estão na fila vejo por vezes alguns casais a olhar para o respectivo parceiro ou parceira provavelmente a pensar “Se te pudesse despachar a ti numa mala para a Cochinchina é que era bom”.
No outro dia no aeroporto de Barcelona apanhamos um senhor já maduro, um autentico “expert” na arte de efectuar rápida e eficazmente um Chek-in. As perguntas foram as mesmas, e neste caso ainda bem, mas a grande diferença foi a eficiência demostrada pelo dito senhor. Reparámos como ele efectuava de uma forma delicada e suave a introdução de dados no computador. Era cada martelada que até tive pena do pobre teclado. – Sabe é que instalaram um novo software e eu ainda não estou habituado. – disse ele atrapalhadamente em castelhano. Claro o problema é sempre da informática. Teve que chamar ai umas 3 vezes o supervisor para o ajudar a introduzir os dados. Estava a ver que o avião partia e nós ainda ali, à espera que ele destruísse o computador.
A passagem pelo aparelho de detecção de metais é também sempre muito estimulante.
Lá estamos nós todos novamente na fila à espera da nossa vez de passar e vendo as figuras ridículas que os infelizes que estão a nossa frente vão fazendo ao tentar livrarem-se de todos e quaisquer objectos metálicos que transportem.
Primeiro lá colocam as malas de mão e os casaco no tapete rolante. Logo a seguir efectuam a primeira tentativa de passar o portal magico que lhes dará acesso às portas de embarque dos aviões. Esta primeira tentativa é geralmente sempre mal sucedida, pois ao passarem lá se ouve o alarme indicando que transportam ainda algum metal. Então lá se vão livrando aos poucos desses objectos ainda esquecidos nos bolsos e no corpo: Maços de tabaco, telemóveis, cintos e finalmente quando não resta mais nada, os sapatos. Infelizmente nunca ninguém tirou mais nada de interessante que vala a pena relatar. A minha imaginação neste caso também nunca para de funcionar, seria bastante interessante ver a reacção dos policias nalgumas situações mais invulgares como por exemplo:
- Alguém a passar pela máquina, por exemplo com metas dentro do corpo, balas, próteses.
- Alguma menina com um sutiã que tivesse um fecho de metal.
- Alguém com um pircing de metal nalgum local mais obscuro e recôndito do corpo (fica à vossa imaginação).
- Uma senhora com um cinto de castidade colocado pelo marido desconfiado?
Embora nunca venha a ter coragem para tal, uma das coisas que sempre imaginei e que iria de certeza absoluta animar aquele local do aeroporto era: Depois de passar o detector dizer em voz alta – Tenho aqui uma bomba....(pausa) ... para a asma... Deveria ser engraçado não acham? Bem se alguma vez ganhar coragem ... já sabem, podem levar-me “SG Ligth” à prisão.

Crónicas Barcelonistas 12 –Tirem-me deste taxi

19 de junho de 2004

As viagens de taxi são sempre uma aventura. Apanham-se sempre uns taxistas muito interessantes a conduzir, uns autênticos Pachecos Pereiras do volante, uns verdadeiros e mal aproveitados “Opinion makers” das estradas.
O jornal Expresso anda a pagar balurdios a colunistas, quando poderia apenas colocar apenas uns estagiários quaisqueres a ouvir estas “pieces de resistence” que os taxistas nos vão dando o prazer de partilhar, quer queiramos quer não.
Tenho tido um azar do caraças, aos Domingos à ida para Barcelona, tenho apanhado quase sempre o mesmo taxista, já é para aí a quarta vez. Acho que tenho de mandar vir um taxi de outra companhia de radio taxis. Para a próxima acho que vou ligar os Radio Taxis de Fernão Ferro ou de Celorico da Beira, deve ficar mais caro, mas porra, nem que eu pague a diferença, pode ser que assim não volte apanhar aquele tipo.
À hora combinada com a menina da companhia de radio taxis, lá estaciona ele o Taxi à porta da minha casa e quando me vê a sair diz alegremente - Boas tardes senhor, já o levei na semana passada não foi? – Sim - digo eu, com um sorriso alegre e bem disfarçado, de forma a que não transpareça nem o meu desalento nem o meu repentino desejo de ir a pé até à Portela de Sacavém.
Então lá começa outra vez com as suas elaboradíssimas opiniões e teorias sobre tudo o que se lembra: O estado do País que anda numa miséria como nunca, dos Portugueses que são uns calões que andam por ai e que não fazem nenhum, das fugas dos ricos aos impostos, etc, etc, etc.
- Eu não tenho partido nenhum. – diz ele.
- “E eu não tenho culpa nenhuma” – Penso eu.
- Anda o senhor a trabalhar lá fora como eu fiz quando era novo, e esta malta aqui não faz nenhum – continua ele depois ter descoberto que eu estava a trabalhar fora de Portugal.
- É verdade, é verdade – lá vou eu dizendo ao mesmo tempo que penso - “tirem-me deste filme”, ou neste caso “tirem-me deste taxi”.
- Pois é como lhe digo, eu não tenho partido nenhum, para mim é o mesmo, quer antigamente o Salazar quer agora o PS ou o PSD. É a mesma coisa, ninguém me dá nada, se não for eu a trabalhar. Bem o Portas parece que quer aumentar as pensões. Mas isto dão de um lado tiram de outro... bla, bla, bla.
Lá continuou ele falando e falando. O pior é que em cada viagem tenho ouvido repetidamente sempre as mesmas teorias e opiniões, lá acrescenta mais uma ou outra coisita que se esqueceu de mencionar na viagem anterior, mas basicamente é sempre o mesmo. Já conheço os problemas que ele teve com um antigo empregado, um calão qualquer (segundo ele), sobre o sócio que fez não sei bem o quê, sobre o Estado o andar sempre a gamar os contribuintes, sobre os taxistas não ganharem nem para o carro. Xiça, se volto a apanhar este fugareiro de novo acho que me atiro pela janela do taxi a fora. SOCORRO.

Dicionário Tuga <> Castelhano (1)

18 de junho de 2004








Tuga: Berro Castelhano: Agrião
Descrição: Será que “Berrar alto” quer dizer agrião criado no cimo do monte?


Tuga: Boa Castelhano: Jibóia
Descrição: Cuidado Chicas, se algum espanhol vos disser "es una boa" não estará propriamente a elogiar-vos.


Tuga: Calçada (Calzada) Castelhano: Parte pavimentada da rua por onde transitam os automóveis.

Descrição: Não confundir com a calçada portuguesa por onde transitam os piões, por isso se aqui em Espanha vos mandarem passear para a calzada é porque vos querem ver longe e de preferência... atropelados...

Crónicas Barcelonistas 11 - Carnaval catalão

14 de junho de 2004

Como já disse na crónica número 10 no Sábado decorreu por aqui, no Passeio da Gracia (a Av. Da Liberdade aqui da zona), um desfile de carnaval. Isto de fazer um desfile de carnaval em pleno mês de Maio não passa pela cabeça de ninguém, mas quando ouvi falar nisto fiquei logo de orelhas no ar. Desfile de carnaval, samba, brasileiras a sambar, estão a ver, é sempre um programa cultural a ter em conta, é que gosto muito de ver dançar e os brasileiros e principalmente as brasileiras é que têm muito ritmo, só por isso, o que é que já estavam para ai a magicar?
O desfile foi uma grande desilusão ora vejam: A abrir o desfile vinha uma fila de brasucas (não se pode dizer bicha?), vestidos de amarelo e transportando um espécie de dragão chinês mas sem cabeça, seguidos duma dúzias de brasileiros a dançar, a terminar este “enorme” cortejo lá vinha timidamente o único carro alegórico com uns brasileiros e brasileiras em cima que nos olhavam com a maior cara de parvos que pode existir. Mas, mas, mas e onde é que estavam as brasileiras quase nuas a sambar? Onde estava o clima brasileiro que nós sabemos existir nestes desfiles? Ainda por cima no local onde estávamos nem vimos nem ouvimos o Carlinhos Brown a principal e penso que única atracção do desfile, pois este ainda não tinha começado a cantar, enfim uma desilusão total. Para além da dimensão reduzida do cortejo houve ainda mais três coisas espantosas. A primeira foi a enorme confusão de quase 400 mil espanhóis aos encontrões a assistir ao desfile que nos obrigou a andar de uma lado para o outro aos encontrões. Ainda vimos uma senhora numa cadeira de rodas ser quase atropelada pela multidão, “não me tiram daqui” dizia ela em Castelhano, o Hugo ainda ia indo parar ao colo da senhora. A segunda foi a excelente organização, é que conforme o cortejo ia passando pela avenida os elementos da segurança iam empurrando literalmente todo o pessoal para fora da estrada, o que fez com que ficássemos todos como se estivéssemos no metro do Rossio em plena hora de ponta. Agora tentem imaginar o pessoal a tentar sambar nestas condições, era cada pisadela que até fervia. A terceira desilusão foi a musica, então não é que pelo meio das músicas de samba que foram tocando iam passando musica brasileira que não tem nada a ver com carnaval como por exemplo os Tribalistas. Bem mas Tribalistas ainda gosto, mesmo que não tenha nada a ver com carnaval, mas pior que isso foi passarem também musica latina em espanhol e até, imaginem, o hino Catalão. Estou mesmo a ver lá no Brasil no desfile de escolas de samba do próximo ano a escola de samba Os Unidos da Tijuca a dançar samba ao som vibrante do hino Catalão. Estes espanhóis são doidos....

Crónicas Barcelonistas 10 – Estratégias tugas

9 de junho de 2004

Cá passei o meu primeiro fim-de-semana em Barcelona. Dois amigos meus da Nestlé vieram visitar-me e assim aproveitei para efectuar o meu primeiro reconhecimento a sério da cidade. Assim na Sexta à noite lá fui buscar o Paulo e a Rosa ao aeroporto e depois de todos juntos lá fizemos os planos estratégias de ataque à cidade para o dia seguinte, Sábado. Claro que antes de planear a estratégia de ataque tivemos uma série de horas na palheta a falar de tudo menos desse assunto, pelo que como já estão a calcular, o plano ficou muito bem elaborado.
- Bem vamos lá combinar as coisas para amanhã. - Disse um de nós por volta das 2 da matina.
- OK, e se víssemos amanhã.
- Está bem. - Disseram os outros 2 em uníssono.
Não foi bem assim mas quase, uma autêntica estratégia tuga. E lá nos fomos deitar.
No dia seguinte ás 10 da madrugada, frescos que nem uma alface com uma semana de frigorifico, lá estávamos nós prontos para invadir os locais mais promissores de Barcelona.
Nessa manhã juntou-se às a nós mais uma tuga que entretanto anda por estas paragens e que teve a coragem de se juntar a nós, a Misé. Mas quem é que conseguiria resistir a um plano de passeio assim tão bem elaborado, nem uma agência de viagens proporia plano melhor. E seguindo o plano à risca, ou seja ao sabor do vento, lá fomos nós os três destemidamente cidade a dentro.
Não vos vou maçar muito com os pormenores dos locais onde estivemos durante o dia, se quiserem saber mais sobre esse assunto venham fazer-me uma visita e vejam por vocês mesmo.
Vou só relatar alguns pormenores que acho interessantes.
Por exemplo nunca pensei que um meio de transporte tão simples e inofensivo como o funicular pudesse criar tanto celeuma entre nós durante este passeio, mas é melhor não adiantar muito mais sobre as nossas dissertações sobre tal meio de transporte e o seu peculiar nome, pois poderão existir menores a ler estas crónicas.
Também nos despertou a atenção uma tabuleta em catalão que vimos no interior de um eléctrico e que dizia mais ou menos isto: “Es prohibit ascopir”. Começamos a olhar uns para os outros a pensar se quereria de facto dizer o que estávamos a pensar. Colocamos logo a nossa imaginação a funcionar iniciando uma série de relatos de cenas imaginárias que se teriam passado ou quem sabe se passariam naquele eléctrico para ter sido necessário colocar semelhante aviso sinalético no seu interior. Confirmamos na segunda-feira seguinte junto dos Catalães da Nestlé que a tabuleta queria de facto dizer o que tínhamos imaginado. Perguntarão vocês se de facto quererá dizer aquilo que vocês também estão a pensar, bem, perguntem a um catalão, que eu sou simples tuga.
Por volta das 18 horas, depois de um dia a andar a pé, de autocarro, eléctrico e funicular visitando alguns dos locais mais pitorescos da zona, lá fomos direitos ao Passeio da Gracia, onde iria decorrer (segundo diziam por aqui) um enorme desfile de carnaval. Tínhamos combinado encontrarmo-nos com mais uns tugas que andam por estas bandas à mais tempo, mas que preferiram durante o dia ir descansar para a praia, o Hugo e a Susana. Sobre este extraordinário desfile de carnaval leiam depois a crónica seguinte.
Para afogar as mágoas do desfile de carnaval lá fomos jantar e buer para esquecer. No jantar ainda se juntaram mais uns tugas, o João da Nestlé e mais dois outros tugas que já nem me lembro do nome. O grupo tinha-se assim engrossado ao longo do dia e preparava-se para ficar ainda mais grosso depois de uma “Canhas” (imperiais em espanhol).
Depois de bem comidos e bebidos lá fomos para a “nigth” dançar e pular até ás 4 e tal da matina.
Sem acontecimentos de maior, e com uma enorme fraqueza nas pernas, vá-se lá saber porquê, lá nos fomos deitamos perto das 6 da manhã.
- Amanhã o primeiro a acordar acorda os outros - disse um de nós – vamos ver se não acordamos muito tarde que é para ainda aproveitar bem o Domingo...
Às 2 e tal da tarde lá arrancamos finalmente para dar mais um giro pela cidade.... Lá fomos nós mais uma vez e ainda meio abananados continuar o reconhecimento do território inimigo... perdão amigo... Se dão estas crónicas a ler a algum espanhol estou frito (não.. não faço a mínima ideia como se diz “frito” em espanhol) . Foi nessa noite que tive uma notícia fantástica, o Benfica tinha ganho a taça de Portugal… Viva o SLB.
O Paulo estava ao telefone com a esposa em Portugal e ela deu-nos a notícia da vitória do Benfica bem como do barulho infernal que ia em Lisboa devido às comemorações. De acordo com os relatos da esposa do Paulo, a sua filha mais novita estava a tentar integrar-se no espirito das celebrações que decorriam pelas ruas de Lisboa, e como não sabia nem sequer cantar o hino do Benfica (o que devia ser considerado um crime), resolveu cantar o que sabia: o “Aleluia, Aleluia” … Mal sabia ela que era o que muitos de nós benfiquistas estava a cantar interiormente.

Crónicas Barcelonistas 9 – Aviões e Taxis

5 de junho de 2004

Pois é, cá estou eu a chatear-vos de novo. Isto da minhas idas e vindas de e para Barcelona, tem servido para tirar autentico curso, ou melhor ainda, um mestrado em viagens de avião e de taxi. As viagens de avião têm decorrido com normalidade e sem grandes sobressaltos, tirando um dia em perdi o avião, já começo a apanhar a rotina destas viagens. Aliás tirando algum stress causado pela correria que é o retorno para Lisboa às Quintas, as viagens de avião têm sido calmas e até bastante monótonas. O que poderia ainda causar alguma expectativa seriam as refeições a bordo dos aviões, mas até isso tem sido uma monótona desilusão. É que a comida servida a bordo da TAP tem sido sempre de uma pobreza Franciscana. Nos últimos voos, e penso eu que para redução de custos, a TAP resolveu servir à refeição uma sandocha desenxabida metida numa caixita de plástico reciclável e que contêm também uma outra caixita cujo conteúdo são 2 ou 3 folhitas de agrião. No entanto sempre é melhor do que a comida servida nos primeiros voos que fiz. Nesses voos o aspecto da embalagem era de facto melhor e o conteúdo mais variado, pois sempre tinha uma manteiguita e um docito a acompanhar o prato principal. Bem, não sei se poderia chamar aquilo de prato principal, mas enfim. Quando em grande expectativa abríamos a embalagem, para nossa grande desilusão lá encontrávamos umas míseras fatias de mortadela e fiambre acompanhadas de uma mixórdia composta de ervilhas e batatas cosidas aos cubos, isto tudo bem misturado numa maionese quase intragável. Não sei se a maionese era a ssim tão má para tentar disfarçar a falta de sabor dos restantes ingredientes. Se era, conseguia, pois disfarçava de tal maneira que aquilo não sabia mesmo a nada. Se comesse aquela mistela toda ficava com as entranhas às voltas, até parecia que tinha estado a comer pedaços de plasticina verdes e brancos misturados com massa de vidraceiro. Bem, se calhar massa de vidraceiro sabe melhor. Nem o sorriso quase de compreensão e pena das hospedeiras tugas ajudavam a engolir aquela coisa toda. Às vezes dava mesmo vontade de pedir, “menina, não se arranja um bitoque?”
Já me pus também a pensar, será que começaram a servir sanduíches por redução de custos ou será que uns tantos passageiros foram parar ao hospital com brutos desarranjos intestinais? Ou então com prisão de ventre, é que a massa de vidraceiro quando seca........
Sobre o stress das Quintas-feiras, estão vocês a pensar, mas stress porquê? Por causa da saudade de voltar a pisar terra Lusa, saudades da cidade onde a Amália viveu cantou e morreu, saudade desta cidade onde existe um clube com um glorioso passado mas com um triste presente (*), saudades desta cidade maravilhosa de onde partiram os nossos antepassados navegantes à descoberta de outras terras. Eu sei que ficava bem eu dizer isso, mas a verdade é que tenho aulas de salsa (dança) às 21:00 aí em Lisboa e estou sempre em pulgas para voltar a dar uns passos de dança e também com saudades de estar com uns malucos, que como eu, não vão faltado a essas aulas. Claro que as saudades dos outros amigos também é grande. É por isso estou constantemente a tentar convence-los a meterem -se também nestas anDanças. Tem sido algo difícil mas aos poucos hei-de conseguir.
Então é assim, quintas à noite lá chego eu ao Aeroporto cercas das 20:45 (isto se o avião não se atrasar) e depois lá vou eu a correr apanhar um taxi para Santos, onde fica a Escola de Salsa.
Uma quinta feira destas, a viagem de taxi foi bastante interessante. Estava bastante atrasado para a aula, devido ao um atraso do avião, pelo que pedi ao taxista para ir um pouco mais depressa. Claro que não tive coragem de dizer que ia atrasado para uma aula de dança, por isso disse que estava atrasado para uma reunião, esperando eu que o taxista não tocasse mais no assunto. Mas ao descrever ao taxista o destino pretendido, lá ficou ele a saber que era uma Escola de Dança – Sim conheço perfeitamente - disse ele. O homem deve ter ficado impressionadissimo, “isto é que é um home de negócios hem, sempre a abrir”, deve ter pensado depois de me ter perguntado - De onde vêm?
- Barcelona... – disse eu com medo do que poderia vir a seguir.
- Àhhh. Então o senhor é dono de Escolas de Dança? – perguntou.
“Pronto, estou tramado” - pensei eu , - “que vou eu dizer agora para não me enterrar ainda mais”. Então, meio a medo lá me saiu – Não, não, vou a esta Escola de Dança porque está lá uma pessoa com a qual preciso de falar ainda hoje. – e fiquei de dedos cruzados esperando pela seguinte pergunta inquisitória. Mas o taxista ou estava em fim de serviço ou então com falta de inspiração porque, e para meu grande alivio, não voltou a falar do assunto. Bem, se calhar calou-se a pensar “Pois, pois uma reunião com um fulano duma Escola de Dança a esta hora da noite, deve ser mesmo verdade, vai mas é buscar alguma bailarina”.

(*) Nota- Esta crónica foi escrita antes do glorioso Benfica ganhar a taça de Portugal deste ano (2004). Agora é que é... ninguém nos vai parar... cooofff... cooofff.. maldita tosse.

 
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